terça-feira, 24 de março de 2015

A VISÃO DE CRISTO GLORIFICADO

Texto: Ap 1. 9-20
Introdução
1.    O contexto histórico em que se dá a visão.
A igreja, no final do século I, estava enfrentando uma grande perseguição, promovida pelo imperador Domiciano. Os cristãos eram odiados e perseguidos por várias razões.
1.1.  Politicamente, os romanos viam-nos como desleais, porque eles se recusavam a reconhecer César como a autoridade suprema. Essa deslealdade foi confirmada aos olhos dos oficiais romanos pela recusa a oferecer os sacrifícios obrigatórios de adoração ao imperador. Além disso, muitas das suas reuniões eram realizadas em particular durante a noite, fazendo com que os oficiais romanos os acusassem de “antigovernistas”.
1.2. Religiosamente, os cristãos foram denunciados como ateus, porque eles rejeitaram o panteão romano de deuses, porque eles adoravam um Deus invisível, e não um ídolo. Rumores, baseados em mal-entendidos de crenças e práticas cristãs, levou-os a acusa-los falsamente de canibalismo, incesto e outras perversões sexuais.
1.3. Socialmente, os cristãos, a maioria dos quais eram das classes mais baixas da sociedade (cf. 1 Coríntios 1:26), eram desprezados pela aristocracia romana. O ensinamento cristão de que todas as pessoas são iguais (Gl 3:28) ameaçou minar a estrutura hierárquica da sociedade romana e derrubar a elite do seu estatuto privilegiado. Também aumentou o medo de uma rebelião de escravos da aristocracia romana. Os cristãos não se oporiam abertamente a escravidão, mas a percepção era de que eles miná-la-iam      , ensinando que o senhor e o escravo eram iguais em Cristo (cf. Fm). Finalmente, os cristãos se recusavam a participar das diversões mundanas que eram tanto uma parte da sociedade pagã, evitando festivais, o teatro e outros eventos pagãos.
1.4. Economicamente, os cristãos eram vistos como uma ameaça pelos numerosos sacerdotes, artesãos e comerciantes que lucraram com a adoração pagã (Atos 19:23).
O próprio João estava exilado por causa da Palavra de Deus. Portanto, a visão que João tem na ilha de Patmos é uma forma de encorajar e consolar a igreja sofredora, senão vejamos.
I.              O HOMEM QUE FOI PRIVILEGIADO COM A VISÃO: JOÃO
Ele se descreve a si mesmo:
1.    Por seu presente estado e condição - “...o irmão e
companheiro na aflição, e no Reino, e na paciência de
Jesus Cristo”.
1.1.        Irmão e companheiro.
1.1.1.   Na Aflição.
1.1.2.   No Reino.
1.1.3.   Na paciência.
2.    Por meio do lugar e circunstâncias em que estava quando foi abençoado com essa visão – “Na ilha de Patmos”. 1) “...por causa da palavra de Deus”. 2) “e do testemunho de Jesus.
3.    Por meio do dia em que ele teve essa visão: “...no dia do Senhor”.
4.    Por meio do estado em que o Espírito o colocara: “Ele estava no Espírito”.

II.            O QUE JOÃO OUVIU (vv. 9-11)

1.     No dia do Senhor, João ouviu uma voz como de uma trombeta atrás dele.
2.     No dia do Senhor, João ouviu uma voz como de uma trombeta atrás dele que o mandou escrever a visão num livro.
3.     No dia do Senhor, João ouviu uma voz como de uma trombeta atrás dele que o mandou escrever a visão num livro e envia-lo às sete igrejas.

III.           O QUE JOÃO VIU (vv. 12-16)
“Voltei-me para ver quem falava comigo”. É possível que haja um duplo sentido nesta frase, com o acréscimo de um aspecto metafórico — não somente aconteceu que João “se voltou”, mas aquilo representava o “momento da virada” — um momento crítico — para a igreja, a saber, o momento em que as visões do plano divino para pôr fim à história mundial estavam por começar. E o que ele viu?

