Textos Bíblicos: Pv 14.12; 16.25. Sl 119:105.
Introdução
Por que é tão difícil fazer escolhas? Ou melhor, fazer as escolhas certas? Quando leio este provérbio sinto-me questionado, inquieto diante do pragmatismo que guia minhas decisões. Geralmente, escolhemos baseados nos afetos, no grau de prazer ou felicidade que algo possa nos proporcionar mediata ou imediatamente, concreta ou imaginariamente, sem possíveis consequências desastrosas posteriores. O exemplo mais acessível que me vem à cabeça é o da corrupção. Maior ganho possível com o menor esforço possível, com expectativa de impunidade muito pequena.
Mas o mesmo princípio, acredito, pode ser ampliado. No Brasil, o pragmatismo é a ética fundamentadora das ações, de maneira transversal. Segundo o dicionarista Aurélio Buarque de Holanda, pragmatismo é
As doutrinas de C. S. Peirce (v. peirciano), W. James (v. jamesiano1), J. Dewey (v. deweyano) e do literato alemão Friedrich J. C. Schiller (1759-1805), cuja tese fundamental é que a verdade de uma doutrina consiste no fato de que ela seja útil e propicie alguma espécie de êxito ou satisfação.
Utilidade, êxito ou satisfação, sucesso e felicidade, fuga do fracasso e da dor, o que dá certo é o que é bom. Eis aí uma das premissas fundamentais da nossa cultura, embora não fique muito claro de que maneira possamos alcançá-los.
O provérbio que temos diante de nós questiona a validade do nosso pragmatismo e nos mostra que nem sempre o que é fácil, útil e proporciona êxito ou satisfação é bom. Mostra-nos que o insensato é que faz isso, olvidando a voz da sabedoria.
Os dois textos apontam para duas perspectivas distintas sobre o certo e errado. Um é a perspectiva humana destituída da orientação de Deus, a outra é a perspectiva divina como revelada nas Escrituras. Seguindo a perspectiva humana sem Deus, o resultado é a morte, enquanto o resultado de seguir a outra é a vida.
Um dos motivos pelos quais é tão difícil fazer escolhas é que não sabemos, em muitos casos, o que é o certo a fazer. E daí a pergunta: Qual o critério que temos utilizado para determinar aquilo que é direito? Para o editor da Bíblia de Estudo Pentecostal:
A sabedoria humanista é insuficiente para determinar o que é verdadeiro ou falso, bom ou mau. A revelação escrita da parte de Deus é a única fonte infalível para se determinar o caminho certo desta vida. O caminho traçado pelo homem contém as sementes da morte; o caminho de Deus leva à vida eterna.
Diante disso, o provérbio e o salmo nos ajudam a evitar o caminho tortuoso e por implicação buscar o caminho certo. Vejamos que lições este provérbio e o Salmo 119.105 encerram.
I. O CAMINHO.
Segundo Strong, a palavra “caminho” possui várias acepções. “Estrada, distância, jornada, maneira, vereda, direção, hábito”, são alguns dos sentidos literais. No sentido figurado, refere-se ao curso da vida ou ao caráter moral da conduta. Chávez, para além dos sentidos referidos, destaca também que o termo significa “decisões” (Os 10:13; Sal 138:5; Pv 31:3). Caminho ou caminhos, no plural, como aparece nos dois textos, parece significar a mesma coisa: o curso da vida no seu caráter moral. Consequentemente, o curso que tomamos nos leva a algum lugar, aponta para uma direção determinada, e uma jornada se inicia. À luz do Novo Testamento, existem apenas dois caminhos, o estreito e o largo. Um é o caminho que conduz à salvação, o outro à perdição. Cabe a nós escolher o caminho da vida, como diz Jesus.
Como as nossas decisões se fundamentam sobre algum critério moral, cabe-nos perguntar qual tem sido o critério das nossas escolhas. Vejamos o que diz os dois textos.
II. O CAMINHO TRAÇADO PELO HOMEM CONTÉM AS SEMENTES DA MORTE.
Nesta seção, vamos considerar o que Provérbios 14.12 sobre o critério moral da escolha humana sem a direção de Deus e o resultado dela. Destacamos três coisas em relação ao texto.
