(Fl 1:12–14)
Introdução
Os versos 12-26 do capitulo um, formam uma perícope, um texto com sentido completo, e revelam quatro elementos da alegria de Paulo no ministério. Ele era alegre, apesar dos problemas, desde que a causa de Cristo progredisse (vv. 12-14); apesar dos detratores, contanto que o nome de Cristo fosse proclamado (vv. 15-18), a despeito da morte, enquanto o Senhor fosse glorificado (vv. 19-21), e apesar de estar na carne, enquanto a igreja fosse beneficiada (vv. 22-26).
A. OS PROBLEMAS NÃO IMPORTAM QUANDO A MENSAGEM DE CRISTO ESTÁ PROGREDINDO (1:12–14)
I. AS CADEIAS DE PAULO
1 – Esclarecendo as coisas - “Quero que saibam”
a) Um mal entendido. A expressão é a tradução de uma expressão comum em grego, que é frequentemente encontrada em cartas antigas. Expressões similares, tais como "eu quero que você entenda isso" ou "Eu quero que você saiba isso" hoje, são usadas para chamar a atenção para um ponto importante, especialmente um que pode ser facilmente perdido, mal interpretado, ou difícil de aceitar. Por outro lado, Paulo muitas vezes declarou que não queria que seus leitores fossem desinformados (cf. Rm 1:13; 11:25, 1 Co 10:1; 12:01, 2 Co 1:8; 1 Ts 4: 13). Agora que havia cerca de quatro anos desde que os filipenses tinham realmente ouvido qualquer palavra sobre ele - as duas prisões de dois anos tinham-no isolado deles - de alguma forma as notícias tinham chegado até Filipos que ele estava em Roma prisioneiro. E porque o amavam profundamente e havia um vínculo tão singular entre Paulo e a igreja de Filipos, de que falámos no início da série, eles são muito compassivos e compreensivos para com ele e eles querem saber qual era a sua condição. Por isso, enviam Epafrodito, para que o mesmo entregue a Paulo um presente e fique fazendo companhia ao velho apóstolo em Roma. A grande questão era o que aconteceria com Paulo e o evangelho agora, com sua prisão em Roma?
b) Um esclarecimento afetuoso. No presente versículo ele queria que seus amados irmãos entendessem que ele queria dizer exatamente o que ele disse. Apesar de suas circunstancias, Paulo não estava amargo ou desanimado, mas tinha grande motivo para se alegrar.
2 – Expondo os Fatos - “Aquilo que me aconteceu”
Como Paulo interpretava os acontecimentos desastrosos que lhe haviam sucedido?
a) Paulo não se concentra no seu sofrimento com autopiedade.
Paulo estava preso, algemado, impedido de viajar, de visitar as igrejas e de abrir novos campos, mas ao escrever para a igreja de Filipos não enfatiza seus sofrimentos, mas o progresso do evangelho. A Palavra é mais importante que o obreiro. O vaso é de barro, mas o conteúdo que tem no vaso é precioso. O que importa não é o bem-estar do obreiro, mas o avanço do evangelho.
b) Paulo via o seu passado a partir da perspectiva da soberania de Deus.
Literalmente "as coisas pertencentes ou relacionadas a mim." Ela é traduzida como "as minhas circunstâncias" em Efésios 6:21. Em Colossenses 4:7 é traduzido como "meus negócios." As circunstancias de Paulo, explica ele, eram terríveis a partir de uma perspectiva humana, mas da divina, contribuíam para o maior progresso do evangelho. Ele não ignora ou faz pouco caso da sua prisão (cf. 1:7, 14, 17; Cl 4:3,18; Fm 9, 13). Em vez de dificultar e restringir o seu ministério, as circunstancias difíceis de Paulo tinham feito exatamente o contrário (cf. 2 Cor. 12:9-10). E o que tinha sucedido com ele?
Hernandes Dias Lopes, no seu comentário da carta a Filipenses, faz um inventário dos sofrimentos de Paulo:
Em primeiro lugar, ele foi perseguido em Damasco (At 9.23-25). Depois de convertido na capital de Síria, Paulo anunciou Jesus naquela cidade (At 9.20,21). Dali foi para a região da Arábia, onde ficou cerca de três anos, fazendo uma reciclagem em sua teologia (Gl 1.15-17). Voltou a Damasco (Gl 1.17) e agora, não apenas prega, mas demonstra meticulosamente que Jesus é o Cristo (At 9.22). Então, em vez de ser acolhido, é perseguido. Precisa fugir da cidade para salvar sua vida (At 9.23-25). Aquela perseguição deve ter sido um duro golpe para Paulo.
