quinta-feira, 24 de outubro de 2019

COMO ERAM AS MANIFESTAÇÕES DO ESPÍRITO SANTO NO ANTIGO E NO NOVO TESTAMENTO?


O Evangelho de João relata uma passagem da vida de Jesus que leva algumas pessoas a entender que o Espírito Santo não agia entre o povo de Deus antes da vinda de Cristo. Diz o texto:

No último dia, o mais importante da festa, Jesus se levantou e disse em alta voz: “Quem tem sede, venha a mim e beba! Pois as Escrituras declaram: ‘Rios de água viva brotarão do interior de quem crer em mim’”. Quando ele falou de “água viva”, estava se referindo ao Espírito que seria dado mais tarde a todos que nele cressem. Naquela ocasião o Espírito ainda não tinha sido dado, pois Jesus ainda não havia sido glorificado.

João 7.37-39

Nessa passagem, Jesus estava se referindo à vinda do Espírito Santo no dia de Pentecostes, em cumprimento às promessas da antiga aliança. Os profetas haviam avisado que o Messias inauguraria seu reino acompanhado do Espírito Santo, com paz e prosperidade. Segundo as profecias, era o Messias quem haveria de conceder o Espírito Santo.

Portanto, a referência que Jesus faz nessa passagem não é tanto ao que acontece individualmente, mas à sequência histórica, até porque o texto nos revela que Jesus seria glorificado e, depois, o Espírito Santo viria. Ora, Jesus já estava glorificado! Afinal, ele era o Filho de Deus! Assim, a referência é ao momento histórico em que Jesus ressuscita, sobe aos céus e é exaltado à direita de Deus.

O evento histórico seguinte é o derramamento do Espírito Santo sobre a Igreja. Logo, a referência é à história da salvação e não à ordem da salvação individual. Consequentemente, esse versículo não pode ser usado para dizer que antes da glorificação de Jesus o Espírito Santo não habitava nas pessoas. O que ocorria é que ele ainda não viera, oficialmente, a fim de capacitar a Igreja a cumprir a missão de evangelizar o mundo.

Precisamos reconhecer que esse entendimento não é unanimidade entre os teólogos; há polêmicas a respeito. Existem, basicamente, duas posições: primeiro, há quem defenda que, na época do Antigo Testamento, o Espírito Santo não habitava nos salvos. Assim, pessoas como Abraão, Isaque, Jacó, os profetas, os juízes, os libertadores de Israel e os homens piedosos entre os israelitas não seriam habitação do Espírito Santo. Os defensores dessa linha creem que o Espírito Santo agia neles e por meio deles, mas não morava neles de forma permanente.

Entre os textos que os adeptos dessa interpretação costumam usar para embasar sua posição estão, além da passagem de João 7.37-39, o episódio em que Saul profetizou e “o Espírito de Deus veio poderosamente” sobre ele (1Sm 10.10), e as palavras do rei Davi, que, ao pecar e se arrepender, orou: “Não me expulses de tua presença e não retires de mim teu Santo Espírito” (Sl 51.11). Então, os adeptos dessa linha teorizam que o Espírito Santo podia entrar e sair das pessoas sem habitar permanentemente nelas. Logo, por esse pensamento, as pessoas tinham fé, eram salvas e iam para o céu, mas o Espírito Santo não habitava nelas.

Entendo que, por algumas razões, esse pensamento é falacioso. Primeiro, é impossível uma pessoa crer, se converter e ser regenerada sem que haja uma operação do Espírito Santo em seu coração. Mais que isso, é impossível ela se manter nesse estado a menos que o Espírito Santo a preserve nessa situação, o que significa que é impossível alguém se converter e permanecer temente e fiel a Deus sem que o Espírito Santo lhe dê assistência constante, fazendo-o perseverar, dando-lhe ânimo, convencendo-o de seus pecados, encorajando-o, guiando seu entendimento e mortificando o pecado em seu coração.

Em outras palavras, as pessoas se convertiam no Antigo Testamento da mesma forma que se convertem atualmente. A obra de salvação efetuada pelo Espírito Santo no Antigo Testamento é análoga à feita hoje: ele convencia do pecado e regenerava o pecador, que, então, expressava sua fé em Deus mediante os sacrifícios no templo.

Para não deixar dúvidas, preciso explicar as passagens mencionadas anteriormente, a respeito de Saul e Davi.

O fato de que o Espírito Santo veio sobre Saul e ele foi usado por Deus não quer dizer que Saul era regenerado. O Espírito Santo vinha sobre pessoas, fossem elas salvas ou não. Temos de fazer uma distinção entre a habitação do Espírito Santo em nosso coração e a sua vinda sobre nós como capacitação. Assim, Saul, que sabemos não ter sido um crente verdadeiro, foi usado pelo Espírito Santo, porque Deus usa quem quer. Lembremos que ele usou Judas com sinais, prodígios e maravilhas e o capacitou a expelir demônios, embora aquele homem não fosse regenerado. Podemos entender o mesmo de Saul.

Já as palavras de Davi no salmo 51 não se referem à presença salvadora do Espírito Santo no seu coração, mas à unção do Espírito Santo para que ele fosse rei, líder do povo de Deus. Ele não queria perder essa unção — é a isso que ele se refere.

Ainda no Antigo Testamento, podemos nos lembrar de João Batista, afinal, ele foi um profeta do período da antiga aliança, embora sua história seja relatada no Novo Testamento, uma vez que viveu antes de Pentecostes. A Bíblia diz que João Batista foi cheio do Espírito Santo já no ventre da sua mãe.

Outro episódio significativo é o diálogo entre Jesus e seus discípulos, quando o Senhor vai lavar os pés de Pedro e o pescador se recusa a aceitar esse gesto. É quando Jesus lhe diz: “A pessoa que tomou banho completo só precisa lavar os pés para ficar totalmente limpa. E vocês estão limpos” (Jo 13.10). Com essas palavras, Cristo deixa claro que aqueles homens já eram convertidos. Logo, o que aconteceu no dia de Pentecostes foi a vinda do Espírito Santo a fim de capacitar os cristãos a cumprir aquilo que Jesus havia dito e não para habitar em indivíduos em quem não habitava antes.

Jesus disse aos discípulos: “Vão ao mundo inteiro e anunciem as boas-novas a todos” (Mc 16.15) e “Vocês receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês, e serão minhas testemunhas em toda parte: em Jerusalém, em toda a Judeia, em Samaria e nos lugares mais distantes da terra” (At 1.8). Portanto, o Pentecostes foi o momento em que o Espírito Santo veio com poder e plenitude sobre a Igreja, para capacitá-la a exercer a sua missão. Fica claro que o Espírito Santo salvou na época do Antigo Testamento da mesma forma que salva na época do Novo. Mas, claro, há uma diferença.

No Novo Testamento, na nova aliança iniciada no dia de Pentecostes, todo cristão recebe a capacitação do Espírito Santo, por meio de diferentes dons. Antes, o Espírito Santo vinha sobre reis, sacerdotes, juízes e profetas a fim de capacitá-los, mas não sobre todo o povo. Essa é, portanto, a diferença do Antigo para o Novo Testamento no que se refere ao Espírito Santo. É uma distinção quantitativa e não qualitativa.


