sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

BARREIRAS À RESPOSTA ÀS ORAÇÕES



Exatamente como os pais e as mães desejam atender às necessidades dos seus filhos em expressão do seu amor por eles, também o nosso Pai Celestial se deleita em atender às nossas orações. Contudo, oração é muito mais do que aproximar-se de Deus com pedidos. A oração é uma experiência preciosa de comunhão e adoração; é conhecer melhor o nosso Pai e a nós mesmos. A oração é um dos mais altos privilégios que temos na vida cristã, e Deus se deleita em responder orações. Nosso Senhor Jesus disse: "Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus dará boas cousas aos que lhe pedirem?" (Mt. 7: 11).
Isso nos leva ao grande problema das orações não respondidas. Algumas pessoas argumentam que Deus sempre responde às orações. Ou ele diz sim, ou diz espere. Eu creio, contudo, que essa é uma maneira um tanto superficial de lidar com o problema da oração não atendida. É verdade que às vezes Deus retarda a resposta às nossas orações. Seus horários são diferentes dos nossos. Quando Lázaro estava muito doente, suas irmãs, Maria e Marta, mandaram um recado ao Senhor Jesus. Mas o Senhor deliberadamente retardou a sua ida. Quando finalmente chegou a Betânia, Lázaro já estava na sepultura há quatro dias. Cristo propositalmente adiou a sua ida para que a glória de Deus fosse maior em ressuscitar esse homem dos mortos (veja João 11:1-44). Nesse caso o Senhor atrasou-se porque aguardou o momento certo para realizar os propósitos de Deus.
Além disso, Deus às vezes retarda ou nega um determinado pedido porque Ele tem uma bênção maior para nós. Muitas vezes somos como crianças que desejam algum brinquedo barato agora mesmo. Nosso Pai Celestial, sendo um bom pai, não nos dá o que nós queremos naquela hora porque tem alguma coisa muito melhor planejada para nós.
Assim, mesmo quando estamos orando dentro da vontade do Senhor, podemos ter alguns pedidos modificados ou adiados para o nosso bem. Mas continuam sendo formas de orações atendidas. Mas a Bíblia ensina que às vezes Deus não ouve ou não atende às nossas orações. Essas orações não atendidas não são devido à incapacidade dele de ouvir ou de responder, mas são o resultado de barreiras que nós levantamos em nossos corações. Portanto, o problema da oração não respondida é realmente um problema nosso, não de Deus. O Senhor não vai atender a uma oração simplesmente para nos estragar com mimos. Embora Ele saiba e veja todas as coisas e seja todo-poderoso, não atende nossas orações quando estão fora da Sua vontade ou quando são inconsistentes com a natureza dele.
Quais são as barreiras que interrompem a nossa linha de comunicação com Deus? Embora a Bíblia descreva alguns impedimentos à oração, quatro apresentam de maneira particular sérios problemas em nossa vida de oração. Vamos examinar algumas dessas barreiras às orações.
PECADO ACARICIADO
A primeira barreira à oração é o pecado acariciado em nossas vidas. 0 Salmo 66:18 declara: "Se eu no coração contemplara a vaidade, o Senhor não me teria ouvido". Nessa passagem, o salmista não está falando acerca de uma natureza pecadora. Cada pessoa que já passou pela terra teve uma natureza pecadora, com uma exceção importante: Jesus Cristo. Ele "não conheceu pecado" (II Co. 5:21). Ele "não cometeu pecado" (II Pe.2:22). Nele "não existe pecado" (I Jo. 3:5).
Mas, embora tenhamos natureza pecadora, só isso não impede nossas orações. É o contemplar o nosso pecado que impede que nossas orações sejam atendidas. A palavra "contemplar" significa saber que alguma coisa está presente, reconhecê-la e não fazer nada acerca disso. Se eu tenho consciência de algum pecado em meu coração e reconheço a sua presença mas não estou disposto a enfrentá-lo honestamente e fazer alguma coisa acerca disso, então Deus não me ouve quando eu oro.
O motivo dessa reação de Deus é óbvia. Estamos sendo hipócritas. Primeira João 1:6 diz: "Se dissermos que mantemos comunhão com ele, e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade". Estamos dizendo uma coisa mas praticando outra. Ignorar nossos pecados e uma ofensa séria aos olhos de Deus, pois "se dissermos .que não temos cometido pecado, fazêmo-lo mentiroso e a sua palavra não está em nós" (v. 10).
Jó também confirmou o perigo da hipocrisia. Ele declarou: "Porque qual será a esperança do ímpio, quando lhe for cortada a vida, quando Deus lhe arrancar a alma? Acaso ouvirá Deus o seu clamor, em lhe sobrevindo a tribulação?" (Jó27:8, 9). Muitas pessoas nos dias de hoje andam tão ocupadas acumulando riquezas que ignoram os seus pecados e o próprio Deus. Quando têm problemas e estão para morrer, clamam a Deus pedindo ajuda. Mas o Senhor lhes diz o seguinte: "Olhe, você não me procurou antes nem resolveu os seus pecados. Por que eu teria de ouvi-lo agora?"