Em segundo lugar, ele foi rejeitado em Jerusalém (At 9.26-28). Quando chegou em Jerusalém, na igreja-mãe, os apóstolos não confiaram nele. Paulo, então, sentiu a dor de ser rejeitado. A aceitação é uma necessidade básica da vida humana. Ninguém pode viver saudavelmente sem amor. Não somos uma ilha. Foi então que apareceu Barnabé, o filho da consolação para abraçá-lo, valorizá-lo e integrá-lo na vida da igreja (At 9.27).
Em terceiro lugar, ele foi dispensado do campo pelo próprio Deus (At 22.17-21). No apogeu da sua empolgação, no auge do seu trabalho, Deus mesmo aparece para ele em sonhos e o dispensa da obra. Deus o manda arrumar as malas e sair de Jerusalém. Paulo não entende e discute com Deus. Para ele, Deus estava cometendo um erro estratégico, tirando-o de cena. Deus, porém, não muda; é Paulo quem precisa mudar e mudar-se. E diz o texto sagrado, em Atos 9.31, que quando Paulo arrumou as malas e foi embora, a igreja passou a ter paz e a crescer. Esse foi um doloroso golpe no orgulho desse homem.
Em quarto lugar, ele foi esquecido em Tarso (At 9.30). Paulo ficou cerca de dez anos em sua cidade sem nenhuma projeção, fora dos holofotes, atrás das cortinas, em completo anonimato. Deus o esvazia de todas as suas pretensões. Golpeia seu orgulho e põe o machado na raiz de seus projetos mais acalentados.
Em quinto lugar, ele foi colocado na sombra de outro líder (At 13.2). Convocado por Barnabé para estar em Antioquia da Síria reinicia o seu ministério. Depois de um ano de intenso trabalho naquela igreja o Espírito Santo disse: “… separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado” (At 13.2). Note que os escolhidos não são Saulo e Barnabé, mas Barnabé e Saulo. Você já foi segundo alguma vez? Já ficou na sombra de outra pessoa? Já foi reserva de algum titular? Antes de ser um grande líder, Paulo precisou aprender a ser submisso. Quem nunca foi liderada dificilmente saberá como liderar.
Em sexto lugar, ele foi apedrejado e arrastado como morto na cidade de Listra (At 14.19). Paulo estava fazendo a obra de Deus, no tempo de Deus, dentro da agenda de Deus e mesmo assim, foi apedrejado. Mas, ele não ficou amargurado nem se decepcionou com o ministério. Ao contrário, prosseguiu fazendo a obra com alegria.
Em sétimo lugar, ele foi barrado por Deus no seu projeto (At 16.6-10). Paulo queria ir para a Ásia, mas Deus o impediu. Ele tinha uma agenda e Deus tinha outra. Paulo teve que abrir mão da sua vontade para abraçar a vontade de Deus. Importa ao obreiro obedecer, sempre!
Em oitavo lugar, ele foi preso e açoitado com varas em Filipos (At 16.19-26). Mesmo estando no centro da vontade de Deus, Paulo foi preso, açoitado com varas e jogado no cárcere interior de uma prisão. Em vez de ficar revoltado ou amargurado com as circunstâncias, ele orou e cantou à meia-noite e Deus abriu as portas da prisão e o coração do carcereiro.
Em nono lugar, ele foi escorraçado de Tessalônica e Beréia (At 17.5,13). Por onde ele passa, ele deixa o perfume do evangelho, mas os espinhos pontiagudos da perseguição o ferem. Ele foi enxotado dessas duas cidades em vez de ser recebido com honras.
Em décimo lugar, ele foi chamado de tagarela em Atenas e de impostor em Corinto (At 17.17.18; 18.12). Na capital da cultura, das artes e da filosofia, Paulo é chamado de tagarela e na agitada cidade de Corinto, onde trabalhou dezoito meses, Paulo foi considerado um impostor. As circunstâncias lhe parecem absolutamente desfavoráveis. Paulo parece um homem de aço, suporta açoites, cadeias, frio, desertos, fome, perigos, naufrágios, ameaças, sem perder a alegria (2Co 11.23-28; Gl 6.17).
Em décimo primeiro lugar, ele é preso em Jerusalém e acusado em Cesaréia (At 21.27,28; 23.31.22.1-9). Paulo estava levando ofertas de amor para os crentes pobres de Jerusalém quando foi preso no templo. Os judeus armaram ciladas para matá-lo e Paulo, então, foi levado para Cesaréia, onde durante dois anos foi acusado injustamente pelos judeus. Usando seu direito de cidadão romano, Paulo apelou para ser julgado em Roma (At 25.11,12). Aliás, não só Paulo queria ir a Roma (Rm 15.30-33), mas Deus também o queria em Roma (At 23.11).