Fonte: NICODEMUS, Augustus. Cristianismo facilitado: respostas simples para questões complexas. São Paulo: Mundo Cristão, 2019. [recurso eletrônico]

segunda-feira, 8 de julho de 2019

LEGALISMO



Texto Bíblico de Referência: Mt 23.1-8
O Novo Testamento considera a obediência cristã como a prática de "boas obras". Os cristãos são "ricos de boas obras" (1 Tm 6.18; cf. Mt 5.16; Ef 2.10; 2 Tm 3.17; Tt 2.7,14; 3.8,14).
À luz dos textos que lemos, o que é uma “boa obra”?
Uma boa obra é aquela feita segundo:
1)    O PADRÃO CORRETO, isto é, segundo a vontade revelada de Deus;
2)    A MOTIVAÇÃO CORRETA, ou seja, no amor a Deus e aos outros;
3)    O PROPÓSITO CORRETO, isto é, a glória de Deus.
E quanto ao legalismo? Como poderíamos definir o legalismo?
O legalismo é uma DISTORÇÃO da obediência que nunca pode produzir boas obras nesse sentido.
O que o legalismo distorce com respeito à obediência?
O legalismo distorce a MOTIVAÇÃO e o PROPÓSITO, vendo as boas obras como meio de se obter o favor de Deus (Mt 19.16-30; Mt 23; Lc 15.25-32; 18.9-14).
Quais os resultados práticos do legalismo?
1) O legalismo pode levar à arrogância e a desdenhar daqueles que não agem de acordo com os seus padrões (Lc 15.25-32).
2) O propósito egoísta do legalismo exclui do coração a bondade e a compaixão (Mt 23.23).
Quais os tipos de legalismo descritos no Novo Testamento?
No Novo Testamento, encontramos diferentes espécies de
legalismo.
1) Os legalistas entre os FARISEUS pensavam que, por serem descendentes de Abraão, tinham aprovação garantida da parte de Deus, enquanto, paradoxalmente, formalizaram a observância diária da lei, em seus mínimos detalhes, como regra de vida. Agindo desse modo, eles evitavam aquilo que a lei verdadeiramente exigia.
2) Os JUDAIZANTES eram legalistas que ensinavam aos cristãos que eles precisavam ir além e tomar-se judeus, submetendo-se à circuncisão e observando o calendário religioso e as leis rituais, e, deste modo, obterem o favor de Deus.
Por quem e como essas formas de legalismo foram combatidas?
Jesus atacou o legalismo dos fariseus, e Paulo, o dos judaizantes.
1) Os fariseus que se opunham a Jesus consideravam-se fiéis guardadores da lei mosaica. Contudo, dando ênfase aos menores detalhes, negligenciavam o que era mais importante (Mt 23.23-24). Suas interpretações elaboradas e desencaminhadas da lei negavam seu verdadeiro espírito e propósito (Mt 15.3-9; 23.16-24). Substituíam a lei autorizada de Deus pelas tradições humanas, subjugando as consciências onde Deus as havia deixado livres (Mc 2.16—3.6; 7.1-8). No íntimo, eram hipócritas, pois buscavam a aprovação humana para si mesmos e condenavam os outros (Lc 20.45-47; Mt 6.1-8; 23.2-7).
2) Os judaizantes aos quais se opunha Paulo acrescentavam ao evangelho exigências para a salvação, exigências estas que obscureciam e negavam a suficiência absoluta de Cristo (Gl 3.1-3; 4.21; 5.2-6). A ideia de que era necessário acrescentar exigências para aperfeiçoar o evangelho era a raiz do erro deles. Paulo se opõe a essa ideia, não importando quem a propusesse (Cl 2.8-23), porque ela corrompia o caminho da salvação.
Conclusão
Assim como Jesus, Paulo não tolerava aqueles que traziam novos fardos para sobrecarregar as ovelhas. Do mesmo modo, nós também temos que nos opor a toda forma de legalismo e nos apegar somente à Cristo.
Fonte: Nota Teológica retirada da Bíblia de Estudo Genebra.

CONSAGRAÇÃO TOTAL A DEUS


Texto Bíblico: Rm 12.1-2.
Introdução
Romanos 12:1–2 é uma das passagens mais conhecidas do NT. Sua fama é justificada: aqui Paulo sucintamente e com imagens vívidas resume como deveria ser a resposta cristã à graça de Deus em Cristo. Os versos têm um papel fundamental em Romanos. Por um lado, eles olham para o argumento dos cap. 1–11. Enquanto Paulo tem em vista todos esses capítulos, os links verbais e temáticos apontam para dois textos como particularmente significativos. O primeiro é Romanos 1, cuja espiral descendente de adoração falsa e tola (cf. v. 25) e mentes corrompidas (cf. v. 28) encontra agora a sua inversão no culto “razoável” dos cristãos e na mente renovada. O segundo é Romanos 6, cuja breve menção da necessidade dos cristãos “se apresentarem” (vv. 13 e 19) como “vivos dentre os mortos” (v. 13) é aqui reiterada e expandida. Ao mesmo tempo, 12:1–2 é o cabeçalho de tudo o que se segue em 12:3–15:13.
I. O APELO DE PAULO PARA A CONSAGRAÇÃO TOTAL DO EU A DEUS.
“Rogo-vos”
Este termo é comum na literatura paulina (por exemplo, Rm 15:30; 16:17; 1 Co 4:16; 16:15; Fm 10), e muitas vezes introduz uma seção em uma carta (1 Co 1:10; 2 Co 10:1; Ef 4:1; Fp 4:2; 1 Ts 4:1; 1 Tm 2:1).
A expressão significa uma questão urgente colocada como um pedido. A exortação vem com autoridade, mas a autoridade de um pregador que é o mediador da verdade de Deus, em vez da autoridade de um superior emitindo uma ordem.
Por isso, as exortações paulinas não contêm meramente bons conselhos ou suas preferências. Elas representam a vontade autorizada de Deus e são impostas às igrejas de maneira solene. À luz do que Deus fez em Cristo, os crentes são convocados a obedecer às injunções do apelo.
“Portanto/pois”
            Paulo quer mostrar que as exortações da seção 12:1-15:13 são construídas firmemente sobre a teologia dos capítulos 1-11.
II. A CAUSA DO APELO DE PAULO PARA A CONSAGRAÇÃO TOTAL DO EU A DEUS.
“Por causa das misericórdias de Deus”
A expressão sublinha a conexão entre o que Paulo agora pede aos seus leitores que façam e o que ele lhes disse anteriormente na carta sobre o que Deus fez por eles. Tudo o que Paulo escreveu na carta até agora pode ser resumido sob a epígrafe da misericórdia de Deus em ação. Paulo acabou de resumir essa misericórdia universal de Deus (11:30-32) e expressou louvor a Deus por isso (11:33-36). O que Paulo pede no verso 1 - e, por extensão, em toda a seção de 12:2–15:13 - não é mais (nem menos!) do que a resposta apropriada e esperada à misericórdia de Deus como a experimentamos.
Que a misericórdia de Deus não produz automaticamente a obediência que Deus espera é clara dos imperativos nesta passagem. Mas a misericórdia de Deus manifestada na obra de renovação interior de seu Espírito (v. 2) nos impele para a obediência que o evangelho exige.
III. A RESPOSTA ADEQUADA AO APELO DE PAULO PARA A CONSAGRAÇÃO TOTAL DO EU A DEUS.
“Apresenteis”
É um termo técnico para a apresentação de um sacrifício, significando literalmente “colocar de lado” para qualquer propósito, pôr à disposição; ofertar.
A palavra está no tempo presente. Paulo simplesmente nos ordena a fazer esta oferta, não dizendo nada sobre quantas vezes ela precisa ser feita.
“Os vossos corpos”
Não é apenas o que podemos dar que Deus exige; Ele exige o doador. 
 A palavra "corpos" aqui se refere à pessoa como um todo e enfatiza que a consagração a Deus envolve toda a pessoa. Não se pode consignar dedicação a Deus ao espírito e negligenciar o corpo. O compromisso genuíno com Deus abrange todas as áreas da vida e inclui o corpo em toda a sua particularidade e concretude.
Paulo está enfatizando que o sacrifício que somos chamados a fazer requer uma dedicação ao serviço de Deus na vida cotidiana e muitas vezes ambígua deste mundo.
“Como um sacrifício”
O uso de imagens sacrificiais por Paulo aqui se ajusta a um padrão encontrado em todo o NT. Os cristãos não oferecem mais sacrifícios literais; porque Cristo cumpriu e, assim, pôs fim ao sistema sacrificial do AT. Mas a centralidade do sacrifício na religião antiga tornou-se um veículo natural e inevitável para os primeiros cristãos expressarem suas próprias convicções religiosas. Ao mesmo tempo, o uso da linguagem cultual pelo NT tem uma importante função histórico-salvífica e polêmica, reivindicando para o cristianismo o cumprimento daquelas instituições tão centrais para o AT e para o judaísmo. Os cristãos não oferecem sacrifícios de sangue sobre um altar; mas eles oferecem “sacrifícios espirituais” (1 Pedro 2:5), tais como o “sacrifício de louvor a Deus, que é o fruto de lábios que reconhecem o seu nome” (Hb 13:15). Em Rom. 15:16, Paulo descreve sua própria obra missionária em termos cultuais (veja também Filipenses 2:17; e veja Filipenses 3:3 e 4:18). Em Romanos 12:1, no entanto, o sacrifício que oferecemos não é uma forma específica de louvor ou serviço, mas nossos próprios "corpos".
“Vivo, Santo e agradável a Deus”
Paulo qualifica o sacrifício que oferecemos com nossos corpos com três adjetivos:
“Vivo”. A palavra "vivo" denota o estado espiritual dos crentes. Eles estão agora “vivos para Deus em Cristo Jesus” (Romanos 6:11, 13; 8:13). São precisamente aqueles que estão vivos em Cristo que são chamados a dar suas vidas a ele como sacrifício.
“Santo”. Denota algo separado e dedicado a Deus em oposição a algo comum ou profano. Os crentes romanos são chamados “santos” (1: 7) por causa do Espírito Santo “dado” a eles (5: 5), que os “santificou” (15:16), e que os capacita para   justiça, alegria, esperança, paz (14:17; 15:13).
Agradável a Deus. Expressa o resultado de sacrifícios que são “vivos” e “santos”, na medida em que recebem o favor divino (ver Fp 4:18). 

