quinta-feira, 11 de julho de 2013

Série “A alegria no Ministério”: Apesar das circunstâncias e batalhas, desde que o evangelho de Cristo progrida.



(Fl 1:12–14)

Introdução

Os versos 12-26 do capitulo um, formam uma perícope, um texto com sentido completo, e revelam quatro elementos da alegria de Paulo no ministério. Ele era alegre, apesar dos problemas, desde que a causa de Cristo progredisse (vv. 12-14); apesar dos detratores, contanto que o nome de Cristo fosse proclamado (vv. 15-18), a despeito da morte, enquanto o Senhor fosse glorificado (vv. 19-21), e apesar de estar na carne, enquanto a igreja fosse beneficiada (vv. 22-26).
A. OS PROBLEMAS NÃO IMPORTAM QUANDO A MENSAGEM DE CRISTO ESTÁ PROGREDINDO (1:12–14)
I. AS CADEIAS DE PAULO
1 – Esclarecendo as coisas - “Quero que saibam”

a) Um mal entendido. A expressão é a tradução de uma expressão comum em grego, que é frequentemente encontrada em cartas antigas. Expressões similares, tais como "eu quero que você entenda isso" ou "Eu quero que você saiba isso" hoje, são usadas para chamar a atenção para um ponto importante, especialmente um que pode ser facilmente perdido, mal interpretado, ou difícil de aceitar. Por outro lado, Paulo muitas vezes declarou que não queria que seus leitores fossem desinformados (cf. Rm 1:13; 11:25, 1 Co 10:1; 12:01, 2 Co 1:8; 1 Ts 4: 13). Agora que havia cerca de quatro anos desde que os filipenses tinham realmente ouvido qualquer palavra sobre ele - as duas prisões de dois anos tinham-no isolado deles - de alguma forma as notícias tinham chegado até Filipos que ele estava em Roma prisioneiro. E porque o amavam profundamente e havia um vínculo tão singular entre Paulo e a igreja de Filipos, de que falámos no início da série, eles são muito compassivos e compreensivos para com ele e eles querem saber qual era a sua condição. Por isso, enviam Epafrodito, para que o mesmo entregue a Paulo um presente e fique fazendo companhia ao velho apóstolo em Roma. A grande questão era o que aconteceria com Paulo e o evangelho agora, com sua prisão em Roma? 
b) Um esclarecimento afetuoso. No presente versículo ele queria que seus amados irmãos entendessem que ele queria dizer exatamente o que ele disse. Apesar de suas circunstancias, Paulo não estava amargo ou desanimado, mas tinha grande motivo para se alegrar. 
2 – Expondo os Fatos - “Aquilo que me aconteceu” 
Como Paulo interpretava os acontecimentos desastrosos que lhe haviam sucedido?
a) Paulo não se concentra no seu sofrimento com autopiedade.
Paulo estava preso, algemado, impedido de viajar, de visitar as igrejas e de abrir novos campos, mas ao escrever para a igreja de Filipos não enfatiza seus sofrimentos, mas o progresso do evangelho. A Palavra é mais importante que o obreiro. O vaso é de barro, mas o conteúdo que tem no vaso é precioso. O que importa não é o bem-estar do obreiro, mas o avanço do evangelho.
b) Paulo via o seu passado a partir da perspectiva da soberania de Deus. 
Literalmente "as coisas pertencentes ou relacionadas a mim." Ela é traduzida como "as minhas circunstâncias" em Efésios 6:21. Em Colossenses 4:7 é traduzido como "meus negócios." As circunstancias de Paulo, explica ele, eram terríveis a partir de uma perspectiva humana, mas da divina, contribuíam para o maior progresso do evangelho. Ele não ignora ou faz pouco caso da sua prisão (cf. 1:7, 14, 17; Cl 4:3,18; Fm 9, 13). Em vez de dificultar e restringir o seu ministério, as circunstancias difíceis de Paulo tinham feito exatamente o contrário (cf. 2 Cor. 12:9-10). E o que tinha sucedido com ele?
Hernandes Dias Lopes, no seu comentário da carta a Filipenses, faz um inventário dos sofrimentos de Paulo: 
Em primeiro lugar, ele foi perseguido em Damasco (At 9.23-25). Depois de convertido na capital de Síria, Paulo anunciou Jesus naquela cidade (At 9.20,21). Dali foi para a região da Arábia, onde ficou cerca de três anos, fazendo uma reciclagem em sua teologia (Gl 1.15-17). Voltou a Damasco (Gl 1.17) e agora, não apenas prega, mas demonstra meticulosamente que Jesus é o Cristo (At 9.22). Então, em vez de ser acolhido, é perseguido. Precisa fugir da cidade para salvar sua vida (At 9.23-25). Aquela perseguição deve ter sido um duro golpe para Paulo.
Em segundo lugar, ele foi rejeitado em Jerusalém (At 9.26-28). Quando chegou em Jerusalém, na igreja-mãe, os apóstolos não confiaram nele. Paulo, então, sentiu a dor de ser rejeitado. A aceitação é uma necessidade básica da vida humana. Ninguém pode viver saudavelmente sem amor. Não somos uma ilha. Foi então que apareceu Barnabé, o filho da consolação para abraçá-lo, valorizá-lo e integrá-lo na vida da igreja (At 9.27).
Em terceiro lugar, ele foi dispensado do campo pelo próprio Deus (At 22.17-21). No apogeu da sua empolgação, no auge do seu trabalho, Deus mesmo aparece para ele em sonhos e o dispensa da obra. Deus o manda arrumar as malas e sair de Jerusalém. Paulo não entende e discute com Deus. Para ele, Deus estava cometendo um erro estratégico, tirando-o de cena. Deus, porém, não muda; é Paulo quem precisa mudar e mudar-se. E diz o texto sagrado, em Atos 9.31, que quando Paulo arrumou as malas e foi embora, a igreja passou a ter paz e a crescer. Esse foi um doloroso golpe no orgulho desse homem.
Em quarto lugar, ele foi esquecido em Tarso (At 9.30). Paulo ficou cerca de dez anos em sua cidade sem nenhuma projeção, fora dos holofotes, atrás das cortinas, em completo anonimato. Deus o esvazia de todas as suas pretensões. Golpeia seu orgulho e põe o machado na raiz de seus projetos mais acalentados. 
Em quinto lugar, ele foi colocado na sombra de outro líder (At 13.2). Convocado por Barnabé para estar em Antioquia da Síria reinicia o seu ministério. Depois de um ano de intenso trabalho naquela igreja o Espírito Santo disse: “… separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado” (At 13.2). Note que os escolhidos não são Saulo e Barnabé, mas Barnabé e Saulo. Você já foi segundo alguma vez? Já ficou na sombra de outra pessoa? Já foi reserva de algum titular? Antes de ser um grande líder, Paulo precisou aprender a ser submisso. Quem nunca foi liderada dificilmente saberá como liderar.
Em sexto lugar, ele foi apedrejado e arrastado como morto na cidade de Listra (At 14.19). Paulo estava fazendo a obra de Deus, no tempo de Deus, dentro da agenda de Deus e mesmo assim, foi apedrejado. Mas, ele não ficou amargurado nem se decepcionou com o ministério. Ao contrário, prosseguiu fazendo a obra com alegria.
Em sétimo lugar, ele foi barrado por Deus no seu projeto (At 16.6-10). Paulo queria ir para a Ásia, mas Deus o impediu. Ele tinha uma agenda e Deus tinha outra. Paulo teve que abrir mão da sua vontade para abraçar a vontade de Deus. Importa ao obreiro obedecer, sempre!
Em oitavo lugar, ele foi preso e açoitado com varas em Filipos (At 16.19-26). Mesmo estando no centro da vontade de Deus, Paulo foi preso, açoitado com varas e jogado no cárcere interior de uma prisão. Em vez de ficar revoltado ou amargurado com as circunstâncias, ele orou e cantou à meia-noite e Deus abriu as portas da prisão e o coração do carcereiro. 
Em nono lugar, ele foi escorraçado de Tessalônica e Beréia (At 17.5,13). Por onde ele passa, ele deixa o perfume do evangelho, mas os espinhos pontiagudos da perseguição o ferem. Ele foi enxotado dessas duas cidades em vez de ser recebido com honras. 
Em décimo lugar, ele foi chamado de tagarela em Atenas e de impostor em Corinto (At 17.17.18; 18.12). Na capital da cultura, das artes e da filosofia, Paulo é chamado de tagarela e na agitada cidade de Corinto, onde trabalhou dezoito meses, Paulo foi considerado um impostor. As circunstâncias lhe parecem absolutamente desfavoráveis. Paulo parece um homem de aço, suporta açoites, cadeias, frio, desertos, fome, perigos, naufrágios, ameaças, sem perder a alegria (2Co 11.23-28; Gl 6.17).
Em décimo primeiro lugar, ele é preso em Jerusalém e acusado em Cesaréia (At 21.27,28; 23.31.22.1-9). Paulo estava levando ofertas de amor para os crentes pobres de Jerusalém quando foi preso no templo. Os judeus armaram ciladas para matá-lo e Paulo, então, foi levado para Cesaréia, onde durante dois anos foi acusado injustamente pelos judeus. Usando seu direito de cidadão romano, Paulo apelou para ser julgado em Roma (At 25.11,12). Aliás, não só Paulo queria ir a Roma (Rm 15.30-33), mas Deus também o queria em Roma (At 23.11). 
Em décimo segundo lugar, ele enfrenta um naufrágio na viagem para Roma (At 27.9-28.1-10). Já que Deus o queria em Roma era de se esperar que a viagem fosse tranqüila. Mas, quando Paulo embarcou para Roma enfrentou uma terrível tempestade. Durante quatorze dias o navio foi açoitado com rigor desmesurado e todos os duzentos e setenta e seis prisioneiros perderam a esperança de salvamento, exceto Paulo (At 27.20-26). O navio pereceu, mas as pessoas foram salvas.
Em décimo terceiro lugar, ele foi mordido por uma víbora em Malta (At 28.1-6). A única pessoa atacada por uma víbora peçonhenta foi Paulo. Os malteses, apressadamente, fizeram um juízo errado dele, chamando-o de assassino. Parecia que tudo dava errado para Paulo. Mas, em vez de cair morto pelo veneno da víbora, ele curou os enfermos da ilha.
Em décimo quarto lugar, ele chegou preso em Roma (At 28.16). Paulo chegou em Roma não como missionário, mas como prisioneiro, sem pompa, sem comissão de recepção, sem holofotes. Mas, longe de ficar frustrado, ele diz para à igreja de Filipos que todas essas coisas contribuíram para o progresso do evangelho. Ele não se considera prisioneiro de César, mas de Cristo (Ef 4.1).
3 – Aplicando os Fatos - “Para o progresso do evangelho”.
Paulo vê essas circunstancias como abertura de novos caminhos para o evangelho.
a) William Barclay diz que a palavra que Paulo usa para o “progresso do evangelho” é muito expressiva, prokope. Este termo se usa particularmente para designar o avanço de um exército ou uma expedição. O substantivo provém do verbo prokoptein que significa “derrubar de antemão” e se aplica ao corte de árvores e a toda remoção de impedimentos que obstaculizavam a marcha do exército. Ralph Martin diz que este termo grego prokope significa mais especificamente, “avanço a despeito de obstruções e perigos que bloqueiam o caminho do viandante”. Warren Wiersbe, por sua vez, entende que o termo prokope significa “avanço pioneiro”, ou seja, um termo militar grego que se referia aos engenheiros do exército que avançavam à frente das tropas para abrir caminho em novos territórios. Assim, a prisão de Paulo longe de fechar as portas, ela as abre; longe de ser uma barreira, desobstrui o caminho a novos campos de trabalho que jamais seriam alcançados de outra forma. 