Em décimo segundo lugar, ele enfrenta um naufrágio na viagem para Roma (At 27.9-28.1-10). Já que Deus o queria em Roma era de se esperar que a viagem fosse tranqüila. Mas, quando Paulo embarcou para Roma enfrentou uma terrível tempestade. Durante quatorze dias o navio foi açoitado com rigor desmesurado e todos os duzentos e setenta e seis prisioneiros perderam a esperança de salvamento, exceto Paulo (At 27.20-26). O navio pereceu, mas as pessoas foram salvas.
Em décimo terceiro lugar, ele foi mordido por uma víbora em Malta (At 28.1-6). A única pessoa atacada por uma víbora peçonhenta foi Paulo. Os malteses, apressadamente, fizeram um juízo errado dele, chamando-o de assassino. Parecia que tudo dava errado para Paulo. Mas, em vez de cair morto pelo veneno da víbora, ele curou os enfermos da ilha.
Em décimo quarto lugar, ele chegou preso em Roma (At 28.16). Paulo chegou em Roma não como missionário, mas como prisioneiro, sem pompa, sem comissão de recepção, sem holofotes. Mas, longe de ficar frustrado, ele diz para à igreja de Filipos que todas essas coisas contribuíram para o progresso do evangelho. Ele não se considera prisioneiro de César, mas de Cristo (Ef 4.1).
3 – Aplicando os Fatos - “Para o progresso do evangelho”.
Paulo vê essas circunstancias como abertura de novos caminhos para o evangelho.
a) William Barclay diz que a palavra que Paulo usa para o “progresso do evangelho” é muito expressiva, prokope. Este termo se usa particularmente para designar o avanço de um exército ou uma expedição. O substantivo provém do verbo prokoptein que significa “derrubar de antemão” e se aplica ao corte de árvores e a toda remoção de impedimentos que obstaculizavam a marcha do exército. Ralph Martin diz que este termo grego prokope significa mais especificamente, “avanço a despeito de obstruções e perigos que bloqueiam o caminho do viandante”. Warren Wiersbe, por sua vez, entende que o termo prokope significa “avanço pioneiro”, ou seja, um termo militar grego que se referia aos engenheiros do exército que avançavam à frente das tropas para abrir caminho em novos territórios. Assim, a prisão de Paulo longe de fechar as portas, ela as abre; longe de ser uma barreira, desobstrui o caminho a novos campos de trabalho que jamais seriam alcançados de outra forma.
b) A resistência é, portanto, inerente a esse tipo de progresso, e ninguém sabia melhor do que Paulo como é inevitável a resistência de Satanás (1 Ts 2:18) e do mundo (1 Jo 2:15-16) para o progresso do evangelho. Resistência por Roma pagã havia colocado em sua presente prisão de dois anos, e a resistência por líderes judeus incrédulos prenderam-no em Cesárea por dois anos antes (At 24:27). Ele explicou aos coríntios que, embora "uma larga porta para o serviço eficaz se me abriu, ... há muitos adversários" (1 Co 16:9). Aos tessalonicenses, ele escreveu: "Depois que já havia sofrido e sido maltratados em Filipos, como sabeis, tivemos a ousadia de nosso Deus falar-lhe o evangelho de Deus em meio a muita oposição" (1 Ts 2:2.). Ele encorajou Timóteo, “Lembre-se de Jesus Cristo, ressuscitado dentre os morto, descendentes de Davi, segundo o meu evangelho, pelo qual sofro mesmo a prisão como um criminoso, mas a palavra de Deus não está presa. Por esta razão, tudo suporto por causa daqueles que são escolhidos, para que também eles alcancem a salvação que está em Cristo Jesus e com ele a gloria eterna "(2 Tm. 2:8-10). Longe de lamentar, ressentindo-se, ou reclamando de suas dificuldades, Paulo reconheceu-as como um elemento inevitável do ministério. Ex. Pregação de João Bunyan era tão popular e poderosa, e tão inaceitável para os líderes da Igreja do século XVII, da Inglaterra, que ele foi preso, a fim de silencia-lo. Paulo podia dizer aos seus perseguidores o que disse José a seus irmãos depois que eles o venderam como escravo: "Não fostes vos que me enviastes para cá, senão Deus, e Ele me fez por pai a Farão, e senhor de toda a sua casa e governador de toda a terra do Egito .... Como para você, intentastes o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem "(Gn 45:8; 50:20).