Quando estamos considerando, ou acariciando, um pecado oculto em nossos corações, o Senhor não ouve nem nos responde. Acariciar um pecado significa praticá-lo secretamente, pensar nele, gostar de relembrá-lo, não desejar encará-lo honestamente. Não devemos consentir que os pecados permaneçam em nossas vidas dessa maneira, mas devemos resolvê-los drasticamente. Jesus disse: "Se teu olho direito te faz tropeçar, arranca-o e lança-o de ti . . . E se a tua mão direita te faz tropeçar, corta-a e lança-a de t i” (veja Mt. 5:29, 30). Obviamente, nosso Senhor não está falando em termos literais. Cirurgia física não produz espiritualidade. Ele está nos dizendo o seguinte: "Resolva o pecado de maneira drástica antes que ele se espalhe e destrua todo o seu ser".
Por isso, quando nos aproximamos de Deus em oração, devemos ter um período de confissão e purificação primeiro. "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos .perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça" (I João 1:9). No Antigo Testamento, para que os sacerdotes pudessem entrar no Lugar Santo do tabernáculo e do templo, e queimar incenso no altar de ouro (que representava as orações do povo), tinham de parar junto à bacia para lavar os pés e as mãos. Embora estivessem servindo ao Senhor, os sacerdotes continuavam impuros. Por isso, antes de entrar na santa presença de Deus, tinham de se purificar na bacia. Da mesma forma eu e você precisamos de purificação. "Purifica-me com hissopo, e ficarei limpo; lava-me, e ficarei mais alvo que a neve" (SI. 51: 7).
EGOÍSMO
A primeira barreira à oração atendida é o pecado oculto que nós acariciamos e defendemos em nossas vidas. Uma segunda barreira que impede nossas orações é o egoísmo. Tiago destacou que, quando somos egofstas em nossas orações, Deus não nos ouve: "De onde procedem guerras e contendas, que há entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne?" (Tiago 4:1). A passagem prossegue dizendo: "Cobiçais, e nada tendes; matais e invejais, e nada podeis obter; viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes, porque não pedis; pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres" (vs. 2,3). É uma declaração um tanto dura, não é mesmo? Aparentemente, a congregação de Tiago estava tendo algumas discussões, divisões e disputas dolorosas. Um dos motivos porque estavam divididos entre si era que não estavam orando como deveriam. Estavam orando de maneira egoísta.
Embora não seja errado que o povo de Deus ore por si mesmo, não devemos colocar os nossos pedidos à frente dos pedidos de Deus de maneira egoísta. Na oração do Pai Nosso, notamos que os interesses de Deus vêm antes dos nossos: "Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino, faça-se a tua vontade" (Mt. 6 :9 , 10). Depois de orar pelos interesses de Deus, podemos dizer: "O pão nosso de cada dia dá-nos hoje" (v. 11). Isso nos mostra que podemos orar por nós mesmos. Muitas pessoas na Bíblia o fizeram. Quando lemos o Livro dos Salmos, vemos que Davi orou por si mesmo muitas vezes, pedindo purificação espiritual, poder, proteção física e livramento dos inimigos. No Novo Testamento, nosso Senhor Jesus orou por si mesmo em diversas ocasiões. Da mesma forma, Paulo orou por si mesmo como também pelos outros.
Como já observamos anteriormente, Deus gosta de atender orações e resolver as nossas necessidades. A oração egoísta, entretanto, não é o mesmo ’ que orar por nós mesmos. Oramos por nós mesmos para podermos servir aos outros. Oramos pelas nossas necessidades para podermos atender as necessidades dos outros. Isso é muito diferente da atitude descrita em Tiago 4: 2, 3: " . . . Nada tendes, porque não pedis; pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres". Nesse caso, nosso único propósito de oração é satisfazer os nossos próprios prazeres e desejos.
Quais são as evidências de uma oração egoísta? Primeiro, somos pessoas de difícil convivência. Estamos constantemente brigando e discutindo com os outros. Também queremos que as nossas vontades sejam satisfeitas. Não estamos interessados em glorificar â Déus, apenas em apaziguar os nossos desejos.
Mas o propósito da oração não é autogratificação. O propósito da oração é realizar a vontade de Deus. O Apóstolo João tornou isso muito claro quando escreveu: "E esta é a confiança que temos para com ele, que, se pedirmos alguma cousa segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que ele nos ouve quanto ao que lhe pedimos, estamos certos de que obtemos os pedidos que lhe temos feito" (I João 5:14, 15). Assim, vemos que quando pedimos de acordo com a vontade do Senhor, Deus promete atender nossos pedidos.