b) A resistência é, portanto, inerente a esse tipo de progresso, e ninguém sabia melhor do que Paulo como é inevitável a resistência de Satanás (1 Ts 2:18) e do mundo (1 Jo 2:15-16) para o progresso do evangelho. Resistência por Roma pagã havia colocado em sua presente prisão de dois anos, e a resistência por líderes judeus incrédulos prenderam-no em Cesárea por dois anos antes (At 24:27). Ele explicou aos coríntios que, embora "uma larga porta para o serviço eficaz se me abriu, ... há muitos adversários" (1 Co 16:9). Aos tessalonicenses, ele escreveu: "Depois que já havia sofrido e sido maltratados em Filipos, como sabeis, tivemos a ousadia de nosso Deus falar-lhe o evangelho de Deus em meio a muita oposição" (1 Ts 2:2.). Ele encorajou Timóteo, “Lembre-se de Jesus Cristo, ressuscitado dentre os morto, descendentes de Davi, segundo o meu evangelho, pelo qual sofro mesmo a prisão como um criminoso, mas a palavra de Deus não está presa. Por esta razão, tudo suporto por causa daqueles que são escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus e com ele a gloria eterna "(2 Tm. 2:8-10). Longe de lamentar, ressentindo-se, ou reclamando de suas dificuldades, Paulo reconheceu-as como um elemento inevitável do ministério. Ex. Pregação de João Bunyan era tão popular e poderosa, e tão inaceitável para os líderes da Igreja do século XVII, da Inglaterra, que ele foi preso, a fim de silencia-lo. Paulo podia dizer aos seus perseguidores o que disse José a seus irmãos depois que eles o venderam como escravo: "Não fostes vos que me enviastes para cá, senão Deus, e Ele me fez por pai a Farão, e senhor de toda a sua casa e governador de toda a terra do Egito .... Como para você, intentastes o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem "(Gn 45:8; 50:20). 
II. OS RESULTADOS DAS SUAS CADEIAS
Paulo focou em duas importantes conquistas de seu ministério, em primeiro lugar sobre o progresso do evangelho fora da igreja (v. 13) e, em seguida, em seu progresso dentro da igreja (v. 14). 
Antes de tocarmos nestes pontos, precisamos esclarecer algumas palavras e instituições referidas no texto.
a) Prisão é desmon, que literalmente refere-se a uma preisão, como o que se faz com uma corrente ou cabo. Por extensão, o termo passou a ser usado para qualquer restrição ou confinamento forçado, em particular de um prisioneiro. Falando a um grupo de líderes judeus em Roma, durante o tempo que ele escreveu Filipenses, Paulo menciona "vestindo esta cadeia por causa da esperança de Israel" (Atos 28:20), e em Efésios ele falou de ser "um embaixador em cadeias "(Ef. 6:20). 
b) "Cadeias" (de halusis) eram um pouco mais de uma algema moderna, cerca de 18 centímetros de comprimento. Uma extremidade era anexada ao pulso do prisioneiro e a outra no pulso do guarda. A cadeia não era removida do prisioneiro enquanto estava sob custódia, fazendo com a fuga e a privacidade fosse impossível. Embora o apóstolo estivesse autorizado a viver em quartos privados (Atos 28:30), ele foi acorrentado desta maneira a uma série de soldados por um período de dois anos. Ao longo desses anos, é possível que várias dezenas de soldados diferentes fossem atribuídos a guarda de Paulo, cada um tornando-se seu público cativo. Se eles já não estivessem conscientes disso, os soldados logo vieram a perceber que esse homem extraordinário, não foi preso por cometer um crime, mas por pregar o evangelho. Sua fidelidade à causa de Cristo logo se tornou conhecido por toda a guarda pretoriana e por todos os outros. 
c) Praitōrion (guarda pretoriana) originalmente se referia a tenda de um comandante do exército, depois a residência de oficiais de alta patente militar, e ainda mais tarde a de qualquer pessoa rica ou influente. Nos Evangelhos, é usada para a residência do governador romano em Jerusalém (cf. Mt 27:27; Marcos 15:16, Joao 18:28, 33; 19:9). Em Atos 23:35 o palácio do governador em Cesárea é chamado Pretório de Herodes. Alguns comentaristas, portanto, tomam a referência em Filipenses 1:13 para representar o quartel da guarda pretoriana. Mas a frase seguinte (e todas as outras) indicam que Paulo estava falando de pessoas, não um lugar. A guarda pretoriana era originalmente composta por cerca de dez mil soldados escolhidos a dedo. Ela tinha sido estabelecida por César Augusto, que era o imperador no momento do nascimento de Jesus (Lucas 2:1). Estes homens foram dispersos estrategicamente por toda a cidade de Roma para manter a paz em geral e especialmente para proteger o imperador. Mais tarde os imperadores aumentaram os seus números, e Tibério construiu para eles um acampamento fortificado visível para se certificar de que eles tevessem uma presença de alto nível em Roma. Os membros da guarda pretoriana serviam por 12 (mais tarde dezesseis) anos, após o qual eram atribuídos as maiores honras e privilégios, inclusive indenização muito generosa. Eventualmente, eles se tornaram tão poderosos que eram considerados "figurões", que não só protegiam, mas também escolhiam os imperadores.
1. Primeiro, ele se alegrou de que sua prisão pela causa de Cristo tornou-se conhecida por toda a guarda pretoriana e por todos os outros. 
a) Os resultados da estadia de Paulo em Roma eram previsíveis. Além de ouvir a sua pregação e ensino, os soldados também experimentaram em primeira mão a sua graça, sua paciência e perseverança notável em grande aflição, a sua sabedoria, suas convicções profundas, sua autenticidade, a sua humildade, e seu verdadeiro amor e preocupação por eles. Eles estavam cientes das falsas acusações feitas contra ele em Cesárea e o risco pessoal que ele tinha tomado, apelando para Cesar. Tanto a mensagem dele e de seu personagem teve um profundo impacto sobre os soldados de elite, endurecidos e influentes. Como muitos da guarda pretoriana se tornaram cristãos. Foi, sem dúvida, através desses homens que os membros da própria família de Cesar foram convertidos (4:22).
b) A notícia sobre Paulo espalhada por toda a cidade de Roma (por todos os outros), e por dois anos, muitos o visitaram "em seus próprios quartos alugados, [onde] foi acolhendo todos os que vieram a ele, pregando o reino de Deus e ensinando sobre o Senhor Jesus Cristo com toda a franqueza, sem impedimento algum "(Atos 28:30-31). O que a maioria das pessoas, incluindo muitos cristãos, parecem ter visto como um completo desastre foi uma oportunidade inigualável para o progresso do evangelho. 
2. Segundo, ele se alegrou de que sua prisão pela causa de Cristo estimulou os irmãos a testemunhar de Cristo. 
a) Perseverança fiel de Paulo não só foi ganhando adeptos fora da igreja, mas também fortalece e encoraja os crentes dentro da igreja. A coragem e fidelidade do apóstolo durante seu confinamento causou na maioria de seus irmãos e companheiros, tanto em Roma e mais além, mais confiança no Senhor e muito mais coragem para falar a palavra de Deus sem medo. Sua influência foi generalizada e de longo alcance. Não era apenas alguns crentes, mas a maioria dos irmãos, que foram incentivados por sua prisão. Apesar de influente e perturbador, os que criticaram e caluniaram Paulo (1:15, 17) estavam em minoria.
b) A implicação é que, antes de sua prisão, os crentes estavam com medo, ou pelo menos relutantes, em compartilhar abertamente sua fé. A hostilidade a esta nova seita do judaísmo, como era comumente considerada por todo o império, foi crescendo. Não foram só os lideres judeus que intensificam sua oposição e perseguição, mas os pagãos também começaram a ver o cristianismo como uma ameaça tanto para a sua religião como para a sua subsistência (Atos 19:23-41). Destacamos aqui, quatro pontos importantes:
1. O alcance do estímulo (1.14). Este estímulo atingiu a maioria dos crentes, mas nem todos. A igreja de Roma estava dividida. A divisão não era doutrinária, mas motivacional. É muito raro você contar com unanimidade na igreja quando se trata da fazer a obra de Deus. É importante ressaltar que não são apenas os líderes (1.1) que estão engajados no testemunho do evangelho, mas os crentes. Todos são luzeiros a brilhar (2.15). Esse conceito contemporâneo de que só os obreiros devem anunciar a Palavra de Deus é uma terrível distorção da doutrina do sacerdócio universal dos crentes.
2. A fonte do estímulo (1.14). Aqueles irmãos da igreja de Roma estavam sendo estimulados não por Paulo, mas estimulados “no Senhor” pelas algemas de Paulo. Só o Senhor Jesus pode motivar pessoas à obra da evangelização.
3. A razão do estímulo (1.15,16). Enquanto alguns crentes estavam pregando o evangelho por inveja e porfia, outros o faziam de “boa vontade e por amor”. O verbo “pregar” keryssein, significa fazer a obra de um arauto, isto é, transmitir fiel e claramente o que alguém, uma autoridade superior tem ordenado proclamar.
4. O resultado do estímulo (1.14). O resultado é que a maioria dos irmãos da igreja de Roma “ousam falar com mais desassombro a palavra de Deus”. O que realmente eles falam é a palavra de Deus (1.14), e isso revela que a mensagem não vem deles mesmos, mas é a verdade de Deus. A substância da mensagem que eles pregavam é Cristo (1.15,17,18).
CONCLUSÃO
1. Liberdade para proclamar o evangelho esta compreensivelmente estimado hoje pelos cristãos no chamado mundo livre. Mas muitos, se não a maioria, das grandes expansões da fé e reavivamentos espirituais dentro da igreja vieram durante os tempos de oposição e perseguição. 
2. As circunstancias de Paulo estavam além da capacidade de compreensão da maioria das pessoas. No entanto, ele era um modelo de alegria, contentamento e paz. Essas qualidades interiores, obviamente, não foram baseadas em seu conforto físico, seus bens, sua liberdade, sua autossatisfação, ou a sua reputação e prestígio. Elas estavam inteiramente baseadas em sua confiança em seu Senhor gracioso e soberano e seu prazer no progresso do evangelho.
3. Quando existe determinação, olha-se para as circunstancias como oportunidades de Deus para o avanço do evangelho, e há regozijo com aquilo que Deus fara em vez de queixas por aquilo que Deus não fez.
4. Talvez nossas cadeias não sejam tão dramáticas ou difíceis, mas, sem dúvida, Deus pode usa-las da mesma forma.

