OBEDIÊNCIA EM DEMASIA
Tu ordenaste os teus mandamentos, para que diligentemente os observássemos. (Sl 119:4)
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O Sacrifício de Isaac, Laurent de LaHire, 1650 |
O filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900) propôs que o homem moderno precisa ir além de si mesmo, inverter e criar valores. Isso significa assumir o papel de legislar, tornar-se senhor da sua própria existência, quebrar os grilhões de qualquer forma de metafísica. Nietzsche, entretanto, não foi o “inventor” dessa filosofia. Satanás, no jardim do Éden, já havia proposto sermos legisladores da nossa própria existência. “Deus sabe que, no dia em que dele comerem, seus olhos se abrirão, e vocês serão como Deus, conhecedores do bem e do mal" (Gn 3:5). Essa é a atitude do homem em rebelião contra Deus, amante de si mesmo (2 Tm 3.2), cujo “pensamentos tornaram-se fúteis e os seus corações insensatos se obscureceram” (Rm 1.21).
Dissidente desse pensamento, o salmista acredita que há um Legislador supremo, que tem esse direito por ser o Criador, Preservador, Redentor e Rei de tudo (GIL). Seu prazer em Deus leva-o a regozijar-se na lei de Deus, que é santa, justa e boa (Rm 7.12), e que emana pessoalmente dEle. Sua ética é normativa. O modo de vida de Israel (e do povo de Deus em geral) não envolve fazer escolhas independentes, como se já fossemos adultos emancipados de nossos pais. O caminho para a vida é o caminho da obediência (Dt 30.15,16). “Deus não nos ordenou ser diligentes em fazer preceitos, mas em guardá-los. Há quem põe jugo em seu próprio pescoço e faz algemas e normas para outros; mas uma diretriz sábia se satisfaz com as normas da Santa Escritura, em relação a todos os homens e em todos os aspectos” (SPURGEON).
O chamado ao discipulado sob o evangelho permanece sendo um chamado à obediência (Jo 14.23,24; 15.10,14). Jesus disse aos judeus que haviam crido nele (e a nós), “vocês são verdadeiramente meus seguidores se viverem como Eu digo” (BÍBLIA VIVA). É claro que não conseguiremos cumprir perfeitamente a lei de Deus nesta existência decaída (Rm 7). Por isso, faremos bem em orar as palavras de Paulo aos Filipenses: “Assim, meus amados, como sempre vocês obedeceram, não apenas em minha presença, porém muito mais agora na minha ausência, ponham em ação a salvação de vocês com temor e tremor, pois é Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar, de acordo com a boa vontade dele” (Fp 2.12-13).
Jânio da Cunha Bastos
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