Já se disse que o propósito da oração não é fazer a vontade do homem no céu. E fazer a vontade de Deus na terra. Por isso é que devemos estudar as Escrituras para descobrir qual é realmente a vontade de Deus. O egoísmo é uma barreira às orações respondidas. Às vezes nossas orações podem ser egoístas e nós nem o percebemos. Por isso é que devemos busdar o discernimento do Espírito quando oramos. Além disso, devemos ter uma vida cheia da Palavra de Deus para saber como orar dentro da vontade de Deus.
DISCÓRDIA NO LAR
Uma terceira barreira às orações é a discórdia no lar. 0 fundamento dessa verdade se encontra em I Pedro 3 :7 , onde o Apóstolo Pedro disse: "Maridos, vós, igualmente, vivei a vida comum do lar, com discernimento; e, tendo consideração para com a vossa mulher como parte mais frágil, tratai-a com dignidade, por isso que sois juntamente herdeiros da mesma graça de vida, para que não se interrompam as vossas orações". A palavra "interromper" tem um significado interessante no original. Significa fechar uma estrada para que o exército não possa passar. Esse método era freqüentemente usado nas guerras da antiguidade. Os soldados bloqueavam as estradas com pedras, árvores e outro tipo de barreiras para evitar que o exército inimigo avançasse. Assim, I Pedro 3: 7 nos diz que maridos e esposas, quando não convivem em harmonia, têm suas orações impedidas. Estão colocando barricadas e barreiras ao longo da estrada evitando que Deus atenda suas orações.
A oração é importantíssima no lar. Maridos e esposas precisam orar juntos diariamente. Mas fico admirado com a quantidade de maridos e esposas cristãos que ignoram esse aspecto do seu casamento. Eu e minha esposa temos frequentemente orientado jovens casais para que edifiquem o seu casamento sobre o fundamento do seu amor ao Senhor Jesus e sua fidelidade para com Ele. Qualquer outro fundamento simplesmente não pode permanecer.
Essa passagem de I Pedro nos mostra a importância de nosso relacionamento com todas as pessoas e especialmente com nossos maridos ou esposas. Devemos ter o máximo cuidado quando tratamos com outras pessoas. Se não estamos andando juntos de acordo com a orientação da Palavra de Deus e não estamos respeitando nossos cônjuges e outras pessoas como co-herdeiros em Cristo, então Deus não vai atender nossas orações.
Além disso prejudicar o lar cristão, também afeta a igreja. Se um pastor, professor ou líder da igreja não ora e não convive harmoniosamente com a sua família no lar, então as suas orações particulares e públicas não irão muito longe. Antes de um reavivamento na igreja, precisamos de um reavivamento em nosso casamento e lar. Temos de come­çar lendo a Palavra de Deus e orar junto em casa para que o nosso ministério na igreja seja tudo o que deve ser.
REJEIÇÃO DA PALAVRA DE DEUS
Abrigar pecados conhecidos em nossos corações, orar de maneira egoísta e ter discórdias no lar, tudo isso impede que nossas orações sejam respondidas. Um quarto impedimento em nossa vida de oração é a rejeição da Palavra de Deus. Lemos em Provérbios 28:9: "O que desvia os seus ouvidos de ouvir a lei, até a sua oração será abominável''. Ignorar e rejeitar a Palavra de Deus é uma barreira à oração respondida.
A Palavra de Deus e a oração estão sempre juntas. Jesus disse: "Se permanecerdes em mim e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que quiserdes, e vos será feito" (João 15:7). Em Atos 6 :4 descobrimos que os líderes da igreja primitiva dedicavam-se continuamente ao ministério da oração e da Palavra de Deus. A Palavra de Deus e a oração têm de andar juntas porque a Bíblia revela-nos a mente, o coração e a vontade de Deus. Quando os conhecemos, podemos reivindicar Suas promessas, a Sua vontade e a Sua provisão pelas nossas necessidades na oração.
A oração não é uma coisa que podemos fazer por nós mesmos. A oração é o resultado do Espí­rito de Deus usando a Palavra de Deus em nossas vidas. Se rejeitamos a Palavra, Deus não pode ouvir e atender nossas orações. Estaria violando a santidade de Sua natureza.
Deus deseja atender nossas orações. Infelizmente, Ele nem sempre pode fazê-lo porque nós colocamos uma barreira entre nós e Ele. Quando recusamo-nos a confessar e abandonar os pecados ocultos em nossas vidas, quando oramos com motivos egoístas, quando permitimos que haja discórdia em nossos lares e ignoramos a Palavra de Deus, colocamos barreiras em nossa vida de oração. Talvez devamos examinar nossos corações e vidas, pedindo a Deus que derrube algumas dessas barreiras. "Derruba cada ídolo, expulsa cada inimigo. Lava-me agora e eu serei mais alvo do que a neve".
Fonte: WIERSBE, Warren W. Famosas Orações não Atendidas. São Paulo: Imprensa Batista Regular, 1989. p. 5-14.

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