Bibliografia Consultada

LOPES, Hernandes Dias. Filipenses: a alegria triunfante no meio das provas. São Paulo: Hagnos, 2007.
MARTIN, Ralph P. Filipenses, introdução e comentário. São Paulo: Edições Vida Nova, 2011.
MACARTHUR, John. Philippians. CHICAGO: MOODY PRESS, 2001. (Edição eletrônica)
BRUCE, F.F. Filipenses.
São Paulo: Editora Vida, 1992.
WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento (Vol. II). Santo André: Geográfica editora, 2006.
CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento Interpretado versículo por Versículo (vol. V). São Paulo: Candeia, 1998.
HENRY, Matthew. Comentário Bíblico do Novo Testamento: Atos a Apocalipse. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.

HENDRIKSEN, William. Efésios e Filipenses: Comentário do Novo Testamento. São Paulo:Editora Cultura Cristã, 1992.

quarta-feira, 10 de julho de 2013

As três fases da ideia de sacrifício

O Sacrifício de Isaac - Caravaggio
Quando Paulo fala da morte de Cristo na cruz, ele também pode representá-la como um sacrifício: "andai em amor, como Cristo também vos amou, e se entregou por nós, como oferta e sacrifício a Deus" (Ef 5.2 - notar como ele reúne o amor de Cristo e Sua oferta de Si mesmo como um sacrifício). Mas a ligação que Paulo vê entre Ágape de Deus e a cruz de Cristo dá ao sacrifício um novo significado, o que permite que ele seja incluído na nova ordem cristã de comunhão com Deus. Se formos comparar a teologia paulina da Cruz com a velha ideia de sacrifício, a revolução que ocorreu aqui vai ser muito claramente vista.
Seria possível distinguir três fases no desenvolvimento da ideia de sacrifício.
A primeira etapa é representada pelo sacrifício em seu significado concreto comum de dom, oferenda. O homem oferece algo de sua propriedade como um sacrifício no altar de sua divindade. Às vezes os homens sentem-se obrigados a sacrificar a coisa mais querida e mais preciosa que possuem, a fim de ganhar o favor de Deus. Então sacrificar já não significa simplesmente a oferta de algo próprio para a divindade, mas a oferta, ao mesmo tempo em algo de si mesmo. Aos poucos, no entanto, se percebe que o que Deus quer do homem não são os sacrifícios ordinários. "Tem porventura o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça a voz do Senhor? Eis que o obedecer é melhor que sacrificar" (I Sam. Xv. 22). "Fazer justiça e juízo é mais aceitável ao Senhor do que sacrifício" (Prov. XXI. 3).
Vamos agora para a segunda fase da ideia de sacrifício.
O homem oferece sacrifícios aqui. São obediência, justiça e retidão, misericórdia e amor. Estes são os meios pelos quais o homem procura ganhar o favor de Deus. Sacrifício foi espiritualizado e torna-se mais pessoal em caráter. Isto pode ser chamado de forma ética do sacrifício. Mas a questão ainda permanece, se o homem pode realmente ficar com esse sacrifício, na presença do Deus santo e justo. São a obediência do homem, a justiça e o amor suficientemente puros para serem contabilizados como ofertas agradáveis a Deus? Não é essa ideia, sim, uma forma de orgulho, que nunca poderia estar mais fora do lugar do que quando o homem se aproxima do Santo, e que é, portanto, obrigado a despertar o seu descontentamento? Estas perguntas nos levam para a terceira fase da ideia de sacrifício.
Os sacrifícios oferecidos agora já não consistem em conquistas éticas do homem, mas "os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado" (Sl li. 17). Esta é a forma religiosa de sacrifício. Na presença de Deus nada mais é apropriado para o homem, mas a humildade, é a humildade que dá ao homem valor aos olhos de Deus. Aqui o homem atingiu, ao que parece, o limite máximo de sacrifício. Ele ofereceu a sua própria, o seu querido, ele ofereceu o trabalho de sua vida, ofereceu-se no trabalho da justiça, ele ofereceu até mesmo a alegação de que ele poderia fazer por si mesmo por conta disso, ofereceu-o com humildade. O que mais ele pode ter para oferecer? Mesmo assim, continua a haver uma coisa oculta que não está incluído no sacrifício, e que, no fundo, é o oposto do sacrifício. Aquele que pensa de humildade como uma forma de comunhão com Deus, e sente que a sua própria humildade lhe dá um valor imperecível aos olhos de Deus, é, no fundo, nada humilde. Foi justamente disse: "Aquele que se despreza sente ao mesmo tempo o respeito por si mesmo como um desprezo.
Sacrifício pode ser espiritualizado e assumir um caráter cada vez mais pessoal, mas suas diferentes fases virão no final ser apenas modificações de uma única e mesma coisa. Não há nada de novo em cada passo de seu desenvolvimento, mas apenas mais um passo na mesma direção original. Sacrifício ainda é o caminho do homem para Deus. O que quer que o homem oferece em sacrifício, ele lhe oferece, a fim de abrir um caminho para si mesmo a Deus.
Olhando para a questão do ponto de vista de Paulo, podemos dizer que a segunda fase do sacrifício é representado pela maneira farisaica de salvação.
Mas para Paulo a Cruz de Cristo é um julgamento tanto na forma de realização ética como na de humildade. A Cruz lhe ensinou que não há acesso a Deus em nada do lado do homem. No entanto, ao mesmo tempo em que invalidou todos os sacrifícios feitos pelo homem, a Cruz revelou a ele um sacrifício de um tipo totalmente diferente. Na cruz de Cristo não é o homem que oferece sacrifícios, nem é Deus quem o recebe. Este sacrifício é o próprio sacrifício de Deus. "Todas as coisas são de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo", pois "Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo a si mesmo" (2 Coríntios. V. 18 f.). Sacrifício não é mais o caminho do homem para Deus, mas o caminho de Deus para o homem.

