Por Antônio Gilberto
1 Co 8.7 Mas nem todos há conhecimento; porque alguns até agora comem, no seu costume para com o ídolo, coisas sacrificadas aos ídolos; e a sua consciência, sendo fraca fica contaminada."
DEFINIÇÃO E GENERALIDADES DA CONSCIÊNCIA
A consciência é uma incontestável realidade em nossa vida, mas ao mesmo tempo ela é também uma das doutrinas da Bíblia. Consciência é o componente racional e moral do nosso ser imaterial, isto é, o espírito e a alma, mas abrangendo também o corpo. Ela é um meio de autojulgamento moral. O termo consciência vem do latim con + cientia = autoconsciência. Literalmente: com conhecimento. É na consciência do ser humano, que na criação, Deus gravou a sua santa lei moral, pela qual temos consciência do bem e do mal; do certo e do errado; do pecado e da justiça.
A consciência é uma espécie de "órgão espiritual" do
nosso ser; todavia, a consciência funciona através do cérebro e do sistema
nervoso — elementos físicos. A consciência no ser humano demonstra que este não
é um animal que não tem consciência.
No Antigo Testamento, muitas vezes os termos "rins" e
"coração" referem-se à consciência.
1) A consciência é vinculada ao "coração" no sentido de
dimensão afetiva do ser humano (Hb 10.22 "Cheguemo-nos, em inteira certeza
de fé; tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com
água Limpa").
2) A consciência é uma faculdade ou potencialidade do nosso espírito,
pela qual o indivíduo distingue o bem e o mal; o certo e o errado. É a lei
moral de Deus implantada por Ele na criatura humana, na Criação. Hoje a
consciência está muito desfigurada da original, pelo efeito do pecado. A
consciência faz-nos primeiramente conscientes de nós mesmos, o que não é o caso
da máquina que o homem inventa e fabrica, mas ela mesma nada sabe.
3) A consciência vigia-nos e alerta-nos, aprovando ou reprovando nossos
pensamentos, palavras, atitudes, propósitos, atos e conduta em geral, isto é,
se tais coisas que ocorrem no ser humano estão de acordo com nossas convicções.
4) Nossa consciência em si mesma não é autoridade, nem guia, nem
juiz final, enfim, última instância em matéria de nosso relacionamento com Deus
e quanto a salvação. Essa autoridade final repousa nas Sagradas Escrituras (SI
119.105,160; Jo 17.17; 2 Tm 3.15).
5) Nossa consciência para agir corretamente ao aprovar ou reprovar
nossas convicções, atos e conduta, depende da Palavra de Deus, segundo os seus
parâmetros do certo e do errado.
Temos, eu e você, leitor, neste momento, em nossa consciência os parâmetros
ou normas fixas de Deus, do absolutamente certo e do absoluto errado?
A consciência do cristão deve estar sempre alinhada à Bíblia para que suas
convicções sejam exatas, uma vez que a consciência pode ser enfraquecida,
obstruída, contaminada e cauterizada, como veremos logo mais neste estudo.
OS RECURSOS DIVINOS PARA UMA
BOA E SANTA CONSCIÊNCIA
Esses recursos ou meios divinos devem estar na consciência de todo
cristão.
1. A lei moral divina, gravada integralmente na consciência
(Rm 2.15,16; 1 Co 11.14 "não vos ensina a mesma natureza (...)?; 2 Co
1.12; Jó 38.36; Rm 13.5).
Imagine-se um pecador que recusa ou adia a sua decisão de seguir a
Cristo com a excusa: "Estou seguindo a minha consciência".
A lei moral divina gravada em nossa consciência evidencia a existência
de um Supremo Legislador e Soberano do universo, a quem todo ser humano um dia
haverá de prestar contas. Um dia os livros de Deus serão abertos (Ap 20.12
"e abriram-se os livros"). Um desses livros será sem dúvida o livro
da consciência.
2. A lei divina escrita, escondida por nós em nosso coração
— a Bíblia (SI 119.11; Dt 6.6; 11.18; SI 40.8; Hb 8.10 "no entendimento e coração";
10.16 "no coração e entendimento"). A lei divina escrita, sob a
agência do Espírito Santo faz com que a consciência aja com retidão e justiça.
Aqui entra o caso da nossa consciência ante a lei civil, isto é, nossos
deveres para com as autoridades legalmente constituídas e vice-versa (Rm 13.5 "Portanto
é necessário que lhe estejais sujeitos, não somente pelo castigo, mas também
pela consciência"). É a consciência na submissão às autoridades. Deus
criou todas as coisas sob o princípio da autoridade (SI 119,91; Pv 16.4). "O poder pertence a Deus" (SI
62.11).
3. O Espírito Santo agindo livremente em nossa consciência (Rm
9.1). Nossa consciência depende do Espírito Santo para bem cumprir sua missão
determinada por Deus na Criação.
4. O poderoso sangue de Jesus purificando nossas consciências (Hb
9.14).
