segunda-feira, 27 de julho de 2015

Vocação ou Profissão?

Por Arival Dias Casemiro

Na Igreja Evangélica hoje, o pastorado está se secularizando, ou seja, deixando de ser um ofício sacerdotal para ser uma profissão. Entende-se a secularização dos pastorado como o processo de ser, de se formar e de se exercer o pastorado não segundo o modelo bíblico, mas no modelo da sociedade sem Deus. O que seleciona o candidato ao ministério hoje, não é mais a comprovação de um chamado de Deus, mas um vestibular. Quem forma o pastor não é mais a Igreja, mas a Faculdade de Teologia por meio Mestres e Doutores sem experiência pastoral. O pastor troca de Igreja hoje como se estivesse trocando de emprego. Cada vez mais o sacerdócio pastoral tem sido desvalorizado. O ser pastor, segundo a Bíblia, é uma vocação divina que envolve chamado para o ofício e para o campo de trabalho. O apóstolo Paulo declara: "Porém em nada considero a
vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério
que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus" (Atos 20.24). E o Espírito Santo diz: "Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a obra que os
tenho chamado" (At 13.2). Nesses dois versículos, a Bíblia mostra que a prioridade do verdadeiro ministro é cumprir o ministério que recebeu do Senhor, trabalhando sempre no local para onde o Senhor o enviar. A grande conseqüência para a Igreja é que, com a secularização do pastorado, ela forma muitos teólogos, mas se ressente da falta de pastores. É fato incontestável que há hoje muitos pastores sem campo na Igreja Presbiteriana do Brasil, e os seminários continuam fabricando teólogos em série como numa linha de produção industrial. Há também várias Igrejas que tiveram experiências pastorais traumáticas, precisando de pastores, mas não desejam absorver essa mão de obra excedente. Como resolver este problema à luz da afirmação de Jesus de que a seara, na verdade é grande, mas os
trabalhadores são poucos? Se os trabalhadores são poucos e a seara é grande, como explicar o excesso de pastores e de seminários ou faculdades de teologia? Se a seara é grande e há sobra de trabalhadores, será que a igreja não é omissa na sua tarefa missionária? Será que não precisamos fechar seminários? O profeta Jeremias afirma que uma das maneiras de Deus castigar o seu povo é dando-lhe uma liderança não vocacionada. Então ele diz: "Convertei-vos, ó filhos
rebeldes, diz o SENHOR; porque eu sou o vosso esposo e vos tomarei, um de cada cidade
e dois de cada família, e vos levarei a Sião. Dar-vos-ei pastores segundo o meu coração,
que vos apascentem com conhecimento e com inteligência" (Jr 3.14-15). Pastores segundo o coração de Deus, que apascentem o rebanho de Cristo hoje, é uma grande necessidade. Faz-se necessário que a Igreja encare a escolha dos seus pastores nesta perspectiva sobrenatural, por meio da oração, como uma dádiva de Deus e não, meramente, na perspectiva secularizada da contratação de um novo funcionário. Entendo que o pastor, segundo o coração de Deus, apascentará qualquer rebanho local, com sucesso (conhecimento e inteligência), dedicando-se a três tarefas: oração,
pregação/ensino e visitação. Esse tripé dará sustentação a qualquer pastorado, independente da região ou do contexto onde a Igreja se acha inserida. Toda ovelha precisa da oração do seu pastor, do alimento da palavra preparada pelo seu pastor e do aconselhamento e cuidado por meio da visita do seu pastor. Qualquer plano de formação 8 pastoral, seja em seminário ou faculdade, que não contemplar esse tripé, não formará um pastor com uma filosofia bíblica de ministério. Irmãos, lutemos juntos, contra a secularização do pastorado valorizando os verdadeiros ministros. Peçamos a Deus a benção de pastores segundo o Seu coração.
"Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande trabalhadores para a sua seara", é a ordem de Jesus.

Fonte: CASEMIRO, Arival Dias. Resistindo à secularização. São Paulo: SOCEP, 2002.

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