Fonte: NYGREN, Anders. Agape and Eros. Philadelphia: The Westminster Press, 1953.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Campanha de Oração

Lembramos aos membros da IAD-MR que hoje, a partir das 19h, começa a nossa campanha de oração, cujo motivo será "Eu e a minha casa serviremos ao Senhor",  Js 24.15.

O amor e a Cruz



Ref. Romanos 5:6-10
Das muitas passagens que poderíamos citar de Paulo para ilustrar essa conexão entre a Cruz e Ágape, vamos olhar primeiro para a passagem mais importante, a passagem clássica de "o Ágape da Cruz", Rom. 5. 6-10: "Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios. Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores. Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, tendo sido já reconciliados, seremos salvos pela sua vida". Quatro coisas devem ser observadas aqui.
Primeiro: se perguntarmos o que é Ágape, somos levados para a Cruz de Cristo. Para todas as várias maneiras em que os Evangelhos Sinópticos expressam a ideia de Ágape, Paulo acrescentou a expressão suprema e final da Cruz. Em nenhum outro lugar há de ser encontrada uma revelação da Ágape comparável ao da morte de Jesus na Cruz. O que Paulo diz aqui é exatamente a mesma coisa que encontramos em outras palavras na Primeira Epístola de João: "Nisto conhecemos o amor, porque Ele deu a Sua vida por nós" (I João 3. 16). Se não tivéssemos visto o amor que se revela na cruz de Cristo, não teríamos conhecido o amor, no sentido cristão do termo. Devemos, sem dúvida, ter conhecido o amor em geral, é, mas não o amor em seu sentido mais elevado e mais profundo, não o amor divino, Ágape. O que, então, tem a Cruz de Cristo a nos dizer sobre a natureza e o conteúdo do amor ágape? Ela atesta que ele é um amor que se doa, que se sacrifica, mesmo até ao fim.
Em segundo lugar: o Ágape revelado na morte de Cristo não é de forma nenhuma independente de Deus. Na verdade, o próprio Deus é o tema deste Ágape. É Deus, diz Paulo, que revela o Seu amor em que Cristo morreu por nós. A obra de Cristo é a própria obra de Deus, Cristo é Ágape de Deus. Após o sacrifício de Cristo na cruz já não podemos falar de forma adequada do amor de Deus sem se referir à Cruz de Cristo, mais do que podemos falar do amor de Cristo, mostrado na Sua morte, sem ver nele o próprio amor de Deus. Os dois são doravante um, nas próprias palavras de Paulo, Ágape é "o amor de Deus em Cristo Jesus" (Rm 8. 39). A ideia de que ele é Deus, que é o sujeito ativo na Obra de Cristo, encontra-se também em outras passagens paulinas, como 2 Co 5. 19: "Deus estava em Cristo reconciliando o mundo consigo mesmo". Paulo ainda diz: "todas as coisas são de Deus" (v. 18). Não somos nós que fazemos o nosso caminho para Deus, mas ele que faz o seu caminho para nós. A expiação não significa que nós nos reconciliamos com Ele, mas que Ele em Cristo nos reconcilia consigo mesmo, e é somente sobre esta base que Paulo continua a dizer: "que vos reconciliar com Deus" (v. 20). Aqui, também, AGAGE é o caminho de Deus para o homem.
Terceiro: em nenhum lugar é a natureza absolutamente espontânea e desmotivada de Ágape de Deus tão claramente manifesta como na morte de Cristo. "Por que, dificilmente, mesmo para um homem justo, ninguém vai morrer - embora, talvez, para aquele que foi bom alguém pode ter coragem de morrer." Para dar a vida por um justo - afinal, haveria alguém respondendo por ele. Mas para quem foi que Cristo deu a sua vida? Não para os justos, mas os pecadores. Paulo enfatiza este ponto três vezes na passagem citada (versos 6, 8, 10), e com quatro diferentes expressões: Cristo morreu para os fracos, os ímpios, pecadores e inimigos.
Em quarto lugar: a melhor coisa que já disse anteriormente do amor de Deus e sua natureza espontânea e desmotivada, é que ele é um amor pelos pecadores, para os indignos e injustos. Mas Paulo pretende superar até mesmo isso e dizer algo ainda maior: Cristo morreu, e não apenas para os homens injustos e pecadores, mas na verdade para os homens "ímpios" ou "sem Deus". Mesmo que as palavras reais devem ser indevidamente pressionado, mas é significativo que essa frase vem quando Paulo está buscando expressar a natureza desmotivada do amor de Deus. Quando nos lembramos da parte tocada pela fidelidade religiosa naqueles dias, podemos ver o quanto ainda Paulo vai acrescentar ao dizer que: Cristo morreu pelos ímpios, para aqueles que pertenciam a outras religiões, aqueles que foram dedicados aos deuses estranhos.
Ao descrever, portanto, "o Ágape da Cruz", Paulo subiu à mais sublime concepção de Ágape de Deus jamais dada. Ninguém jamais foi além dele, e poucos foram capazes de segui-lo até agora. Mas a coisa característica é que Paulo não atingiu esta altura por um ato de livre criação. Ele só tenta interpretar o que aconteceu na cruz de Cristo. Ágape de Deus, como ele o vê, não é a criação de seu próprio espírito, mas simplesmente a representação de algo que realmente aconteceu. Deus demonstrou Sua Ágape pela doação de Seu Filho. Este fato, para que ele possa voltar a si mesmo e ao que ele pode apontar aos outros, é para Paulo a primeira coisa. Aqui o amor de Deus nos encontra, não apenas como uma ideia de amor, mas como a mais poderosa das realidades, como o amor abnegado, o amor que se derrama até mesmo para o mais profundamente caído e perdido.


Fonte: NYGREN, Anders. Agape and Eros. Philadelphia: The Westminster Press, 1953.

domingo, 7 de julho de 2013

Os 300 de Gideão - Parte II

II. O ENCORAJAMENTO (V. 9-15)
            Deus é o Deus de toda consolação, ele sempre nos encoraja quando as circunstâncias são ameaçadoras. Aqui, Deus encoraja Gideão de três maneiras, vejamos.
1) Deus o encoraja fornecendo-lhe uma boa base para construir sua fé – sua palavra.
a) Uma palavra de ordem. “E sucedeu que, naquela mesma noite, o SENHOR lhe disse: Levanta-te, e desce ao arraial”
b) Uma palavra em forma de promessa. “...porque o tenho dado na tua mão.”
2) Deus o encoraja fornecendo-lhe um amigo para acompanha-lo ao arraial dos midianitas – Purá. “E, se ainda temes descer, desce tu e teu moço Purá, ao arraial”.
3) Deus o encoraja fornecendo-lhe um bom suporte para apoiar sua fé.
a) Deus ordena que ele espie. “E, se ainda temes descer, desce tu e teu moço Purá, ao arraial”.
b) Deus ordena que ele ouça. 1) O sonho; 2) A interpretação.