Em primeiro lugar, a percepção[1] humana é falha – “há caminho que parece”. Os sentidos humanos estão tão corrompidos pelo pecado quanto qualquer outra parte do nosso ser depois da queda. Ló, por exemplo, escolheu as campinas verdes de Sodoma e Gomorra, num ato claro de pragmatismo, vindo, posteriormente, perder tudo por causa da destruição daquelas cidades em vista da medida do seu pecado ter transbordado (Gn 19). Percepção é a “faculdade de apreender por meio dos sentidos ou da mente; consciência (de alguma coisa ou pessoa), impressão ou intuição, especialmente moral” (HOUAISS, 2009). Em Juízes 17:6, é dito que “naquela época não havia rei em Israel; cada um fazia o que lhe parecia certo”, e o resultado foi desastroso. Autodeterminação parece ser uma das características fundamentais do pecado, e um dos critérios mais perigos para a vida.
Em segundo lugar, nem sempre o que é fácil é certo – “há um caminho que ao homem parece direito (reto, plano, sem dificuldades”). Como diz Champlin (2001, p. 2606) “a vereda falsa é reta (conforme diz, literalmente, o original hebraico) e fácil de seguir, e, sendo reta, parece correta. Esse caminho reto promete sucesso e felicidade, mas é uma vereda traiçoeira e enganadora”. O critério que suporta a decisão é frágil. Se a percepção humana é falha como esperaríamos que ela proporcionasse uma escolha sólida? A autodeterminação conduz à morte.
Em terceiro lugar, toda escolha tem consequências – “mas no final conduz à morte”. Que consequência terrível. Veja que “há um caminho” e ao final “o fim dele são os caminhos da morte. (Pv 14.12 – Almeida Corrigida e Revisada Fiel). Entra-se por um caminho e ao final, em vez de chegarmos a um destino certo, encontramos outros tantos, numa espiral infernal do desejo e satisfação ilimitados, que por fim nos conduz à morte (física, espiritual e eterna). Mas uma vez Champlin nos ensina que “embora a vereda do pecador seja reta e aparentemente correta, leva o pobre homem à ruína, à morte prematura, com muitos desastres ao longo do caminho” (2001, p. 2606).
O caminho traçado pelo homem contém as sementes da morte. A autodeterminação é um critério frágil porque está fundamentada numa percepção que é falha, parcial, limitada, desfigurada pelo pecado, e por isso conduz à perdição. Como ter um critério seguro para as nossas escolhas nessa vida?
III. O CAMINHO DE DEUS LEVA À VIDA ETERNA.
“Lâmpada para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho” (Sl 119:105).
Escolher é difícil, é verdade, mas segundo o salmista temos um referencial confiável para fundamentar nossas escolhas e andar no caminho com segurança – a Palavra de Deus. Note-se três coisas, aqui:
A palavra de Deus tem a perspectiva correta sobre a vida. Ela é “lâmpada” e “luz”. Se a perspectiva humana é falha, a divina é perfeita. A perspectiva divina sobre a conduta moral adequada encontra-se revelada nas páginas das Escrituras.
A palavra de Deus é um guia para as questões cotidianas da vida - “Lâmpada para os meus pés é tua palavra”. Para as questões mais corriqueiras da vida temos um guia seguro, um fundamento sólido para as nossas escolhas: a Palavra de Deus.
A palavra de Deus é um guia para a questão mais importante da vida – “e luz para o meu caminho”. A Palavra de Deus responde à pergunta de qual a melhor vida a ser vivida. A vida vivida a partir da perspectiva humana gera a morte. Mas quando deixamos nos guiar pela Palavra de Deus a melhor vida a ser vivida é aquela em que vivemos não com base na autodeterminação, mas na determinação de Deus sobre todas coisas.
Olha por onde andas. Ilumina teu caminho com a Palavra de Deus. Se a tua vida tem sido vivida com base na autodeterminação dá meia volta e toma o rumo certo. Lembra-te que só um caminho certo e seguro – JESUS (Jo 14.6).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Pentecostal. Tradução de João Ferreira de Almeida. Edição rev. e corr. Editado por Donald C. Stamps. Rio de Janeiro: CPAD, 1995.
CHAMPLIN, R. N., O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. vol. 1. São Paulo: Hagnos, 2001.
DICIONÁRIO Eletrônico Houaiss da Língua Portuguesa. (v.1.0). Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
DICIONÁRIO Eletrônico da Língua Portuguesa Novo Aurélio - Século XXI. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001.
As bíblias citadas foram consultadas no site: www.bibliaonline.com.br. Acesso em: 26 jul 2015.
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