IV. A CONSAGRAÇÃO TOTAL DO EU A DEUS COMO O CULTO ADEQUADO.
“Que é o Vosso culto racional”
Racional
Paulo usou o termo grego λογικός com o significado "racional" ou "razoável", como era comum na língua grega. Seu propósito ao fazer isso era enfatizar que entregar todo o seu eu a Deus é eminentemente razoável. Visto que Deus tem sido tão misericordioso, a incapacidade de dedicar sua vida a ele é o cúmulo da loucura e da irracionalidade.
Culto
A palavra λατρείαν é outro termo cultual. O que é notável é que Paulo aplicou a linguagem do culto à existência cotidiana. A adoração descrita não se refere a assembleias públicas, mas ao ceder de toda a vida a Deus na realidade concreta da existência cotidiana. A atividade e linguagem que focalizaram o culto no AT agora são estendidas para abranger todas as facetas da existência do crente. Neusner (1971) enfatizou como os fariseus expandiram sua concepção de pureza para que incluísse a vida cotidiana. Paulo faz a mesma coisa, mas de uma maneira muito diferente. A adoração e os sacrifícios do AT não podem mais ficar confinados ao culto. 
Ele entende o culto do AT como sendo agora cumprido porque a nova era é inaugurada. O chamado para adorar faz com que o tema da carta ressurja, pois o pecado fundamental é a falha em adorar a Deus (veja 1:25). Aqueles que adoram a Deus entregam suas vidas inteiras a ele para que ele seja honrado e elogiado em tudo o que fazem.
Reuniões regulares de cristãos para louvor e edificação mútua são apropriadas e, de fato, ordenadas nas Escrituras. E o que acontece nessas reuniões é certamente “adoração”. Mas esses momentos especiais de culto corporativo são apenas um aspecto do culto contínuo que cada um de nós deve oferecer ao Senhor no sacrifício de nossos corpos dia a dia.
“A adoração cristã não consiste naquilo que é praticado em locais sagrados, em tempos sagrados e com atos sagrados ... É a oferta da existência corpórea na esfera outrora profana”.
Esta “adoração verdadeira e apropriada” não se realiza através da veneração de imagens finitas encontradas na idolatria greco-romana (1:24), nem na busca de virtude pelo filósofo ou rabino (2:1-16), nem no serviço do templo de Jerusalém (9:4). Tal é substituído pela morte sacrificial de Cristo (3:24-25). É o serviço corpóreo de uma comunidade em seu modo de vida que agrada a Deus.

segunda-feira, 1 de julho de 2019

PALAVRAS QUE CURAM

Texto Bíblico: Pv 15.4

“Uma pessoa delicada e amável no falar ajuda os outros a viver; quem é grosseiro e implicante desanima qualquer um” (BÍBLIA VIVA).

“As palavras bondosas nos dão vida nova, porém as palavras cruéis desanimam a gente” (NTLH). 

INTRODUÇÃO

· A linguagem é um dos ingredientes da imagem de Deus refletida pela humanidade.

O fato de falarmos é um sinal óbvio de que Deus nos criou. Deus usa palavras. Deus usa palavras porque Ele é uma Trindade. Animais não. Você pode ensinar um papagaio a dizer algumas palavras, mas não consegue calar uma criança! As palavras nos marcam como humanos criados à imagem de Deus. Em Gn 2:19, Adão continua o trabalho que Deus começou, usando a linguagem para ordenar o mundo.

· A linguagem estrutura todas as nossas relações: com Deus, conosco, com os outros e com a natureza. 

Sem signos não há comunicação. E sem comunicação não há cultura, sociedade, comunidade, família, comunhão com Deus, etc.

· A linguagem é por natureza ambígua, presta-se a muitos mal entendidos.

O que dizemos ao outro é codificado e decodificado de modo contextual. Há muitos ruídos na comunicação.

· A linguagem, de acordo com o livro de Provérbios, tem o poder de dar e tirar vida.

Como Deus, usamos palavras para criar confiança e formar relacionamentos e construir comunidade. Mas, ao contrário de Deus, usamos palavras para destruir a confiança e quebrar relacionamentos e dividir a comunidade. Como Deus, usamos palavras para tocar outro coração em um nível profundo. Mas, ao contrário de Deus, usamos palavras para quebrar outro coração em um nível profundo.

Ideia Principal do sermão: O que uma pessoa diz pode trazer cura ou dano.

Vejamos mais detidamente o texto.

I. O EFEITO TERAPÊUTICO DA COMUNICAÇÃO

O provérbio pega a imagem da história do Gênesis para sugerir o poder restaurador da fala. A história do Éden é tão familiar para nós que poderíamos esperar que a árvore da vida se tornasse um clichê cansado de qualquer coisa desejável que fosse difícil de obter. Mas, de fato, a imagem aparece no Antigo Testamento apenas em Gênesis e Provérbios. Em Provérbios ela caracteriza a fala sábia e outras marcas da sabedoria (Pv 3:18; 11:30; 13:12). 