4) O resultado do encorajamento.
a) Adoração. “E sucedeu que, ouvindo Gideão a narração deste sonho, e a sua explicação, adorou...”.
b) Estímulo. “...voltou ao arraial de Israel, e disse: Levantai-vos...”
c) Ação imediata. “Levantai-vos...”
d) Fé renovada nas promessas de Deus. “...porque o SENHOR tem dado o arraial dos midianitas nas nossas mãos”.
Aplicação
1) Precisamos ter certeza de que aquilo que estamos empreendendo está sob a direção de Deus. “E, se ainda temes descer...”
2) Deus nos encoraja através da sua palavra, que produz e sustenta nossa fé.
“E sucedeu que, naquela mesma noite, o SENHOR lhe disse: Levanta-te, e desce ao arraial, porque o tenho dado na tua mão”.
3) O medo é sempre estéril, paralisante, uma obstrução da fé no coração do homem. “E, se ainda temes descer...”
4) No passado, Deus falou de muitas vezes e de muitas formas, mas nos últimos dias falou-nos por meio de Jesus, a melhor e mais completa revelação de Deus.
“Chegando, pois, Gideão, eis que estava contando um homem ao seu companheiro um sonho... E respondeu o seu companheiro, e disse: Não é isto outra coisa, senão a espada de Gideão”
5) O encorajamento de Deus sempre produz resultados positivos.

“E sucedeu que, ouvindo Gideão a narração deste sonho, e a sua explicação, adorou; e voltou ao arraial de Israel, e disse: Levantai-vos, porque o SENHOR tem dado o arraial dos midianitas nas nossas mãos”.

sábado, 6 de julho de 2013

Os dons espirituais, dádivas de Deus à igreja


Os dons espirituais são uma dádiva de Deus à sua igreja. Dádivas do Pai (1Co 12.6), dádivas do Filho (1Co 12.5) e dádivas do Espírito Santo (1Co 12.7). Os dons espirituais são uma capacitação especial para o desempenho de um serviço ou ministério. Não há nenhum membro do corpo de Cristo sem dons e nenhum membro do corpo possui todos os dons. Os dons espirituais não são distribuídos pela igreja, mas pelo Espírito Santo, conforme sua vontade e seus propósitos soberanos (1Co 12.11). O apóstolo Paulo usou quatro verbos-chaves que ilustram a soberania de Deus na distribuição dos dons espirituais. O Espírito Santo distribui (1Co 12.11), Deus dispõe (1Co 12.18), Deus coordena (1Co 12.24) e Deus estabelece (1Co 12.28). Do começo ao fim Deus está no controle. É Deus quem estabelece o corpo e quem coloca cada membro do corpo e distribui cada dom a cada pessoa conforme o seu propósito e soberana vontade. Do começo ao fim Deus está no controle. É isso que Paulo ensina à igreja. O propósito dos dons, portanto, não é para a exaltação de quem o exerce, mas para o serviço aos demais membros do corpo e tudo para a glória de Deus.
Quando Paulo fala da mutualidade do corpo, exorta a igreja sobre quatro questões importantes:
Em primeiro lugar, o perigo do complexo da inferioridade. Paulo escreve: “Se disser o pé: porque não sou mão, não sou do corpo; nem por isso deixa de ser do corpo. Se o ouvido disser: Porque não sou olho, não sou do corpo; nem por isso deixa de o ser” (1Co 12.15,16). Quando alguém reclama de não ter este ou aquele dom espiritual, está questionando a sabedoria de Deus. Isso é questionar a unidade do corpo. Nenhum membro da igreja deve se comparar nem se contrastar com outro membro da igreja. Você é único. Você é singular no corpo. Deus colocou você no corpo como lhe aprouve.
Em segundo lugar, o perigo do complexo de superioridade. O apóstolo Paulo afirma: “Não podem os olhos dizer à mão: Não precisamos de ti; nem ainda a cabeça, aos pés: Não preciso de vós. Pelo contrário, os membros do corpo que parecem ser mais fracos são necessários” (1Co 12.21,22). A igreja de Deus não tem espaço para disputa de prestígio. A igreja não é uma feira de vaidades. Nenhum membro da igreja pode envaidecer-se pelos dons que recebeu, pois tudo que temos, recebemos de Deus e ninguém pode vangloriar-se por aquilo que recebeu (1Co 4.7).
Em terceiro lugar, a necessidade da mútua cooperação. Paulo ainda prossegue em seu argumento: “Para que não haja divisão no corpo; pelo contrário, cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros” (1Co 12.25). A igreja é como uma família. Na igreja cada um está buscando meios e formas de cooperar, de ajudar, de abençoar, de enlevar, de edificar a todos. O propósito do dom é para que não haja divisão no corpo. Você não está competindo nem disputando com ninguém na igreja, mas cooperando.
Em quarto lugar, a necessidade de empatia na alegria e na tristeza. Paulo escreve: “De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam” (1 Co 12.26). A psicologia revela que é mais fácil chorar com os que choram do que se alegrar com os que se alegram. São poucas as pessoas que têm a capacidade de celebrar a vitória do outro. Precisamos aprender a ter empatia, a sofrer com os que sofrem e a nos alegrarmos com os que se alegram. Não estamos num campeonato dentro da igreja disputando quem é o mais talentoso, o mais dotado, o mais espiritual. Somos uma família, somos um corpo. Devemos celebrar as vitórias uns dos outros e chorar as tristezas uns dos outros.
Rev. Hernandes Dias Lopes

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Toque o mundo inteiro pela oração

A oração tem um caráter universal. Você pode tocar o mundo inteiro pela oração. O apóstolo Paulo trata desta verdade com diáfana clareza (1Tm 2.1-3).
1. A primazia da oração (1Tm 2.1a). “Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas…”. As palavras próton pánton “antes de tudo”, indicam primazia de importância e não de tempo. A oração não é um apêndice no culto, mas parte vital dele. Os apóstolos entenderam a primazia da oração, quando decidiram: “Quanto a nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra” (At 6.4).
2. A variedade da oração (2.1b). “… que se use a prática de súplicas, orações, intercessões, ações de graças…”. Muito embora o objetivo de Paulo é insistir na centralidade da oração mais do que numa análise de seus tipos, o apóstolo usa aqui quatro formas de oração.
Primeiro, as “súplicas”. Elas estão relacionadas à apresentação de um pedido ou uma necessidade a Deus. A ideia fundamental da palavra grega deesis, é um sentimento de necessidade. A oração começa com esse sentimento de nossa total dependência de Deus. Oração é a insuficiência humana aproximando-se da suficiência divina.
Segundo, as “orações”. Designam o movimento da alma em direção a Deus. As orações são um ato de adoração a Deus, exaltando-o pela excelência de seus atributos e rogando a ele pela grandeza de suas misericórdias.
Terceiro, as “intercessões”. Elas estão relacionadas com a súplica em favor de alguém ou de alguma coisa. A palavra grega enteuxis traz a ideia de entrar na presença do rei para lhe fazer uma petição. Portanto, nenhum pedido é grande demais para ele. Para Deus não há impossíveis!
Quarto, as “ações de graças”. Elas tratam da nossa gratidão a Deus pelo que ele tem feito. A palavra grega eucaristia, deixa claro que orar não é apenas aproximar-se de Deus para adorá-lo por quem ele é, e rogar a ele suas bênçãos, mas, também, e sobretudo, agradecê-lo pelo que ele tem feito.
3. O alcance da oração (2.1c,2). “… em favor de todos os homens, em favor dos reis e de todos os que se acham investidos de autoridade…”. A oração transpõe todas as barreiras geográficas, culturais e religiosas. Paulo destaca três alcances da oração:
Primeiro, “em favor de todos os homens”. Isso significa que nenhuma pessoa está fora da esfera das nossas orações. Devemos orar pelos salvos e não salvos; pelos irmãos e até pelos inimigos. A expressão “todos os homens” neste contexto significa todos os homens sem distinção de raça, nacionalidade ou posição social e não todos os homens individualmente, tomados por um.
Segundo, “em favor dos reis”. Mesmo que essas autoridades sejam perversas, como era o caso do imperador Nero, devemos orar por elas. Mesmo que pessoalmente sejam pessoas indignas, a posição que ocupam merece nosso respeito e deve ser objeto das nossas orações.
Terceiro, “em favor dos que se acham investidos de autoridade”. A Bíblia é clara em afirmar que toda autoridade procede de Deus e é ministro de Deus para coibir o mal e promover o bem (Rm 13.1-3). Em vez de falar mal das autoridades, devemos orar por elas.
4. Os propósitos da oração (2.2b,3). Com que propósito devemos orar? Devemos orar para vivermos uma vida tranquila e mansa. A vida tranquila refere-se a uma vida livre de inquietudes externas, enquanto a vida mansa é uma vida que está livre de perturbações internas. Devemos orar para vivermos com toda piedade e respeito. Devemos orar porque isto agrada a Deus. O Pai se agrada de ver seus filhos orando e vivendo em sua dependência. O Pai se agrada em ver seus filhos colocando-se na brecha em favor de todos os homens, bem como dos reis e das demais autoridades constituídas.
Rev. Hernandes Dias Lopes

quinta-feira, 4 de julho de 2013

A ALEGRIA DO AFETO


SÉRIE ELEMENTOS DA ALEGRIA
TEMA: A ALEGRIA DO AFETO
Ref. Fl 1.7-8
INTRODUÇÃO

Com esses versos a alegria de Paulo atinge o mais alto nível quando ele apresenta o quinto elemento da alegria, a alegria do Afeto. Não pode haver alegria maior ou mais emocionante do que a alegria produzida por uma profunda e permanente afeição genuína pelos outros.
I. UM CORAÇÃO DILATADO

