Mateus 7:2127
Introdução
1)
"O Senhor Jesus finaliza o Sermão do Monte", escreve J. C. Ryle,
"com uma passagem de aplicação penetrante. Ele volta-se dos falsos
profetas para os falsos professos, dos falsos mestres para os falsos
ouvintes".
2)
Por isso, Jesus nos leva a um confronto próprio, colocando diante de nós a
escolha radical entre a obediência e a desobediência, e nos convoca a um
compromisso incondicional da mente, da vontade e da vida com os seus
ensinamentos. Jesus enfatiza com grande solenidade que o nosso destino eterno
depende de uma obediência total.
3)
No que se refere a isso, os dois parágrafos finais do Sermão são muito
parecidos. Ambos contrastam as reações certa e errada aos ensinamentos de
Cristo. Ambos indicam que a neutralidade é impossível e que uma decisão
definida tem de ser tomada. Ambos destacam que nada pode substituir a
obediência ativa e prática. E ambos ensinam que a questão da vida e da morte no
dia do juízo será determinada pela nossa reação moral a Cristo e a seus
ensinamentos nesta vida. A única diferença entre os parágrafos é que, no
primeiro, se oferece como alternativa para a obediência uma profissão de fé com
os lábios, e, no segundo, um mero ouvir, também como alternativa para a
obediência.
I. O PERIGO DE SUBSTITUIR A OBEDIÊNCIA PELA
ELOQUÊNCIA
1) As pessoas que Jesus
está descrevendo aqui estão confiando para a sua salvação em uma afirmação do
credo, no que elas "dizem" a Cristo ou a respeito de Cristo. "Nem todo o que
me diz" (v. 21). "Muitos, naquele dia, hão de dizer" (v. 22).
Mas o nosso destino final será estabelecido, Jesus insiste, não pelo que lhe
dizemos hoje, nem pelo que lhe diremos no último dia, mas por fazermos o que
dizemos, por estar a nossa profissão verbal acompanhada da obediência moral.
2) O que eles professam
de Cristo?
Uma
profissão verbal de Cristo é indispensável. Para sermos salvos, escreveu Paulo,
temos de confessá-lo com nossos lábios e crer em nossos corações. E uma
verdadeira profissão de fé em Jesus como Senhor é impossível sem o Espírito
Santo.
Primeiro, a profissão é
respeitosa.
Chama-o de "Senhor", exatamente como hoje em dia a maneira mais
respeitosa e educada de se referir a Jesus ainda é dizer "nosso
Senhor".
Segundo, a profissão é
ortodoxa.
Embora chamar Jesus de "Senhor" talvez não signifique mais do que
chamá-lo de "senhor" (com minúscula), o presente contexto contém
alusões a Deus como seu Pai, e a ele mesmo como Juiz, e portanto parece
implicar em algo mais.
Terceiro, é fervorosa. Pois não é um
"Senhor" frio ou formal, mas um "Senhor, Senhor"
entusiástico, como se o orador desejasse chamar a atenção para a força e o zelo
de sua devoção.
Quarto, é uma confissão
pública.
Não é uma declaração particular e pessoal de fidelidade a Jesus. Alguns até
"profetizaram" em nome de Cristo, chegando até a insinuar que
pregaram em público com a autoridade e a inspiração do próprio Jesus.
Quinto, a profissão de
fé às vezes chega a ser espetacular. A fim de destacar este ponto, Jesus cita os
mais extremos exemplos de profissão de fé verbal, a saber, o exercício de um
ministério sobrenatural envolvendo profecia, exorcismo e milagres. O que essas
pessoas destacam ao falar com Cristo no dia do juízo é o nome pelo qual
ministraram. Três vezes usaram-no, sempre colocando-o em primeiro lugar para
dar ênfase. Reivindicam que, em nome de Cristo, pública e abertamente
confessado, eles profetizaram, expeliram demônios e fizeram muitas obras
maravilhosas. E não temos motivo para não acreditar nas suas reivindicações,
pois "grandes sinais e prodígios" serão realizados até mesmo pelos
falsos Cristos e falsos profetas.
3) O que poderia haver
de errado nisto?
Em
si, nada de mau. E, não obstante, tudo está errado, porque são palavras que não
contêm a verdade; é uma profissão de fé sem realidade. Não os salvará no dia do
juízo. Por isso, Jesus passa do que eles dizem e dirão para o que ele lhes
dirá. Ele também fará uma declaração solene. A palavra usada no versículo 23 é homologësö, "confessarei".
II. O QUE JESUS DIRÁ A
RESPEITO DELES
1) Como será essa confissão?
a)
A
confissão de Cristo será, como a deles, em público. Ele lhes dirigirá as
terríveis palavras: Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a
iniquidade, pois, embora tenham usado o nome dele livremente, Jesus não
conhecia seus nomes.
b)
A
confissão de Cristo será, diferente da deles, verdadeira.
2) Qual a razão de Jesus os rejeitar.
a) Porque a profissão
de fé deles foi verbal, não moral. Era uma confissão apenas de lábios, não de
vida. Chamam a Jesus "Senhor, Senhor", mas jamais se submeteram ao
seu senhorio, nem obedeceram à vontade de seu Pai celeste. A diferença vital
está entre o "dizer" e o "fazer".
b) Porque eles são malfeitores, praticam a iniquidade.
Podem alegar feitos grandiosos em seu ministério; mas, no seu comportamento
diário, as suas obras não são boas, são más.
Conclusão
Nós que, atualmente, declaramos ser cristãos,
fizemos uma profissão de fé em Jesus, particularmente na conversão e
publicamente no batismo. Damos a impressão de honrar a Jesus, chamando-o de
"o Senhor" ou "nosso Senhor". Recitamos o credo na igreja e
cantamos expressivos hinos de devoção a Cristo. Até exercemos uma variedade de
ministérios em seu nome. Mas ele não fica impressionado com nossas palavras
piedosas e ortodoxas. Ele continua pedindo evidências de nossa sinceridade em
boas obras de obediência.
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