II. OS RESULTADOS DAS SUAS CADEIAS
Paulo focou em duas importantes conquistas de seu ministério, em primeiro lugar sobre o progresso do evangelho fora da igreja (v. 13) e, em seguida, em seu progresso dentro da igreja (v. 14).
Antes de tocarmos nestes pontos, precisamos esclarecer algumas palavras e instituições referidas no texto.
a) Prisão é desmon, que literalmente refere-se a uma preisão, como o que se faz com uma corrente ou cabo. Por extensão, o termo passou a ser usado para qualquer restrição ou confinamento forçado, em particular de um prisioneiro. Falando a um grupo de líderes judeus em Roma, durante o tempo que ele escreveu Filipenses, Paulo menciona "vestindo esta cadeia por causa da esperança de Israel" (Atos 28:20), e em Efésios ele falou de ser "um embaixador em cadeias "(Ef. 6:20).
b) "Cadeias" (de halusis) eram um pouco mais de uma algema moderna, cerca de 18 centímetros de comprimento. Uma extremidade era anexada ao pulso do prisioneiro e a outra no pulso do guarda. A cadeia não era removida do prisioneiro enquanto estava sob custódia, fazendo com a fuga e a privacidade fosse impossível. Embora o apóstolo estivesse autorizado a viver em quartos privados (Atos 28:30), ele foi acorrentado desta maneira a uma série de soldados por um período de dois anos. Ao longo desses anos, é possível que várias dezenas de soldados diferentes fossem atribuídos a guarda de Paulo, cada um tornando-se seu público cativo. Se eles já não estivessem conscientes disso, os soldados logo vieram a perceber que esse homem extraordinário, não foi preso por cometer um crime, mas por pregar o evangelho. Sua fidelidade à causa de Cristo logo se tornou conhecido por toda a guarda pretoriana e por todos os outros.
c) Praitōrion (guarda pretoriana) originalmente se referia a tenda de um comandante do exército, depois a residência de oficiais de alta patente militar, e ainda mais tarde a de qualquer pessoa rica ou influente. Nos Evangelhos, é usada para a residência do governador romano em Jerusalém (cf. Mt 27:27; Marcos 15:16, Joao 18:28, 33; 19:9). Em Atos 23:35 o palácio do governador em Cesárea é chamado Pretório de Herodes. Alguns comentaristas, portanto, tomam a referência em Filipenses 1:13 para representar o quartel da guarda pretoriana. Mas a frase seguinte (e todas as outras) indicam que Paulo estava falando de pessoas, não um lugar. A guarda pretoriana era originalmente composta por cerca de dez mil soldados escolhidos a dedo. Ela tinha sido estabelecida por César Augusto, que era o imperador no momento do nascimento de Jesus (Lucas 2:1). Estes homens foram dispersos estrategicamente por toda a cidade de Roma para manter a paz em geral e especialmente para proteger o imperador. Mais tarde os imperadores aumentaram os seus números, e Tibério construiu para eles um acampamento fortificado visível para se certificar de que eles tevessem uma presença de alto nível em Roma. Os membros da guarda pretoriana serviam por 12 (mais tarde dezesseis) anos, após o qual eram atribuídos as maiores honras e privilégios, inclusive indenização muito generosa. Eventualmente, eles se tornaram tão poderosos que eram considerados "figurões", que não só protegiam, mas também escolhiam os imperadores.
1. Primeiro, ele se alegrou de que sua prisão pela causa de Cristo tornou-se conhecida por toda a guarda pretoriana e por todos os outros.
a) Os resultados da estadia de Paulo em Roma eram previsíveis. Além de ouvir a sua pregação e ensino, os soldados também experimentaram em primeira mão a sua graça, sua paciência e perseverança notável em grande aflição, a sua sabedoria, suas convicções profundas, sua autenticidade, a sua humildade, e seu verdadeiro amor e preocupação por eles. Eles estavam cientes das falsas acusações feitas contra ele em Cesárea e o risco pessoal que ele tinha tomado, apelando para Cesar. Tanto a mensagem dele e de seu personagem teve um profundo impacto sobre os soldados de elite, endurecidos e influentes. Como muitos da guarda pretoriana se tornaram cristãos. Foi, sem dúvida, através desses homens que os membros da própria família de Cesar foram convertidos (4:22).
b) A notícia sobre Paulo espalhada por toda a cidade de Roma (por todos os outros), e por dois anos, muitos o visitaram "em seus próprios quartos alugados, [onde] foi acolhendo todos os que vieram a ele, pregando o reino de Deus e ensinando sobre o Senhor Jesus Cristo com toda a franqueza, sem impedimento algum "(Atos 28:30-31). O que a maioria das pessoas, incluindo muitos cristãos, parecem ter visto como um completo desastre foi uma oportunidade inigualável para o progresso do evangelho.