A. SUAS CARACTERÍSTICAS
1. É justo. A palavra ‘É Justo’ vem do grego ‘Dikaios’ que indica mais do que mera conveniência. Ela expressa retidão moral e espiritual, não apenas pelo que é esperado, mas também pelo que é necessário. Ser justo diante dos homens e diante de Deus era desta forma que Paulo se expressava aos amados santos em Filipos.
2. É humilde. O seu senso de justiça e retidão moral o faz reconhecer que os irmãos filipenses são tudo aquilo que o apostolo disse anteriormente.
3. É equilibrado. Sentir é tradução da palavra grega ‘Phroneo’, que tem o significado básico de ter uma disposição mental particular ou atitude. Trata-se de um ato de inteligência e da vontade e às vezes é traduzida como "modo de pensar", como é relatada na versão King James.
4. É compassivo. Paulo está preocupado com a igreja de Filipos pelas investidas dos seus adversários.
5. É confiante. O amor inspira confiança. A intensidade do seu amor aumentou sua confiança. O objeto a que se dirige este forte senso de interesse e confiança é a segurança da igreja, a despeito dos assaltos assacados contra ela pelas forças hostis.
6. É abrangente. Paulo ama a todos de igual modo.
B. SUA PROFUNDIDADE
Isso reflete o profundo afeto pessoal de Paulo por eles. Eles se encontravam “no centro de suas emoções”, como se pudessem penetrar em sua própria alma. O relacionamento de Paulo com aquela igreja é caloroso e terno. Ele prende a todos num abraço apertado, cheio de afeição. De que maneira Paulo trazia-os no coração? Paulo os trazia no coração
1. Pela sua coparticipação na graça. Todos têm sua parte no dom comum da graça de Deus; são pessoas reunidas entre si porque têm uma dívida comum com a bondade e a graça divinas. Graça aqui, tem o significado de força de Deus tornada disponível para seu povo, em sua fraqueza e necessidade. Os filipenses deram provas de sua participação com Paulo na graça de Deus,
(a) Na obra do evangelho. Não só participam de um dom, mas também de uma tarefa que é a promoção do evangelho. Paulo usa duas palavras para expressar isso: fala da defesa e da confirmação do evangelho. 
(1) A defesa (apologia) do evangelho refere-se aos ataques que vêm de fora: os argumentos e os assaltos dos inimigos do cristianismo. O cristão deve estar disposto a ser um defensor da fé e a dar razões da esperança que possui. 
(2) A confirmação (bebaiosis) do evangelho consiste na edificação que se opera por sua força aos que estão dentro da Igreja. O cristão deve promover o evangelho, defendendo-o contra os ataques de seus inimigos, e edificando e fortificando a fé e a devoção dos amigos. 
(b) Nos sofrimentos pelo evangelho. Os filipenses tinham parte na prisão de Paulo. Onde quer que o cristão seja chamado a padecer pelo evangelho, deverá encontrar fortaleza e folga ao lembrar que não sofre sozinho, mas sim tem uma grande companhia de seguidores que em toda época, geração e país sofreram por Cristo antes que negar sua fé. 
(c) Os cristãos são partícipes com Cristo. No versículo 8 Paulo usa uma expressão muito gráfica: "Eu os amo com o íntimo amor de Jesus Cristo". 
C. SUA INTENSIDADE
1. Seu testemunho - Deus. Essa expressão deve ser reservada para os períodos de peculiar solenidade. Paulo à beira do martírio, não esperando para ver esses irmãos novamente até que ele deve encontrá-los no grande trono branco, leva o nome de Deus, não em vão, mas, na verdade, reverente, em seus lábios, e confirma o seu testemunho por sua juramento.
2. Seu caráter e força - "De como tenho saudade de todos vocês" 
a. Aprendemos com o fato de que ele chama Deus para testemunhar isso que, para entrar em comunhão com Deus, não é necessário banir seu irmão. A lei é que "aquele que ama a Deus, ame também a seu irmão".
b. A memória como o lugar privilegiado dos sentimentos mais ternos e constantes.
c. A palavra grega para saudade significa “anelar por”, “desejar algo fortemente”. A expressão significa que o seu próprio ser vital se estendia na direção deles, em grande e intenso amor. 
c. Extensão e a distribuição de sua afeição - "todos". Provavelmente eles não eram todos igualmente atraentes. A saudade era um enquanto queimava no coração de Paulo, mas era muito colorido como transmitido em uma congregação promíscua. A luz é a mesma para todos, mas torna-se vários quando cai sobre várias superfícies.
3. Sua fonte - "as entranhas" - a compaixão forte de Cristo. 
(1) Tradução literal entranhas (At 1.18, já citado).
(2) Uso figurativo:
a. O coração:
Lucas 1.78: “coração misericordioso.”
2 Coríntios 6.12: “em seus próprios corações.”
2 Coríntios 7.15: “e seu coração cresce mais e mais para com vocês.”
Colossenses 3.12: “coração compassivo.”
Filemom 7: “os corações dos santos têm sido reanimados por seu intermédio.”
Filemom 12: “meu próprio coração.”
Filemom 20: “reanime-me o coração.”
1 João 3.17: “... e fecha seu coração contra ele.”
b. Entranhável afeto, ternas misericórdias:
Filipenses 1.8: “o entranhado afeto (ou: as ternas misericórdias) de Cristo Jesus.”
Filipenses 2.1: “entranhado afeto (ou: ternas misericórdias) e compaixão.” 
1. Agora o próprio amor que brilhava no seio de Jesus foi comunicado ao discípulo. Não era um amor de mera natureza ou um carinho de festa. Paulo os ama com o próprio amor de Jesus Cristo.
2. Sua nova posição deu-lhe uma nova visão e novos afetos. Ele tinha ressuscitado com Cristo, nos lugares celestiais. Ele amava a todos, mas se alegrou nos irmãos com alegria indizível.
APLICAÇÃO
1. O amor não faz discriminação ou acepção de pessoas.
2. O amor é o termômetro da espiritualidade. O amor é um dos sinais que demonstra a nossa união com Cristo. Algo está seriamente errado em nossa espiritualidade, se temos um desejo muito fraco para estar com outros cristãos (Heb 10:24-25).
3. Amor, combinado com uma fé ativa, é a força central que penetra no mais íntimo da personalidade, dirige a vida, e vai para a frente, passo a passo para a sua perfeição.
4. Espera-se de todo cristão que esteja preparado para defender aquilo em que acredita (1Pe 3: 15). Infere-se que a mensagem do evangelho pode ser defendida com argumentos lógicos, provas através das Escrituras do Antigo e Novo Testamento. Muita munição existe para o cristão usar.
5. Uma igreja que ama seu líder está disposta a sofrer com ele, a orar por ele, a contribuir com a obra missionária – a ser coparticipante da graça com ele.