1.    João viu sete candelabros de ouro. 1) Eles simbolizam as igrejas como a luz do mundo (Fp 2:15). 2) Eles são de ouro, porque o ouro era o metal mais precioso. A igreja é para Deus a entidade mais bela e valiosa na terra, tão valiosa que Jesus estava disposto a comprá-la com o seu próprio sangue (Atos 20:28). 3) Sete é o número da perfeição (cf. Ex 25: 31-40; Zc 4:2), assim, as sete igrejas simbolizam as igrejas em geral.
2.    João viu alguém "semelhante a um filho de homem".
2.1.        Onde ele estava?
2.2.        Qual o seu aspecto? João vê dez características distintas do Noivo da igreja em sua glória e majestade, as quais podem ser vistas como aspectos do ministério constante do Senhor Jesus Cristo à sua Igreja:
1) Suas Vestes (v. 13) ­ Falam de Cristo como Sacerdote e Rei. Ele nos conduz a Deus e reina sobre nós.
2) Sua Cabeça (v. 14) ­ Falam da sua divindade, da sua santidade e da sua eternidade.
3) Seus Olhos (v. 14) ­ Falam da sua onisciência que a tudo vê e perscruta. Ele é o juiz diante de quem tudo se desnuda.
4) Seus Pés (V.1.5) ­ Isso fala da sua onipotência para julgar os seus inimigos. Convém que ele reine até que ponha todos os seus inimigos debaixo dos seus pés (1 Co 15:23).
5) Sua Voz (v. 15) ­ Isso fala do poder irresistível da sua Palavra, do seu julgamento. No seu juízo desfalecem palavras humanas. A voz de Cristo detém a última palavra e é a única a ter razão.
6) Sua Mão (v. 16) ­ A mão direita é a mão de ação, com a qual age e governa. Isso mostra o seu cuidado com a igreja. Ninguém pode arrebatar você das mãos de Cristo (Jo 10:28).
7) Sua Boca (v. 16) ­ Essa Palavra aqui não é o Evangelho, mas a Palavra do juízo. A única arma de guerra usada pelo Cristo conquistador no capítulo 19 é a Espada que saía da sua boca (19:5). Essa é a cena do tribunal, onde é proferida a sentença judicial, e precisamente sem contestação.
8) Seu Rosto (v. 16) ­ A visão agora não é mais de um Cristo servo, perseguido, preso, esbofeteado, com o rosto cuspido, mas do Cristo cheio de glória. A luz do sol supera o brilho dos candeeiros. 9) Sua Perenidade ­ O Primeiro e o Último (v. 17) ­ Ele é o criador, sustentador e consumador de todas as coisas. Ele cria, controla, julga e plenifica todas as coisas. Cristo aqui é enaltecido como vitorioso sobre o último inimigo, a morte.
10) Sua Vitória Triunfal (v. 18) ­ João está diante do Cristo da cruz, que venceu a morte. Ele não apenas está vivo, mas está vivo para sempre. Ele não só ressuscitou, ele venceu a morte e tem as chaves da morte e do inferno. Quem tem as chaves tem autoridade. Jesus recebeu do Pai toda autoridade no céu e na terra (Mt 28:18). Jesus tem não apenas a chave do céu (3:7), mas também a chave da morte (túmulo). Agora a morte não pode mais infligir terror, porque Cristo está com as chaves, podendo abrir os túmulos e levar os mortos à vida eterna.

IV.          O QUE JOÃO FEZ (vv. 17,18)
A esmagadora visão que João testemunhou afetou-o dramaticamente. Notemos três efeitos da visão sobre João.
1.    A visão trouxesse-lhe medo – “Quando o vi, caí a seus pés como morto” (1:17 a). Uma visão do Cristo exaltado não produz outra coisa senão grande reverência e temor (Dn 10:7-9).
2.    A visão trouxesse-lhe consolo e garantia – “Então ele colocou sua mão direita sobre mim e disse: "Não tenha medo. Eu sou o primeiro e o último.
Sou aquele que vive. Estive morto mas agora estou vivo para todo o sempre! E tenho as chaves da morte e do Hades”.
2.1.        Consolo - "Não tenha medo”.
2.2.       Garantia – 1) “Eu sou o primeiro e o último”. 2) “Sou aquele que vive”. 3) “Tenho as chaves da morte e do Hades”.
3.    A visão trouxesse-lhe dever - "Escreva, pois, as coisas que você viu, tanto as presentes como as que estão por vir. Este é o mistério das sete estrelas que você viu em minha mão direita e dos sete candelabros: as sete estrelas são os anjos das sete igrejas, e os sete candelabros são as sete igrejas".
3.1.        Escreve. A ordem de Cristo para escrever agora é expandida, destacando-se três características: 1) As coisas que tens visto, a visão que João tinha acabado de ver e está registrada nos versos 10-16. 2) As coisas que são, uma referência às cartas às sete igrejas nos capítulos 2 e 3, que descrevem o estado atual da igreja. 3) As coisas que hão de acontecer depois destas coisas, as revelações proféticas dos eventos futuros desdobrados nos capítulos 4-22. Este comando triplo fornece um esboço para o livro do Apocalipse, abrangendo (a partir da perspectiva de João) o passado, presente e futuro.
APLICAÇÃO

Cristo está no meio da sua igreja, trazendo consolo, encorajamento, mas também advertência sobre o modo como andamos na sua presença.

A visão do Cristo glorificado deve nos lembrar do temor e reverência que temos que ter diante dele.

É nosso dever transmitir o conhecimento das profecias desse livro, mostrando a vitória final de Cristo e sua igreja sobre os seus inimigos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

COMO ERAM AS MANIFESTAÇÕES DO ESPÍRITO SANTO NO ANTIGO E NO NOVO TESTAMENTO?

O Evangelho de João relata uma passagem da vida de Jesus que leva algumas pessoas a entender que o Espírito Santo não agia entre o povo d...