terça-feira, 3 de dezembro de 2013

INCREDULIDADE NO DESERTO

Autor: Rev. Arival Dias Casimiro
Texto Básico: Números 13.25-33 e 14.1-38
Deus não tirou o povo de Israel do cativeiro para matá-lo no deserto. O destino de Israel era a terra prometida, a terra que mana leite e mel. Havia um pacto, uma aliança de Deus com Israel que garantia a possessão da terra. E Deus não é mentiroso (Nm 23.19). O povo de Israel, porém, não acreditou em Deus. Foram tomados pela incredulidade e sucumbiram no deserto.
1. O QUE É A INCREDULIDADE
A Bíblia diz que o “justo viverá pela fé” (Rm1.17) e anda ou marcha por fé (2Co5.7). Sem fé é impossível agradar a Deus e ser abençoado por Ele (Rm 11.6).
Conclui-se, portanto, que a falta de fé ou a incredulidade mata, paralisa, desagrada e impede o recebimento de bênçãos.
Em Atos 7.51 lemos: Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis. Estas metáforas “dura cerviz”e “incircuncisos de coração” são usadas para significar incredulidade, rebeldia, teimosia e ausência de regeneração espiritual (Êx 32.9; 33.3,5; Dt 9.6; Jr 4.4).
O povo de Israel estava no limiar da terra prometida. Moisés narra: (Dt 1.19-26).
Observe que a incredulidade possui duas características fundamentais:
· Ela está enraizada no coração, na vontade ou no querer das pessoas: não quisestes subir. (Jo 5.40). Incredulidade = “dureza de coração” (Mc 16.14).
· Ela é uma rebeldia ou uma oposição consciente e deliberada à Palavra de Deus: fostes rebeldes à ordem do SENHOR, vosso Deus. (Sl 81.11).
Israel estava vivendo um momento decisivo. Estava diante de uma “terra boa”, presente de Deus, que seria possuída apenas pela fé. Moisés disse ao povo que o Senhor iria adiante deles e pelejaria por eles: (Dt 1.30-33). Observe a ênfase de Moisés: nem por isso crestes no Senhor. Mais adiante é o próprio Deus que faz o diagnóstico da incredulidade: Disse o SENHOR a Moisés: Até quando me provocará este povo e até quando não crerá em mim, a despeito de todos os sinais que fiz no meio dele? (Nm 14.11).
2. AS MANIFESTAÇÕES DA INCREDULIDADE
A incredulidade se manifesta de várias maneiras. Vejamos duas:
2.1. MEDO
Disse Moisés ao povo: Eis que o SENHOR, teu Deus, te colocou esta terra diante de ti. Sobe, possui-a, como te falou o SENHOR, Deus de teus pais: Não temas e não te assustes. (Dt 1.21). Não tenhas medo! Esta é a terra que dou a vocês. Tomem posse!
O povo, porém, teve medo. David Jeremiah comentando o texto de Deuteronômio 1, fala sobre as consequencias do medo: (1) O medo ignora o plano de Deus – Dt 1.19-21. (2) O medo distorce os propósitos de Deus - Dt 1.27-28. (3) O medo desestimula o povo de Deus – 2Tm 1.7. (4) O medo se recusa a crer nas promessas divinas – Dt 1.29-33 (5) O medo desobedece aos princípios de Deus – Dt 1.26.
Além destas, entendemos que o medo gera um sentimento de impotência ou incompetência diante do inimigo (Nm 13.30-31). Os dez espias tomados pelo medo olharam para a força do inimigo, ao invés de olhar para Deus.
2.2. INFÂMIA
A palavra: Deus disse que a terra era boa. Os espias constataram isto, mas, ao prestarem o relatório, os dez espias infamaram a terra: E, diante dos filhos de Israel, infamaram a terra que haviam espiado, dizendo: A terra pelo meio da qual passamos a espiar é terra que devora os seus moradores (13.32). A palavra “infâmia” significa “dano ou abalo a boa fama” (Nm 14.36).
A incredulidade leva-nos a desvalorizar aquilo que realmente tem valor. Observe que os espias foram tomados por uma baixa auto-estima. Eles nutriam um complexo de inferioridade, que os levou a superestimar o valor dos moradores da terra em detrimento do valor de si mesmos: (Nm 13.32-33).
3. AS CONSEQUÊNCIAS DA INCREDULIDADE
A incredulidade quando disseminada produz consequências desatrosas. É mais fácil ser mensageiro da incredulidade do que profeta da fé. A incredulidade é contagiante.