Bibliografia Consultada
Lopes, Hernandes Dias. Filipenses: a alegria triunfante no meio das provas. São Paulo: Hagnos, 2007.
Martin, Ralph P. Filipenses, introdução e comentário. São Paulo: Edições Vida Nova, 2011.
MacArthur, John. Philippians. CHICAGO: MOODY PRESS, 2001. (Edição eletrônica)
Bruce, F.F. Filipenses. São Paulo: Editora Vida, 1992.
Wiersbe, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento (Vol. II). Santo André: Geográfica editora, 2006.
CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento Interpretado versículo por Versículo (vol. V). São Paulo: Candeia, 1998.
Henry’s, Matthew. Comentário Bíblico do Novo Testamento: Atos a Apocalipse. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
Hendriksen, William. Efésios e Filipenses: Comentário do Novo Testamento. São Paulo:Editora Cultura Cristã, 1992.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

OS 300 DE GIDEÃO - 1ª Parte

OS 300 DE GIDEÃO
Ref. Jz 7.1-25
Introdução
1) Os 300 de Esparta, sua disciplina, preparo e bravura contrastando com os 300 de Gideão.
2) Os 300 de Gideão ilustram o fato de que Deus usa as coisas que não são para confundir as que são.
3) Podemos dividir o texto em quatro partes: I. A preparação (v. 1-8); II. O encorajamento (v. 9-15); III. A estratégia (v. 21-25) e IV. A vitória (v. 1-8). Vejamos como Deus venceu está peleja e glorificou o seu próprio nome através destes homens.
I. A PREPARAÇÃO (V. 1-8)
1) O General – Gideão.
Gideão aplica-se com todo cuidado e indústria para fazer o papel de um bom general, na liderança das hostes de Israel contra os midianitas. Quando temos certeza que Deus vai adiante de nós então devemos mover-nos.
a)    Disciplina – “Então Jerubaal (que é Gideão) se levantou de madrugada”
b)    A geografia do local da peleja - “e se acamparam junto à fonte de Harode”
c)    Visão privilegiada do inimigo – “de maneira que tinha o arraial dos midianitas para o norte, no vale, perto do outeiro de Moré”.
2) O Exército de Gideão – 300 homens.
Quem e quantos devem lutar nesta guerra?
a)    Seu número inicial – 32 mil.
b)    A redução do exército. Deus só iria usar aqueles que estavam confiantes na sua direção e provisão. Como foi realizada?
1)    Pelo teste do medo. a) denotavam falta de fé nas promessas de Deus. b) A covardia é contagiosa.
2)    Pelo teste das águas. a) Os idólatras – dobraram os joelhos; b) os piedosos – levaram a água à boca com a mão, não se ajoelharam.
3) O motivo da redução do exército.
a)    Deus iria trazer glória para o seu próprio nome através da vitória - “a fim de que Israel não se glorie contra mim, dizendo: A minha mão me livrou”. Porém,
b)    Para trazer glória para o seu próprio nome Deus usa pessoas – “E disse o SENHOR a Gideão”.
c)    Deus é quem ia vencer esta peleja – “muito é o povo que está contigo, para eu dar aos midianitas em sua mão”.
d)    Deus iria mostrar ao povo a falência de seus métodos e a eficácia do seu poder – “a fim de que Israel não se glorie contra mim, dizendo: A minha mão me livrou”.
4) As armas e provisões do exército – “E o povo tomou na sua mão a provisão e as suas buzinas”. a) A provisão; b) as buzinas.
Aplicações
1)    Fé nas promessas de Deus não deve afrouxar mas sim acelerar nossos esforços. “ENTÃO Jerubaal (que é Gideão) se levantou de madrugada, e todo o povo que com ele havia, e se acamparam junto à fonte de Harode, de maneira que tinha o arraial dos midianitas para o norte, no vale, perto do outeiro de Moré.”
2)    A salvação nunca é operada pelo homem, mas pela graça de Deus. “E disse o SENHOR a Gideão: Muito é o povo que está contigo, para eu dar aos midianitas em sua mão; a fim de que Israel não se glorie contra mim, dizendo: A minha mão me livrou”.
3)    É Deus quem escolhe aqueles que devem lutar no seu exército.
“...e será que, daquele de que eu te disser: Este irá contigo, esse contigo irá; porém de todo aquele, de que eu te disser: Este não irá contigo, esse não irá”.
4)    Deus emprega meios adequados para revelar o caráter de cada um.

E disse o SENHOR a Gideão: Ainda há muito povo; faze-os descer às águas, e ali os provarei”.

SÉRIE ALEGRIA DO MINISTÉRIO – APESAR DOS MAL INTENCIONADOS, DESDE QUE O NOME DE CRISTO SEJA PROCLAMADO

SÉRIE ALEGRIA DO MINISTÉRIO – APESAR DOS MAL INTENCIONADOS, DESDE QUE O NOME DE CRISTO SEJA PROCLAMADO
Ref. Fp 1:15–18

Introdução

Uma das experiências mais desencorajadoras para um servo de Deus é a de ser falsamente acusado por companheiros crentes, especialmente os colegas de trabalho na igreja. Ser caluniado por um incrédulo é esperado, mas ser difamado por outro crente é inesperado. A dor é muito profunda quando o ministério é caluniado, mal interpretado e injustamente criticado por companheiros pregadores e mestres do evangelho. Essa é precisamente a situação que Paulo enfrentou em Roma, onde alguns dos líderes da igreja, em oposição a ele, estavam pregando a Cristo até por inveja e contenda.
A. Os pregadores e suas motivações
"Eu percebo muito bem," ele estava dizendo em essência, "que nem tudo é como deveria ser na igreja. Eu não sou ingênuo sobre os motivos de alguns pastores e evangelistas. Eu sei que eles estão pregando a Cristo até por inveja e contenda". O problema naqueles pregadores não estava na 'teologia, mas em seus motivos, não no que eles pregavam, mas em saber por que eles pregavam, ou seja, por inveja e porfia.
I. Ortodoxos na doutrina, heterodoxos nos motivos
Quais os argumentos dos detratores contra Paulo?
a) Exatamente o que estava sendo dito sobre Paulo para machuca-lo e destruir sua reputação não é revelado. Mas porque as acusações eram falsas, as informações não são importantes. O objetivo do apóstolo não era ser defensivo, mas simplesmente dar um relato correto da situação.
Quem eram os tais pregadores?
b) Como em Corinto (cf. 1 Cor. 1:11-17), é provável que várias facções estavam envolvidas. Alegando alianças especiais, visão e autoridade. Quando os falsos mestres ganharam uma audiência em Corinto, eles impiedosamente atacaram Paulo, que escreveu 2 Coríntios para responder a esses ataques (cf. 2 Co 10:10; 11:6). Algumas conjecturas a esse respeito,
 - Como os amigos de Jó, alguns dos pregadores invejosos em Roma podem ter alegado que a prisão de Paulo foi uma punição do Senhor por algum pecado secreto (cf. Joao 9:1-2).
- Outros podem ter acreditado que Paulo estava na prisão porque ele não tinha a fé vitoriosa com a qual teria ganho a sua libertação. Na sua opinião, ele obviamente não conseguiu explorar plenamente o poder do Espirito Santo. O fato de que eles eram livres e ele estava na prisão foi uma prova para eles que o seu poder espiritual e utilidade eram inferiores aos deles. Caso contrário, por que o Deus de Paulo não o livrou milagrosamente como Ele tinha feito em Filipos (Atos 16:25-26)?
- Ainda outros podem ter pensado que presunçosamente o Senhor manteve Paulo em prisão por causa de sua pregação supostamente inadequada e enganosa da Palavra de Deus. Com acesso ao apóstolo limitado, as pessoas tinham mais oportunidade de ouvir seus adversários, que alegou uma compreensão mais profunda e completa da fé. Como alguns cristãos de hoje, talvez tenham sentido que Paulo era antiquado, que não era mais relevante para atingir as pessoas sofisticadas de Roma.
- Outros podem ter argumentado que, se Paulo tinha sido completamente intransigente e fiel à fé ele teria sido martirizado há muito tempo antes. Portanto, ele deve ter feito um acordo com os romanos para proteger sua vida e garantir um tratamento favorável. Tais especulações fornecem alguma ideia razoável do que estava sendo dito a respeito de Paulo.
Qual o propósito de Paulo ao tocar nessa questão?
a) O propósito de Paulo enfrentar esta questão não era ganhar simpatia para si, muito menos retaliar seus detratores. Ele apontou, sim, que a fidelidade no ministério inclui motivos certos, bem como doutrina certa. Sempre houve aqueles cujo serviço na Igreja em grande medida é motivado por um desejo de ultrapassar os outros. Isso faz com que eles se ressintam daqueles que são respeitados e cujos ministérios são frutíferos. Tais pessoas, inevitavelmente criam inveja e porfia e, assim, fazem um grande dano a igreja de Cristo.
Quais os seus motivos? É possível proclamar o evangelho por motivações vãs?
1. Phthonos (inveja)
a) A inveja é o desejo de privar os outros do que é deles por direito, desejar o que não se tem, em menor grau. Foi "por inveja" que a multidão judaica (Mt 27:18) e os principais sacerdotes (Marcos 15:10) entregaram Jesus a Pilatos para ser crucificado. Entre as muitas características do mal de "impiedade e injustiça dos homens que detém a verdade em injustiça" (Rom. 1:18) está a inveja, listado ao lado de ganância, homicídio, contenda, engano, malícia, fofocas e outros pecados graves (Rom 1:29; 13:13, 1 Coríntios 1:11; 3:3, 2 Coríntios 12:20; Gal 5:19-21; 1 Tim 6:4; Tito 3:9
b) A inveja está intimamente relacionada com o ciúme, que é o desejo de ter o que outra pessoa possui. A partir do contexto, parece provável que os detratores de Paulo eram tanto invejosos e ciumentos do apóstolo. Eles invejavam a Paulo, suas bênçãos, seu intelecto, sua eficácia no ministério, e, talvez principalmente, o seu ser altamente respeitado e amado na igreja. Eles podem até ter inveja de seus encontros pessoais com o ressuscitado e exaltado Senhor Jesus Cristo (cf. Atos 9:1-6; 18:9-11; 22:17-18; 23:11). Consequentemente, como todos aqueles motivados pela inveja e ciúme, eles consideravam o apóstolo como uma ameaça a sua própria proeminência e influência na igreja.
2. Eris, se refere a contenção, porfia, dissensão.
a) Como ela é usada aqui, é frequentemente associada com a inveja e o ciúme, bem como com outras paixões pecaminosas, como a ganância e a maldade. A inveja leva a hostilidade, competição, e ao conflito.
3. Eritheia, discórdia, disputa, ambição egoísta, com explosões de egoísmo. Nas origens seu sentido não era de maneira nenhuma pejorativo; significava simplesmente trabalho pelo pagamento ou trabalho assalariado. Mas o homem que só trabalha pelo pagamento tem um motivo muito baixo: desempenha-se só para beneficiar-se, para proveito e lucro próprios e para seu prestígio sobre outros. De modo que o termo chegou a descrever o oportunista, o homem que desempenha um cargo para engrandecer-se a si mesmo. Nesta linha o termo se conecta com a política: significa buscar sufrágios para o cargo; descreve a busca do interesse pessoal e a ambição egoísta; pinta as ambições pessoais e o espírito de competição que tenta o próprio adiantamento sem preocupar-se dos meios a que se rebaixe a fim de chegar ao que se propõe. Nesta situação se encontravam aqueles que pregavam com mais esforço agora que Paulo estava preso; pois sua prisão lhes parecia uma oportunidade enviada do céu para incrementar sua própria influência e seu prestígio e seu partido eclesiástico, diminuindo os de Paulo.
4. Agnos, falta de sinceridade, impuramente, insinceramente.
5. Thlipsis, suscitar tribulação, pressão, fricção, a Paulo.