ESTADOS DA NOSSA CONSCIÊNCIA
1. A consciência boa (1 Pe 3.16,21; 1 Tm 1.5,19; Hb 13.18; At 23.1). Boa, nestas referências equivale a sadia, saudável, hígida, normal. A consciência quando boa é ativa e funcional, e assim aprova ou reprova corretamente nossa conduta. "Dando testemunho a minha consciência no Espírito Santo" (Rm 9.1; 2 Co 1.12). A boa consciência atua com parâmetros ou padrões de Deus, da Palavra de Deus.
2. A
consciência pura, limpa (1 Tm 3.9; 2 Tm 1.3). Pura, aqui, é
literalmente desentupida, limpa mediante ação de limpeza. Mentalizar um cano
ou encanamento desentupido. É a "consciência sem ofensa", sem culpa
(At 24.16).
É a consciência purificada do pecado e perdoada da culpa. O agente
divino da purificação é o sangue de Jesus (Hb 9.14). O meio divino é a fé (At
15.9). A Palavra de Deus é também um agente divino de limpeza espiritual (Jo
15.3).
A consciência entupida ou bloqueada, a) Com dúvidas, Rm 14.1,23; b)
Com especulações teológicas e filosóficas; c) Com argumentos modernistas; d)
Com a culpa de pecados cometidos e não confessados e perdoados; e) Com ofensas
praticadas contra o próximo.
3. A consciência fraca; enfraquecida (1 Co 8.7-12).
"Fraca" aqui = debilitada; frágil; quebradiça. Coisas que enfraquecem
e fragilizam a consciência do ser humano a partir da infância. Algumas delas,
a) O contínuo rebaixamento dos padrões morais em toda parte, inclusive no lar e
na igreja; b) A ação capciosa e crescente do espírito do Anticristo precedendo
o seu aparecimento na terra como está predito Dn 7.25; 2 Ts 2.7-12; 1 Jo 4.3;
Ap 13.1); c) As sucessivas mutações sociais dos nossos tempos, destruidoras dos
fundamentos morais da sociedade, abrangendo o homem, a mulher, a família como
célula, a criança, o governo, a escola, o trabalho; d) A multimídia da
atualidade, repleta de conteúdo tenebroso, ocultista, vinte e quatro horas por
dia, para todos a partir da criança; e) O pecado por ser ignorado é chamado de
deslize, lapso, falta, falha, erro, engano.
Esta consciência "fraca", doente, assinalada em 1 Co
8.7,12, pode ser despertada por Deus como ocorreu àquela multidão de
religiosos, principalmente judeus, na endurecida cidade de Jerusalém no Dia de
Pentecostes (At 2.37 "E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração,
e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, varões irmãos?”) Era
um avivamento espiritual que estava começando, como relata a Bíblia (At 2.1-4).
Avivamento é um movimento do Espírito iniciado pelo despertamento da
consciência. Ver 2 Cr 13,14). Um povo avivado é um povo de consciência
despertada e renovada.
4. A consciência contaminada (Tt 1.15).
"Contaminada" aqui, é literalmente culpada de pecado; acusadora do
transgressor. Exemplos de consciência culpada acusando o seu portador: a) Os
irmãos de José (Gn 42.21,22); b) O rei Faraó, do Egito (Êx 9,27); e) O
copeiro-mor de Faraó (Gn 41.9); d) O rei Davi, de Israel (1 Sm 24.1-6; SI
40.11-13; 51). e) Os acusadores da mulher adúltera conduzida por eles a Jesus (Jo
8.3-9); f) O governador Felix ao ouvir o evangelho pregado pelo apóstolo Paulo
(At 24.24,25); g) Saulo de Tarso no momento da sua conversão a Deus (At 9.5
"duro é para ti recalcitrar contra os aguilhões"); h) Os nossos
inimigos quando lhes fazemos o bem com amor (Rm 12.20; cf. Mc 9.48 "Onde o
seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga").
5. A consciência má (Hb 10.22). "Má" aqui,
abrange a idéia de algo contínuo; isto é, fazer mal continuamente. A má
consciência afeta o coração, pois são associados (Hb 10.22), e afeta também o
corpo, é evidente.
6. A consciência cauterizada (1 Tm 4.2; cfr. Ef 4.19
"havendo perdido todo o sentimento"). Uma consciência cauterizada,
isto é, insensível de tanto ser violada, abafada, ignorada, reprimida. São
pessoas que perderam toda sensibilidade, toda vergonha, todo respeito, todo
temor. "Cauterizada" vem de cautério, um agente químico ou
mecânico que queima ou desfaz os tecidos orgânicos do corpo afetados por doença
maligna, crônica, tida como incurável.
Leitura bíblica de maior amplitude recomendada: 1 Coríntios,
capítulos 8 e 10; Romanos, capítulos 1 a 3; 9; 13; 14.
capítulos 8 e 10; Romanos, capítulos 1 a 3; 9; 13; 14.
Fonte: GILBERTO,
Antônio. Mensagens, Estudos e
explanações em I Coríntios. Rio de Janeiro: CPAD, 2009. p. 173-177
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