A inferência parece ser que falar com sabedoria indica o caminho de volta ao Éden. Mais do que qualquer outra esfera da atividade humana, a fala tem o potencial de efetuar a cura no nível mais profundo. É uma árvore da vida; Ela nos restaura a condição de harmonia com Deus e com os nossos semelhantes para os quais fomos feitos.

II. O EFEITO DEVASTADOR DA COMUNICAÇÃO

Pelo menos três inferências podem ser legitimamente desenhadas. 

· Primeiro, a fala perversa fere os outros de maneira profunda. "Paus e pedras quebrarão meus ossos, mas as palavras nunca me machucarão" nada poderia estar mais longe do modo de pensar dos sábios ou da verdade. 

· Segundo, a fala perversa inevitavelmente surge do próprio espírito ferido do falante. Embora seja difícil lembrar quando nos machucamos, é uma das chaves para aprender a orar por nossos inimigos. 

· Terceiro, a fala perversa funciona finalmente em direção à autodestruição do falante.

O QUE FAREMOS?

· A igreja é uma comunidade de restauração pela Palavra:

o Somos curados das heresias pelo ensino sadio das Escrituras por uma liderança comprometida com o Evangelho;

o Somos curados do ressentimento e amargura pela confissão dos nossos pecados a Deus e uns aos outros (Mt 6.12. 14-15; Mc 11.25-26; Tg 5.16);

o Somos curados da linguagem perversa (Ef 4,25-5.1-2).

· Nossas palavras são mais do que sopros de ar saindo pelas nossas cordas vocais. Nossas palavras têm status moral aos olhos de Deus e capacidade para grande devastação (Tg 3).

· Devemos falar a verdade em amor com a intenção de restaurar os faltosos (Ef 4.15; Pv 27.6; Sl 142.3). Charles Spurgeon, ministro britânico conhecido como o príncipe dos pregadores, afirmou que “a repreensão não deve ser um balde de água fria para congelar o irmão, nem água fervente para queimá-lo”. Como, então, devemos repreender alguém que está no erro?

o Destacarei cinco aspectos importantes que devem determinar a forma de corrigir nossos irmãos no Senhor. Vejamos o que a Palavra de Deus diz sobre isso. Como corrigir nossos irmãos?

§ Como a filhos amados

“Não escrevo estas coisas para vos envergonhar, mas para vos admoestar, como a filhos meus amados.” (1 Coríntios 4.14)

§ Em espírito de mansidão

“Irmãos, se um homem chegar a ser surpreendido em algum delito, vós que sois espirituais corrigi o tal com espírito de mansidão; e olha por ti mesmo, para que também tu não sejas tentado.” (Gálatas 6.1)

§ Com sensibilidade para tratar cada caso

“Exortamo-vos também, irmãos, a que admoesteis os insubordinados, consoleis os desanimados, amparai os fracos e sejais longânimos para com todos.” (1 Tessalonicenses 5.14); “Não esmagará a cana quebrada, nem apagará a torcida que fumega; em verdade promulgará o direito.” (Isaías 42.3)

§ Não como inimigo, mas como irmão

“Todavia, não o considerais com inimigo, mas admoestai-o como irmão.” (2 Tessalonicenses 3.15); “Se o seu irmão pecar contra você, vá e, a sós com ele, mostre-lhe o erro. Se ele o ouvir, você ganhou seu irmão.” (Mateus 18.15 – NVI)

§ Na expectativa de arrependimento

“Ao servo do Senhor não convém brigar mas, sim, ser amável para com todos, apto para ensinar, paciente. Deve corrigir com mansidão os que se lhe opõem, na esperança de que Deus lhes conceda o arrependimento, levando-os ao conhecimento da verdade” (2 Timóteo 2.24,25 – NVI).

Quem deve fazer isso?

“Eu, de minha parte, irmãos meus, estou persuadido a vosso respeito, que vós já estais cheios de bondade, cheios de todo o conhecimento e capazes, vós mesmos, de admoestar-vos uns aos outros.” (Romanos 15.14)

Uma pessoa cheia de bondade é bem diferente de uma cheia da amargura. A amarga não corrige; briga com todo mundo! Mas repreender é algo que se faz com um coração cheio de bondade. Portanto, somente um crente em tal condição é capaz de ferir o justo em seu benefício. Caso contrário, será prejuízo. A bondade focará o alvo correto: o erro em si, e não a pessoa que errou.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