2. Segundo, ele se alegrou de que sua prisão pela causa de Cristo estimulou os irmãos a testemunhar de Cristo.
a) Perseverança fiel de Paulo não só foi ganhando adeptos fora da igreja, mas também fortalece e encoraja os crentes dentro da igreja. A coragem e fidelidade do apóstolo durante seu confinamento causou na maioria de seus irmãos e companheiros, tanto em Roma e mais além, mais confiança no Senhor e muito mais coragem para falar a palavra de Deus sem medo. Sua influência foi generalizada e de longo alcance. Não era apenas alguns crentes, mas a maioria dos irmãos, que foram incentivados por sua prisão. Apesar de influente e perturbador, os que criticaram e caluniaram Paulo (1:15, 17) estavam em minoria.
b) A implicação é que, antes de sua prisão, os crentes estavam com medo, ou pelo menos relutantes, em compartilhar abertamente sua fé. A hostilidade a esta nova seita do judaísmo, como era comumente considerada por todo o império, foi crescendo. Não foram só os lideres judeus que intensificam sua oposição e perseguição, mas os pagãos também começaram a ver o cristianismo como uma ameaça tanto para a sua religião como para a sua subsistência (Atos 19:23-41). Destacamos aqui, quatro pontos importantes:
1. O alcance do estímulo (1.14). Este estímulo atingiu a maioria dos crentes, mas nem todos. A igreja de Roma estava dividida. A divisão não era doutrinária, mas motivacional. É muito raro você contar com unanimidade na igreja quando se trata da fazer a obra de Deus. É importante ressaltar que não são apenas os líderes (1.1) que estão engajados no testemunho do evangelho, mas os crentes. Todos são luzeiros a brilhar (2.15). Esse conceito contemporâneo de que só os obreiros devem anunciar a Palavra de Deus é uma terrível distorção da doutrina do sacerdócio universal dos crentes.
2. A fonte do estímulo (1.14). Aqueles irmãos da igreja de Roma estavam sendo estimulados não por Paulo, mas estimulados “no Senhor” pelas algemas de Paulo. Só o Senhor Jesus pode motivar pessoas à obra da evangelização.
3. A razão do estímulo (1.15,16). Enquanto alguns crentes estavam pregando o evangelho por inveja e porfia, outros o faziam de “boa vontade e por amor”. O verbo “pregar” keryssein, significa fazer a obra de um arauto, isto é, transmitir fiel e claramente o que alguém, uma autoridade superior tem ordenado proclamar.
4. O resultado do estímulo (1.14). O resultado é que a maioria dos irmãos da igreja de Roma “ousam falar com mais desassombro a palavra de Deus”. O que realmente eles falam é a palavra de Deus (1.14), e isso revela que a mensagem não vem deles mesmos, mas é a verdade de Deus. A substância da mensagem que eles pregavam é Cristo (1.15,17,18).
CONCLUSÃO
1. Liberdade para proclamar o evangelho esta compreensivelmente estimado hoje pelos cristãos no chamado mundo livre. Mas muitos, se não a maioria, das grandes expansões da fé e reavivamentos espirituais dentro da igreja vieram durante os tempos de oposição e perseguição.
2. As circunstancias de Paulo estavam além da capacidade de compreensão da maioria das pessoas. No entanto, ele era um modelo de alegria, contentamento e paz. Essas qualidades interiores, obviamente, não foram baseadas em seu conforto físico, seus bens, sua liberdade, sua autossatisfação, ou a sua reputação e prestígio. Elas estavam inteiramente baseadas em sua confiança em seu Senhor gracioso e soberano e seu prazer no progresso do evangelho.
3. Quando existe determinação, olha-se para as circunstancias como oportunidades de Deus para o avanço do evangelho, e há regozijo com aquilo que Deus fara em vez de queixas por aquilo que Deus não fez.
4. Talvez nossas cadeias não sejam tão dramáticas ou difíceis, mas, sem dúvida, Deus pode usa-las da mesma forma.
Bibliografia Consultada
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BRUCE, F.F. Filipenses. São Paulo: Editora Vida, 1992.
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WIERSBE,
Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento (Vol. II). Santo
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R.N. O Novo Testamento Interpretado versículo por Versículo (vol. V). São
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Matthew. Comentário Bíblico do Novo Testamento: Atos a Apocalipse. Rio de
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HENDRIKSEN,
William. Efésios e Filipenses: Comentário do Novo Testamento. São Paulo:Editora
Cultura Cristã, 1992.
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