3.1. A incredulidade contagia o povo ao desespero.
Levantou-se, pois, toda a congregação e gritou em voz alta; e o povo chorou aquela noite. (14.1). O povo foi tomado pelo desespero e pela angústia. Foi uma comoção coletiva gerada a partir de um discurso feito por dez pessoas. Só podemos entender tal comoção aceitando que a incredulidade já existia no coração deles.
3.2. A incredulidade contagia o povo a murmuração.
Todos os filhos de Israel murmuraram contra Moisés e contra Arão; e toda a congregação lhes disse: Tomara tivéssemos morrido na terra do Egito ou mesmo neste deserto! E por que nos traz o SENHOR a esta terra, para cairmos à espada e para que nossas mulheres e nossas crianças sejam por presa? Não nos seria melhor voltarmos para o Egito? (14.2-3). Observe que a murmuração foi geral. Todos os filhos de Israel se queixaram contra Moisés e Arão. O murmurador imagina que acharia prazer nas coisas que lhe foram negadas.
Por causa do descontentamento eles não viam o quanto Deus já tinha feito por eles e os grandes milagres que ainda aconteceriam – Hb 13.5. Eles esqueceram também do castigo de Deus contra os murmuradores (Nm 11.1).
3.3. A incredulidade contagia o povo à apostasia
E diziam uns aos outros: Levantemos um capitão e voltemos para o Egito. (14.4).
Voltar para o Egito era retornar à vida antiga, a escravidão, abrindo mão da Aliança com o Senhor. Isto pode ser chamado de apostasia, um completo abandono da fé. Apostasia é rebelião contra Deus. Quando o cristão passa a dar ouvidos a "espíritos enganadores e a doutrinas de demônios", afasta-se das verdades bíblicas e comete apostasia (1 Tm 4.1).
É interessante observar que esta geração do êxodo tornou-se um exemplo de apostasia para os escritores do Novo Testamento (1Co 10.5; Hb 3.12-19).
A bíblia fala que nos últimos dias haverá um crescimento da apostasia (2 Ts 2.3).
3.4. A incredulidade contagia o povo a violência
Moisés, Arão, Josué e Calebe tentaram persuadir o povo a fé a obediência. A tentativa foi vã, pois o povo estava disposto a agredir os líderes: Apesar disso, toda a congregação disse que os apedrejassem; porém a glória do SENHOR apareceu na tenda da congregação a todos os filhos de Israel. (14.10).
O desejo do povo era apedrejar a Moises (cf Êx 17.4; At.7.58). Deus, porém, tomou a defesa dos fiéis e resolveu punir os incrédulos. Aquela geração morreria no deserto e os dez espias responsáveis pela difusão da incredulidade foram mortos: (Nm 14.34-37)
3.5. A incredulidade contagia o povo a querer prosperar sem Deus.
Mesmo após o julgamento de Deus, o povo manifestou a sua incredulidade, por intermédio de uma tentativa fútil de conquistar a terra de Canaã. Eles queriam conquistar sem a ajuda de Deus. Leia a narrativa bíblica: Porém Moisés respondeu: Por que transgredis o mandado do SENHOR? Pois isso não prosperará. Não subais, pois o SENHOR não estará no meio de vós, para que não sejais feridos diante dos vossos inimigos.
Porque os amalequitas e os cananeus ali estão diante de vós, e caireis à espada; pois, uma vez que vos desviastes do SENHOR, o SENHOR não será convosco. Contudo, temerariamente, tentaram subir ao cimo do monte, mas a arca da Aliança do SENHOR e Moisés não se apartaram do meio do arraial. Então, desceram os amalequitas e os cananeus que habitavam na montanha e os feriram, derrotando-os até Horma. (Nm 14.41-45).
A nossa lição termina com uma palavra positiva. Vale a pena ser crente! Deus recompensou a Josué e Calebe, os únicos daquela geração que possuíram a terra prometida. Mais tarde, Josué foi o escolhido de Deus para liderar o povo na conquista da terra prometida.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

COMO ERAM AS MANIFESTAÇÕES DO ESPÍRITO SANTO NO ANTIGO E NO NOVO TESTAMENTO?

O Evangelho de João relata uma passagem da vida de Jesus que leva algumas pessoas a entender que o Espírito Santo não agia entre o povo d...