BARREIRAS À RESPOSTA ÀS ORAÇÕES



Exatamente como os pais e as mães desejam atender às necessidades dos seus filhos em expressão do seu amor por eles, também o nosso Pai Celestial se deleita em atender às nossas orações. Contudo, oração é muito mais do que aproximar-se de Deus com pedidos. A oração é uma experiência preciosa de comunhão e adoração; é conhecer melhor o nosso Pai e a nós mesmos. A oração é um dos mais altos privilégios que temos na vida cristã, e Deus se deleita em responder orações. Nosso Senhor Jesus disse: "Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus dará boas cousas aos que lhe pedirem?" (Mt. 7: 11).
Isso nos leva ao grande problema das orações não respondidas. Algumas pessoas argumentam que Deus sempre responde às orações. Ou ele diz sim, ou diz espere. Eu creio, contudo, que essa é uma maneira um tanto superficial de lidar com o problema da oração não atendida. É verdade que às vezes Deus retarda a resposta às nossas orações. Seus horários são diferentes dos nossos. Quando Lázaro estava muito doente, suas irmãs, Maria e Marta, mandaram um recado ao Senhor Jesus. Mas o Senhor deliberadamente retardou a sua ida. Quando finalmente chegou a Betânia, Lázaro já estava na sepultura há quatro dias. Cristo propositalmente adiou a sua ida para que a glória de Deus fosse maior em ressuscitar esse homem dos mortos (veja João 11:1-44). Nesse caso o Senhor atrasou-se porque aguardou o momento certo para realizar os propósitos de Deus.
Além disso, Deus às vezes retarda ou nega um determinado pedido porque Ele tem uma bênção maior para nós. Muitas vezes somos como crianças que desejam algum brinquedo barato agora mesmo. Nosso Pai Celestial, sendo um bom pai, não nos dá o que nós queremos naquela hora porque tem alguma coisa muito melhor planejada para nós.
Assim, mesmo quando estamos orando dentro da vontade do Senhor, podemos ter alguns pedidos modificados ou adiados para o nosso bem. Mas continuam sendo formas de orações atendidas. Mas a Bíblia ensina que às vezes Deus não ouve ou não atende às nossas orações. Essas orações não atendidas não são devido à incapacidade dele de ouvir ou de responder, mas são o resultado de barreiras que nós levantamos em nossos corações. Portanto, o problema da oração não respondida é realmente um problema nosso, não de Deus. O Senhor não vai atender a uma oração simplesmente para nos estragar com mimos. Embora Ele saiba e veja todas as coisas e seja todo-poderoso, não atende nossas orações quando estão fora da Sua vontade ou quando são inconsistentes com a natureza dele.
Quais são as barreiras que interrompem a nossa linha de comunicação com Deus? Embora a Bíblia descreva alguns impedimentos à oração, quatro apresentam de maneira particular sérios problemas em nossa vida de oração. Vamos examinar algumas dessas barreiras às orações.
PECADO ACARICIADO
A primeira barreira à oração é o pecado acariciado em nossas vidas. 0 Salmo 66:18 declara: "Se eu no coração contemplara a vaidade, o Senhor não me teria ouvido". Nessa passagem, o salmista não está falando acerca de uma natureza pecadora. Cada pessoa que já passou pela terra teve uma natureza pecadora, com uma exceção importante: Jesus Cristo. Ele "não conheceu pecado" (II Co. 5:21). Ele "não cometeu pecado" (II Pe.2:22). Nele "não existe pecado" (I Jo. 3:5).
Mas, embora tenhamos natureza pecadora, só isso não impede nossas orações. É o contemplar o nosso pecado que impede que nossas orações sejam atendidas. A palavra "contemplar" significa saber que alguma coisa está presente, reconhecê-la e não fazer nada acerca disso. Se eu tenho consciência de algum pecado em meu coração e reconheço a sua presença mas não estou disposto a enfrentá-lo honestamente e fazer alguma coisa acerca disso, então Deus não me ouve quando eu oro.
O motivo dessa reação de Deus é óbvia. Estamos sendo hipócritas. Primeira João 1:6 diz: "Se dissermos que mantemos comunhão com ele, e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade". Estamos dizendo uma coisa mas praticando outra. Ignorar nossos pecados e uma ofensa séria aos olhos de Deus, pois "se dissermos .que não temos cometido pecado, fazêmo-lo mentiroso e a sua palavra não está em nós" (v. 10).
Jó também confirmou o perigo da hipocrisia. Ele declarou: "Porque qual será a esperança do ímpio, quando lhe for cortada a vida, quando Deus lhe arrancar a alma? Acaso ouvirá Deus o seu clamor, em lhe sobrevindo a tribulação?" (Jó27:8, 9). Muitas pessoas nos dias de hoje andam tão ocupadas acumulando riquezas que ignoram os seus pecados e o próprio Deus. Quando têm problemas e estão para morrer, clamam a Deus pedindo ajuda. Mas o Senhor lhes diz o seguinte: "Olhe, você não me procurou antes nem resolveu os seus pecados. Por que eu teria de ouvi-lo agora?"
Quando estamos considerando, ou acariciando, um pecado oculto em nossos corações, o Senhor não ouve nem nos responde. Acariciar um pecado significa praticá-lo secretamente, pensar nele, gostar de relembrá-lo, não desejar encará-lo honestamente. Não devemos consentir que os pecados permaneçam em nossas vidas dessa maneira, mas devemos resolvê-los drasticamente. Jesus disse: "Se teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti . . . E se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de t i” (veja Mt. 5:29, 30). Obviamente, nosso Senhor não está falando em termos literais. Cirurgia física não produz espiritualidade. Ele está nos dizendo o seguinte: "Resolva o pecado de maneira drástica antes que ele se espalhe e destrua todo o seu ser".
Por isso, quando nos aproximamos de Deus em oração, devemos ter um período de confissão e purificação primeiro. "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos .perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (I João 1:9). No Antigo Testamento, para que os sacerdotes pudessem entrar no Lugar Santo do tabernáculo e do templo, e queimar incenso no altar de ouro (que representava as orações do povo), tinham de parar junto à bacia para lavar os pés e as mãos. Embora estivessem servindo ao Senhor, os sacerdotes continuavam impuros. Por isso, antes de entrar na santa presença de Deus, tinham de se purificar na bacia. Da mesma forma eu e você precisamos de purificação. "Purifica-me com hissopo, e ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais alvo que a neve" (SI. 51: 7).
EGOÍSMO
A primeira barreira à oração atendida é o pecado oculto que nós acariciamos e defendemos em nossas vidas. Uma segunda barreira que impede nossas orações é o egoísmo. Tiago destacou que, quando somos egofstas em nossas orações, Deus não nos ouve: "De onde procedem guerras e contendas, que há entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne?" (Tiago 4:1). A passagem prossegue dizendo: "Cobiçais, e nada tendes; matais e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes, porque não pedis; pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres" (vs. 2,3). É uma declaração um tanto dura, não é mesmo? Aparentemente, a congregação de Tiago estava tendo algumas discussões, divisões e disputas dolorosas. Um dos motivos porque estavam divididos entre si era que não estavam orando como deveriam. Estavam orando de maneira egoísta.
Embora não seja errado que o povo de Deus ore por si mesmo, não devemos colocar os nossos pedidos à frente dos pedidos de Deus de maneira egoísta. Na oração do Pai Nosso, notamos que os interesses de Deus vêm antes dos nossos: "Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino, faça-se a tua vontade" (Mt. 6 :9 , 10). Depois de orar pelos interesses de Deus, podemos dizer: "O pão nosso de cada dia dá-nos hoje" (v. 11). Isso nos mostra que podemos orar por nós mesmos. Muitas pessoas na Bíblia o fizeram. Quando lemos o Livro dos Salmos, vemos que Davi orou por si mesmo muitas vezes, pedindo purificação espiritual, poder, proteção física e livramento dos inimigos. No Novo Testamento, nosso Senhor Jesus orou por si mesmo em diversas ocasiões. Da mesma forma, Paulo orou por si mesmo como também pelos outros.
Como já observamos anteriormente, Deus gosta de atender orações e resolver as nossas necessidades. A oração egoísta, entretanto, não é o mesmo ’ que orar por nós mesmos. Oramos por nós mesmos para podermos servir aos outros. Oramos pelas nossas necessidades para podermos atender as necessidades dos outros. Isso é muito diferente da atitude descrita em Tiago 4: 2, 3: " . . . Nada tendes, porque não pedis; pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres". Nesse caso, nosso único propósito de oração é satisfazer os nossos próprios prazeres e desejos.
Quais são as evidências de uma oração egoísta? Primeiro, somos pessoas de difícil convivência. Estamos constantemente brigando e discutindo com os outros. Também queremos que as nossas vontades sejam satisfeitas. Não estamos interessados em glorificar â Déus, apenas em apaziguar os nossos desejos.
Mas o propósito da oração não é autogratificação. O propósito da oração é realizar a vontade de Deus. O Apóstolo João tornou isso muito claro quando escreveu: "E esta é a confiança que temos para com ele, que, se pedirmos alguma cousa segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que ele nos ouve quanto ao que lhe pedimos, estamos certos de que obtemos os pedidos que lhe temos feito" (I João 5:14, 15). Assim, vemos que quando pedimos de acordo com a vontade do Senhor, Deus promete atender nossos pedidos.
Já se disse que o propósito da oração não é fazer a vontade do homem no céu. E fazer a vontade de Deus na terra. Por isso é que devemos estudar as Escrituras para descobrir qual é realmente a vontade de Deus. O egoísmo é uma barreira às orações respondidas. Às vezes nossas orações podem ser egoístas e nós nem o percebemos. Por isso é que devemos busdar o discernimento do Espírito quando oramos. Além disso, devemos ter uma vida cheia da Palavra de Deus para saber como orar dentro da vontade de Deus.
DISCÓRDIA NO LAR
Uma terceira barreira às orações é a discórdia no lar. 0 fundamento dessa verdade se encontra em I Pedro 3 :7 , onde o Apóstolo Pedro disse: "Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, por isso que sois juntamente herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam as vossas orações". A palavra "interromper" tem um significado interessante no original. Significa fechar uma estrada para que o exército não possa passar. Esse método era freqüentemente usado nas guerras da antiguidade. Os soldados bloqueavam as estradas com pedras, árvores e outro tipo de barreiras para evitar que o exército inimigo avançasse. Assim, I Pedro 3: 7 nos diz que maridos e esposas, quando não convivem em harmonia, têm suas orações impedidas. Estão colocando barricadas e barreiras ao longo da estrada evitando que Deus atenda suas orações.
A oração é importantíssima no lar. Maridos e esposas precisam orar juntos diariamente. Mas fico admirado com a quantidade de maridos e esposas cristãos que ignoram esse aspecto do seu casamento. Eu e minha esposa temos frequentemente orientado jovens casais para que edifiquem o seu casamento sobre o fundamento do seu amor ao Senhor Jesus e sua fidelidade para com Ele. Qualquer outro fundamento simplesmente não pode permanecer.
Essa passagem de I Pedro nos mostra a importância de nosso relacionamento com todas as pessoas e especialmente com nossos maridos ou esposas. Devemos ter o máximo cuidado quando tratamos com outras pessoas. Se não estamos andando juntos de acordo com a orientação da Palavra de Deus e não estamos respeitando nossos cônjuges e outras pessoas como co-herdeiros em Cristo, então Deus não vai atender nossas orações.
Além disso prejudicar o lar cristão, também afeta a igreja. Se um pastor, professor ou líder da igreja não ora e não convive harmoniosamente com a sua família no lar, então as suas orações particulares e públicas não irão muito longe. Antes de um reavivamento na igreja, precisamos de um reavivamento em nosso casamento e lar. Temos de come­çar lendo a Palavra de Deus e orar junto em casa para que o nosso ministério na igreja seja tudo o que deve ser.
REJEIÇÃO DA PALAVRA DE DEUS
Abrigar pecados conhecidos em nossos corações, orar de maneira egoísta e ter discórdias no lar, tudo isso impede que nossas orações sejam respondidas. Um quarto impedimento em nossa vida de oração é a rejeição da Palavra de Deus. Lemos em Provérbios 28:9: "O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável''. Ignorar e rejeitar a Palavra de Deus é uma barreira à oração respondida.
A Palavra de Deus e a oração estão sempre juntas. Jesus disse: "Se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito" (João 15:7). Em Atos 6 :4 descobrimos que os líderes da igreja primitiva dedicavam-se continuamente ao ministério da oração e da Palavra de Deus. A Palavra de Deus e a oração têm de andar juntas porque a Bíblia revela-nos a mente, o coração e a vontade de Deus. Quando os conhecemos, podemos reivindicar Suas promessas, a Sua vontade e a Sua provisão pelas nossas necessidades na oração.
A oração não é uma coisa que podemos fazer por nós mesmos. A oração é o resultado do Espí­rito de Deus usando a Palavra de Deus em nossas vidas. Se rejeitamos a Palavra, Deus não pode ouvir e atender nossas orações. Estaria violando a santidade de Sua natureza.
Deus deseja atender nossas orações. Infelizmente, Ele nem sempre pode fazê-lo porque nós colocamos uma barreira entre nós e Ele. Quando recusamo-nos a confessar e abandonar os pecados ocultos em nossas vidas, quando oramos com motivos egoístas, quando permitimos que haja discórdia em nossos lares e ignoramos a Palavra de Deus, colocamos barreiras em nossa vida de oração. Talvez devamos examinar nossos corações e vidas, pedindo a Deus que derrube algumas dessas barreiras. "Derruba cada ídolo, expulsa cada inimigo. Lava-me agora e eu serei mais alvo do que a neve".
Fonte: WIERSBE, Warren W. Famosas Orações não Atendidas. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1989. p. 5-14.