 II. Ortodoxos na doutrina, ortodoxos nos motivos
            Pregando o evangelho pelos motivos certos. Temos aqui, pelo menos quatro motivos. Ele pregavam o evangelho
1. De boa vontade. A palavra refere-se aos bons motivos e desejos dos quais nasce uma ação. Mas alguns também, Paulo continua a dizer com satisfação obvia, pregam o evangelho de boa vontade. Como inveja e porfia, a boa vontade (eudokia) refere-se a motivação, neste caso o motivo positivo de desejar o que é melhor para os outros. Os crentes em Roma, não só não criticaram Paulo, mas também com entusiasmo apoiaram e apreciaram seu trabalho. Seus motivos eram sem egoísmo. Eles eram simpáticos e gratos ao apóstolo por sua fidelidade na proclamação do evangelho e por seu ministério de amor a eles.
2. Por amor. Ao contrário dos detratores, os últimos (aqueles com boa vontade) pregavam a Cristo por amor. Apenas alguns anos antes, em sua primeira carta aos Coríntios, ele escreveu: (1 Cor. 13:1-3, 13). Neste contexto, parece que Paulo fala aqui principalmente de amor pessoal por ele. Aqueles crentes motivados pela boa vontade, sem dúvida, amavam o Senhor e uns aos outros, mas a ênfase aqui é sobre o seu amor ao apóstolo. Eles se preocupavam profundamente com ele e estavam preocupados com seu bem-estar pessoal, bem como com o impacto do seu ministério. Eles sabiam que ele não estava na prisão por causa de qualquer pecado secreto ou deficiência. Eles sabiam que ele não estava lá por causa de infidelidade, mas por causa da lealdade ao Senhor, não porque o seu trabalho foi um fracasso, mas porque foi um sucesso poderoso, não porque ele estava fora da vontade de Deus, mas porque ele estava no centro da mesma.
3. Reconhecendo e endossando seu ministério. Aqueles crentes sabiam que Paulo foi divinamente nomeado para a defesa do evangelho (cf. Fil. 1:7) e eram gratos pela sua obediência fiel. Keimai (nomeado), que tem o significado de deitado ou reclinado, passou a ser usado para um compromisso oficial. Nas forças armadas, foi utilizado para uma missão especial, como ficar de guarda ou defesa de uma posição estratégica. Paulo foi divinamente nomeado para a defesa do evangelho. Jesus declarou na conversão do apóstolo Paulo que foi escolhido "para levar o nome de [sua] perante os gentios e reis e os filhos de Israel" (Atos 9:15; Cf 13:2; Gal 1:15-16; Ef 3. :6-7). Sua prisão em Roma não era nem um acidente do destino, nem principalmente a decisão dos homens, nem mesmo a decisão de Paulo de apelar para Cesar (At 25:11). Acima de tudo, era parte integrante da sua missão divina para defender o evangelho. Neste caso, ele estava destinado a ser, em que a prisão por vontade de Deus, para que ele pudesse pregar o evangelho em Roma.
4. Inspirados em Paulo. Em verdade fala dos motivos e não da verdade do evangelho.
B. A REAÇÃO DE PAULO
1. O que realmente lhe importa não é bem o que eles lhe estão fazendo, e sim o que eles estão fazendo ao evangelho. Ele está indiferente a esses ataques contra si próprio, como se fora um homem sem reputação, ou um falso apóstolo. Sua única preocupação é a pregação de Cristo; este fato enche-o de alegria, tanto pelo presente como pelo futuro.
2. Aqui não está em jogo o conteúdo da mensagem, mas meramente a motivação de sua proclamação. Mesmo pessoas que realizam o trabalho sob a influência da inveja e do interesse próprio são de fato “arautos do Cristo”. E somente por ser verdadeiro o evangelho que estas pessoas anunciam Paulo consegue desconsiderar a motivação insincera.
3. Absolutamente nada pode roubar a alegria de Paulo dada por Deus. Ele era dispensável, o evangelho não. Sua privacidade e liberdade eram acidentais, e ele não se importava com reconhecimento pessoal ou crédito. Nem as cadeias dolorosas de Roma, nem a crítica ainda mais dolorosa dos cristãos poderia impedi-lo de alegrar-se, porque Cristo estava sendo anunciado e Sua igreja estava crescendo e amadurecendo (2 Coríntios 6:1-10).

Aplicação

1. Nem todos que proclamam o evangelho o fazem pelos motivos corretos.
2. Deus sempre honra Sua Palavra e Sua Palavra sempre produz frutos. "
3. Palavra de Deus é sempre poderosa, não importa os motivos de quem a proclama. A última coisa que o profeta Jonas queria que acontecesse era que Nínive se arrependesse por sua pregação, mas a mensagem que ele deu a partir de Deus produziu arrependimento, apesar de suas más intenções (cf. Jonas 4:1-9). Mesmo um pregador ou professor que é invejoso, ciumento e egoísta pode ser usado por Deus quando sua mensagem é fiel a Palavra.
4. O exemplo de Paulo de humildade altruísta mostra que as piores circunstancias são a maior alegria possível. Quando as coisas aparentemente seguras na vida começam a desmoronar, quando o sofrimento e a tristeza aumenta, os crentes devem ser arrastados cada vez mais para uma profunda comunhão com o Senhor. É então que eles vão experimentar a alegria duradoura, que o apóstolo conhecia tão bem. Esta alegria é muito maior e mais gratificante do que qualquer felicidade circunstancial fugaz. E essa alegria pura não vem por causa das circunstâncias, mas apesar deles e através deles.

  Bibliografia Consultada

Lopes, Hernandes Dias. Filipenses: a alegria triunfante no meio das provasSão Paulo: Hagnos, 2007.
Martin, Ralph P. Filipenses, introdução e comentário. São Paulo: Edições Vida Nova, 2011.
MacArthur, John. PhilippiansCHICAGO: MOODY PRESS, 2001. (Edição eletrônica)
Bruce, F.F. Filipenses. São Paulo: Editora Vida, 1992.
Wiersbe, Warren WComentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento (Vol. II).  Santo André: Geográfica editora, 2006.
CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento Interpretado versículo por Versículo (vol. V). São Paulo: Candeia, 1998.
Henry’s, Matthew. Comentário Bíblico do Novo Testamento: Atos a Apocalipse. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.

Hendriksen, William. Efésios e Filipenses: Comentário do Novo Testamento. São Paulo:Editora Cultura Cristã, 1992.

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