sexta-feira, 28 de setembro de 2018

CARTA DE TESES E PRINCÍPIOS AOS PRESIDENCIÁVEIS

A Associação Nacional de Juristas Evangélicos (ANAJURE) é uma organização social sem fins lucrativos, constituída por operadores do direito, tais como, advogados, juízes, desembargadores, promotores, ministros de tribunais superiores, procuradores, acadêmicos e bacharéis em direito, recrutados em todas as unidades federativas do país.

Cumprindo com seus objetivos missionais fundamentais, a ANAJURE tem parceria institucional e representa perante o Poder Público e Tribunais Superiores, especialmente perante o Supremo Tribunal Federal, em matérias concernentes às liberdades civis fundamentais, as denominações evangélicas denominadas “Igrejas Históricas”, associações e instituições de ensino confessionais, instituições e fundações filantrópicas, agências missionárias, e outras entidades que se coadunam com a sua missão institucional.

Outrossim, no cenário internacional, a ANAJURE tem acordo de cooperação com a Secretaria de Acesso a Direitos e Equidade da Organização dos Estados Americanos (OEA), é membro pleno da Religious Liberty Partnership – RLP[1], membro fundador da Federación Inter-americana de Juristas Cristianos – FIAJC[2], e uma das entidades fomentadoras do International Panel of Parliamentarians for Freedom of Religion or Belief – IPPFoRB[3], que se trata de uma coalizão internacional de parlamentares em prol da liberdade religiosa do mundo – lançada em novembro de 2014 no Nobel Palace Center, em Oslo – Noruega. No Brasil, a ANAJURE é a organização da sociedade civil responsável pela coordenação das atividades da Frente Parlamentar Mista para Refugiados e Ajuda Humanitária (FPMRAH). Além disso, a ANAJURE tem várias parcerias internacionais com entidades que trabalham com direitos humanos fundamentais, em especial, a liberdade religiosa, tais como, Christian Solidarity Worldwide – CSW[4], Middle East Concern[5], Religious Freedom & Business Foundation[6], Advocates International[7], Open Doors International[8], Stefanus Alliance e postulante no Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (ECOSOC/ONU).

Como é cediço, a ANAJURE tem como missão institucional primaz a defesa das liberdades civis fundamentais e a promoção dos deveres e direitos humanos, sob a égide e as bases principiológicas do Cristianismo, expressas no princípio da dignidade da pessoa humana e no seu consectário histórico, o Estado Democrático de Direito.

Nesse sentido, a ANAJURE concede atenção especial à liberdade religiosa e de expressão, defendendo o seu livre e amplo exercício (art. 5, VI, da CF/88), conforme preleciona os dispositivos e princípios constitucionais e os tratados internacionais ratificados pelo Brasil. Além disso, tem trabalhado em favor do direito à vida, da preservação da família, do acolhimento e reassentamento de refugiados, do combate à corrupção, do respeito à separação de Poderes, do combate à opressão de minorias, do respeito às instituições confessionais, do combate à intolerância e discriminação religiosa, entre outros temas que considera necessários à manutenção da ordem democrática e proteção da dignidade humana.

Considerando a importância desses temas, a ANAJURE traz abaixo um conjunto de enunciados dos valores e princípios que defende e em virtude dos quais tem trabalhado, ao longo de sua trajetória institucional, constituindo-se esse, também um compêndio das principais teses defendidas pelas instituições as quais representa, oportunizando-se, com isso, aos candidatos ao cargo de Presidente da República do Brasil, em 2018, a possibilidade de declarar seu compromisso de Campanha e Governo, caso seja eleito, com as diretrizes e teses elencadas a seguir.

I.Da proteção à Liberdade de Religião ou Crença:

1. A Dignidade da Pessoa Humana é um dos fundamentos da República brasileira (art. 1, III, da CF/88) e também é o princípio regulador determinante na interpretação e aplicação das liberdades civis fundamentais, especialmente, a liberdade religiosa, liberdade de expressão e objeção de consciência;

2. A Liberdade Religiosa é um direito humano inalienável, universal, e cujo retrocesso é proibido, motivos pelos quais deve ser protegida e promovida com afinco por todos poderes, níveis e instâncias do Estado brasileiro, pois é fundamento da paz, da justiça e da segurança;

3. O Direito à Liberdade Religiosa deve ser compreendido como a possibilidade de ter, escolher ou mudar de religião ou crença; de manifestar, expressar ou praticar uma religião ou crença; de exercer atividades de proselitismo, i.e. evangelização ou missões; de associar-se e reunir-se em nome da religião ou crença; de não haver compulsão, coerção ou discriminação em matéria de religião; dos direitos dos pais ou tutores sobre os menores, em matéria de educação moral e religiosa; da liberdade de instituições funcionarem de acordo com princípios religiosos; e da objeção de consciência;

4. A crença religiosa não raramente é o elemento produtor e irradiador das manifestações culturais de uma sociedade. Por essa razão, existem no Brasil diversos monumentos e símbolos religiosos na esfera pública, isto é, manifestações culturais que refletem aspectos identitários da nação brasileira. Assim, devem ser respeitados e protegidos os elementos culturais presentes na sociedade brasileira, ainda que remetam a determinada confissão religiosa, como a manutenção dos símbolos religiosos em repartições públicas, monumentos públicos com conotação religiosa, feriados religiosos e a menção a “Deus” no preâmbulo do texto constitucional, , bem como outras situações que existam ou venham a existir, não podendo haver, em momento algum, a imposição de valores e da fé sobre outrem, respeitando-se outrossim os direitos das minorias;

5. A Administração Pública deve aplicar todos os esforços possíveis, por meio do dever de acomodação razoável e da técnica da proporcionalidade, para garantir a máxima efetividade ao Direito Humano e Fundamental à Liberdade Religiosa e não afrontar o núcleo essencial desse direito.

II. Do tratamento institucional das organizações religiosas:

1. As ordens religiosas, os templos de qualquer culto e demais instrumentos necessários ao serviço exercido e à natureza da sua atividade são imunes à cobrança de tributos (art. 150, VI, b, e §4 CF/88) e assim devem permanecer, sendo rechaçados quaisquer projetos de lei ou de emenda constitucional contrários a este mandamento, assim como devendo ser reformados todos os possíveis atos contrários das administrações fazendárias;

2. As igrejas não podem financiar campanhas eleitorais (art. 24, inciso VIII, da Lei n. 9.504/97), nem fazer propaganda de candidatos em suas reuniões públicas (art. 37, § 4o, da Lei n. 9.504/97), mas tais restrições não vedam o ensino dos dogmas confessionais acerca da ética, moral, política e sociedade, enquanto manifestação do Direito Fundamental à Liberdade Religiosa, tampouco visa a exclusão da participação de religiosos, e instituições religiosas por eles representados, no processo democrático de discussão de ideias, ideologias e políticas públicas.

III. Do respeito às opiniões religiosas diversas:

1. O ensino de doutrinas religiosas, ainda que minoritárias, em espaços públicos ou privados, não constitui per si discurso de ódio, nem afronta à liberdade de outrem, nem gera danos morais, ainda que manifeste juízos de valor acerca da cultura, das artes, de práticas comportamentais, da economia, etc., desde que respeitada a dignidade da pessoa humana;

2. A liberdade de religião ou crença deve ser assegurada a todos indistintamente e, especialmente, aos povos e comunidades tradicionais, sendo respeitada a decisão livre do indivíduo de ter, escolher ou mudar sua religião, viabilizando-se todas as formas necessárias e legalmente possíveis de assegurar este exercício;

3. Deve ser assegurada, tanto quanto possível, e desde que não afronte o núcleo essencial de outros direitos fundamentais, a liberdade de consciência e de prática religiosa aos indivíduos pertencentes a confissões religiosas minoritárias, como, por exemplo, através da disponibilização de tratamentos alternativos de saúde aos que não puderem, por motivos de consciência, submeterem-se ao procedimento de transfusão de sangue; a possibilidade de realizar atividades públicas, como concursos e atividades escolares, em dias da semana que não contrariem a crença religiosa; a emissão de certificados sanitários para a imolação de animais sem tratamentos cruéis.

IV. Dos Poderes da República e da prestação de serviços públicos:

1. As funções da República Federativa do Brasil são particionadas em três poderes independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário (art. 2, da CF/88), sendo cada qual dotado de suas competências próprias, não podendo um usurpar funções do outro e, nesse sentido, especialmente o Poder Judiciário deve se abster de atuar como legislador positivo;

2. Nenhum agente ou servidor púbico, investido no exercício da sua função e em nome do órgão competente, pode agir motivado por perseguição, preconceito ou discriminação em desfavor de qualquer ordem ou doutrina religiosa e ainda que, pessoalmente, não concorde com tais práticas, deve orientar seu procedimento pelos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, constitucionalmente estabelecidos. (art. 37, caput, da CF/88);

3. Nenhum agente ou servidor púbico, ainda que investido no exercício da sua função e em nome do órgão competente, pode ser constrangido a agir de forma contrária ao que orienta a sua crença, podendo alegar objeção de consciência, para não praticar determinado ato, desde que seja possível a acomodação razoável pela Administração Pública competente e não traga prejuízos aos jurisdicionados.

V. Do combate à corrupção e estímulo às boas práticas governamentais:

1. A lisura, a boa-fé e a probidade são padrões morais de conduta exigidos legal e constitucionalmente, motivo pelo qual o combate à corrupção, em qualquer nível da administração pública, deve ser um objetivo do novo governo brasileiro, assim como o fomento à transparência, práticas de accountability e boa governança;

2. Todos os cidadãos, individualmente considerados, devem (a) promover iniciativas contra a corrupção, fomentando a boa governança, integridade, accountability e o compliance nas relações pessoais, sociais e institucionais; (b) se abster de praticar qualquer ato de corrupção, de maneira comissiva ou omissiva, por menores que possam parecer, mesmo que sejam considerados como “parte da cultura nacional”; e (c) expor e denunciar qualquer atitude de corrupção às autoridades competentes;

3. Os órgãos públicos do Brasil, apesar das dificuldades estruturais que enfrentam, devem se empenhar no combate à corrupção. Merecem destaque, nesse sentido, o Poder Judiciário, o Ministério Público, a Polícia Federal, a Receita Federal, a Controladoria Geral da União e os Tribunais de Contas, de cujos esforços resultaram recentes operações e investigações bem-sucedidas no combate à corrupção, com destaque para a Operação Lava-Jato, Operação Zelotes, Operação Custo Brasil, Operação Unfair Play. Cabe pontuar, entretanto, e estamos conscientes de que essas operações não são perfeitas e necessitam de um constante aprimoramento por parte dos seus executantes, que quaisquer operações, medidas e investigações que visam combater a corrupção não podem violar os direitos fundamentais do indivíduo;

4. Nos termos do artigo 13 da Convenção das Nações Unidas Contra a Corrupção, o Estado Brasileiro deve adotar “medidas adequadas, no limite de suas possibilidades e de conformidade com os princípios fundamentais de sua legislação interna, para fomentar a participação ativa de pessoas e grupos que não pertençam ao setor público, como a sociedade civil, as organizações não-governamentais e as organizações com base na comunidade, na prevenção e na luta contra a corrupção, e para sensibilizar a opinião pública a respeito à existência, às causas e à gravidade da corrupção, assim como a ameaça que esta representa”;

5. Para garantir a eficácia dos institutos legais, a efetiva aplicação da sanção penal e coibir o sentimento de impunidade, é importante assegurar a recente jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) no sentido da aplicação imediata da pena privativa de liberdade após decisão colegiada em segundo grau de jurisdição.

VI. Da Liberdade de ensinar e de aprender:

1. Deve ser assegurada a pluralidade de ideias e concepções pedagógicas (art. 206, III, da CF/88), a aplicabilidade dos direitos fundamentais às pessoas jurídicas e a liberdade ideológica das instituições de ensino confessionais (art. 20, III, da Lei n 9.394/96), sem que lhes sejam feitas quaisquer exigências que afrontem sua autonomia confessional;

2. O professor, dentro ou fora do ambiente escolar, enquanto imbuído desta função, deve ter sua autoridade respeitada e não pode ser constrangido, nem tolhido, na sua liberdade pedagógica e de ensino, mas não pode se utilizar deste privilégio para cooptar intelectualmente os alunos menores, devendo respeitar sua condição de pessoa em desenvolvimento;

3. O ensino religioso público pode ser de natureza confessional, com matrícula facultativa, e constituirá disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, tal como dispõe a Constituição Federal (Art. 210, § 1º), nos termos da recente decisão do Supremo Tribunal Federal (ADI 4439);

4. O direito dos pais, tutores ou responsáveis de determinarem a educação moral e religiosa dos menores sob os seus cuidados deve ser respeitado e protegido (art. 26.3, da Declaração Universal dos Direitos do Homem);

5. Não constitui afronta à laicidade estatal a disponibilização de exemplar de livros religiosos em bibliotecas públicas, desde que não haja proibição de estender tal providência a tantas quantas ordens de fé que desejem ser representadas e tenham uma vinculação cultural com a comunidade local.

VII. Da sexualidade, valorização da família e preservação da vida:

1. A instituição familiar deve ser preservada como heterossexual e monogâmica (art. 226, §3, da CF/88), respeitando-se, a todo tempo, os direitos fundamentais das minorias sexuais e a autonomia individual quanto à construção privada de relacionamentos;

2. Relativamente às chamadas uniões poliafetivas (poliamor), caso mais de duas pessoas capazes queiram aderir, por livre e espontâneo arbítrio, a tais práticas relacionais, o Estado não deve invadir essa esfera de liberdade privada ou individual, afinal, cada sujeito é capaz de discernir autonomamente os caminhos da sua própria felicidade. Porém, nos termos da Constituição Federal, (art. 226), a formação da entidade familiar, para fins de relações e efeitos jurídicos, é apenas e tão somente monogâmica, não devendo as uniões poliafetivas serem registradas publicamente como casamento;

3. Homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações (art. 5, I, da CF/88), a ambos devem ser assegurados todos os Direitos Fundamentais (art. 5, caput, da CF/88), com igualdade de oportunidades e sem discriminação, nos termos da lei e do texto constitucional;

4. Os registros públicos de qualquer ordem e as estruturas físicas dos órgãos e entidades públicas devem ser pautados pelo critério do gênero binário natural (masculino e feminino);

5. Desde que seja uma decisão de consciência livre, deve ser facultado a qualquer pessoa tornar-se paciente em tratamento de reversão sexual, por motivos religiosos ou não, facultando também ao profissional a liberdade de fazer ou não tal procedimento, ou mesmo oferecer tal possibilidade, quando entender viável, dentro do código de conduta ética de sua profissão;

6. O Estado Brasileiro deve comprometer-se com a proteção da dignidade e direitos das crianças e adolescentes, sobretudo em razão de sua vulnerabilidade e imaturidade sexual e cognitiva, ressoando o Artigo 70 do ECA, segundo o qual “é dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente” e o Artigo 34 da Convenção da ONU sobre os Direitos da Criança, por meio do qual os Estados se comprometem a “proteger a criança contra todas as formas de exploração e abuso sexual”;

7. A vida humana tem início com a concepção e, portanto, o feto humano possui dignidade intrínseca e é titular de Direitos Humanos e Fundamentais, motivo pelo qual o seu direito à vida é inviolável e deve ser defendido em todos os estágios do desenvolvimento humano.

VIII. Da Liberdade Religiosa internacional, dos direitos dos migrantes e ajuda humanitária:

1. O Estado Brasileiro deve atuar, na comunidade internacional, como um firme defensor e promotor da liberdade religiosa, através, por exemplo, da criação de uma Assessoria Especial para Liberdade Religiosa ou de um Embaixador para Liberdade Religiosa Internacional, tal como ocorre em outros países, como Estados Unidos da América e Noruega, com o objetivo de inserir o Brasil na agenda global de combate à perseguição e discriminação com base na religião ou crença;

2. Em suas relações internacionais, o Estado brasileiro deve assegurar-se do princípio da prevalência dos Direitos Humanos (art. 4, II, da CF/88), buscando engajar-se na comunidade internacional visando à promoção e proteção dos direitos humanos dos refugiados, deslocados internos e apátridas;

3. O Estado brasileiro deve atuar simultaneamente em dois âmbitos, protegendo suas fronteiras e preservando a independência nacional (art. 4, II, da CF/88), mas também acolhendo os necessitados e promovendo ajuda humanitária, em razão do seu compromisso com a defesa da paz e concessão de asilo político (Art. 4, VI e X, da CF/88);

4. Aos solicitantes de asilo, refugiados, deslocados internos e apátridas devem ser assegurados e protegidos todos os direitos conferidos pelo ordenamento jurídico pátrio e convenções internacionais subscritas pelo Estado Brasileiro, tal como a Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados (1951), a Lei Nº 9.474/1997 (Estatuto dos Refugiados), e a Convenção Americana dos Direitos do Homem (Pacto de San José – 1969).

Ex positis, este é o compêndio das principais teses e princípios da ANAJURE para os presidenciáveis das Eleições 2018.

Post Scriptum: A ANAJURE enviará a presente Carta de Teses e Princípios à coordenação de campanha de todos os candidatos à Presidência da República, oportunizando aos postulantes ao cargo, que nos respondam subscrevendo, integral ou parcialmente, ou, ainda, rejeitando os seus termos, através de e-mail para secretaria@anajure.org.br.

Brasília, 27 de setembro de 2018.

Uziel Santana
Presidente do Conselho Diretivo Nacional da ANAJURE


[1] Cf. site institucional: www.rlpartnership.org/

[2] Cf. site institucional: http://www.fiajc.org/xii-convencion/

[3] Cf. site institucional: http://ippforb.com/

[4] Cf. site institucional: www.csw.org.uk/

[5] Cf. site institucional: www.meconcern.org/

[6] Cf. site institucional: http://religiousfreedomandbusiness.org/

[7] Cf. site institucional: www.advocatesinternational.org/

[8] Cf. site institucional: https://www.opendoors.org/


Disponível em: https://www.anajure.org.br/anajure-emite-carta-de-teses-e-principios-aos-presidenciaveis-eleicoes-2018/.

COMO ERAM AS MANIFESTAÇÕES DO ESPÍRITO SANTO NO ANTIGO E NO NOVO TESTAMENTO?

O Evangelho de João relata uma passagem da vida de Jesus que leva algumas pessoas a entender que o Espírito Santo não agia entre o povo d...