Texto: Ap 1. 9-20
Introdução
1.
O contexto histórico em que se dá a visão.
A
igreja, no final do século I, estava enfrentando uma grande perseguição,
promovida pelo imperador Domiciano. Os cristãos eram odiados e perseguidos por
várias razões.
1.1. Politicamente, os
romanos viam-nos como desleais, porque eles se recusavam a reconhecer César
como a autoridade suprema. Essa deslealdade foi confirmada aos olhos dos
oficiais romanos pela recusa a oferecer os sacrifícios obrigatórios de adoração
ao imperador. Além disso, muitas das suas reuniões eram realizadas em
particular durante a noite, fazendo com que os oficiais romanos os acusassem de
“antigovernistas”.
1.2. Religiosamente, os
cristãos foram denunciados como ateus, porque eles rejeitaram o panteão romano
de deuses, porque eles adoravam um Deus invisível, e não um ídolo. Rumores,
baseados em mal-entendidos de crenças e práticas cristãs, levou-os a acusa-los falsamente
de canibalismo, incesto e outras perversões sexuais.
1.3. Socialmente, os
cristãos, a maioria dos quais eram das classes mais baixas da sociedade (cf. 1
Coríntios 1:26), eram desprezados pela aristocracia romana. O ensinamento
cristão de que todas as pessoas são iguais (Gl 3:28) ameaçou minar a estrutura
hierárquica da sociedade romana e derrubar a elite do seu estatuto
privilegiado. Também aumentou o medo de uma rebelião de escravos da
aristocracia romana. Os cristãos não se oporiam abertamente a escravidão, mas a
percepção era de que eles miná-la-iam ,
ensinando que o senhor e o escravo eram iguais em Cristo (cf. Fm). Finalmente,
os cristãos se recusavam a participar das diversões mundanas que eram tanto uma
parte da sociedade pagã, evitando festivais, o teatro e outros eventos pagãos.
1.4. Economicamente, os
cristãos eram vistos como uma ameaça pelos numerosos sacerdotes, artesãos e
comerciantes que lucraram com a adoração pagã (Atos 19:23).
O
próprio João estava exilado por causa da Palavra de Deus. Portanto, a visão que
João tem na ilha de Patmos é uma forma de encorajar e consolar a igreja
sofredora, senão vejamos.
I.
O
HOMEM QUE FOI PRIVILEGIADO COM A VISÃO: JOÃO
Ele se
descreve a si mesmo:
1.
Por seu presente estado e condição - “...o irmão e
companheiro na aflição, e no Reino, e na paciência de
Jesus Cristo”.
companheiro na aflição, e no Reino, e na paciência de
Jesus Cristo”.
1.1.
Irmão e companheiro.
1.1.1. Na
Aflição.
1.1.2. No
Reino.
1.1.3. Na
paciência.
2.
Por meio do lugar e circunstâncias
em que estava quando foi abençoado com essa visão – “Na ilha de Patmos”. 1) “...por causa da palavra de Deus”. 2) “e do testemunho de Jesus.”
3.
Por meio do dia em
que ele teve essa visão: “...no dia do
Senhor”.
4.
Por meio do estado em
que o Espírito o colocara: “Ele estava
no Espírito”.
II.
O QUE
JOÃO OUVIU (vv. 9-11)
1. No dia
do Senhor, João ouviu uma voz como de uma trombeta atrás dele.
2. No dia
do Senhor, João ouviu uma voz como de uma trombeta atrás dele que o mandou
escrever a visão num livro.
3. No dia
do Senhor, João ouviu uma voz como de uma trombeta atrás dele que o mandou
escrever a visão num livro e envia-lo às sete igrejas.
III.
O QUE
JOÃO VIU (vv. 12-16)
“Voltei-me para ver quem falava comigo”. É possível que haja um duplo sentido nesta frase, com o acréscimo
de um aspecto metafórico — não somente aconteceu que João “se voltou”, mas
aquilo representava o “momento da virada” — um momento crítico — para a igreja,
a saber, o momento em que as visões do plano divino para pôr fim à história
mundial estavam por começar. E o que ele viu?
1.
João viu sete candelabros de ouro. 1) Eles
simbolizam as igrejas como a luz do mundo (Fp 2:15). 2) Eles são de ouro, porque
o ouro era o metal mais precioso. A igreja é para Deus a entidade mais bela e
valiosa na terra, tão valiosa que Jesus estava disposto a comprá-la com o seu
próprio sangue (Atos 20:28). 3) Sete é o número da perfeição (cf. Ex 25: 31-40;
Zc 4:2), assim, as sete igrejas simbolizam as igrejas em geral.
2.
João viu alguém
"semelhante a um filho de homem".
2.1.
Onde ele estava?
2.2.
Qual o seu aspecto? João
vê dez características distintas do Noivo da igreja em sua glória e majestade,
as quais podem ser vistas como aspectos do ministério constante do
Senhor Jesus Cristo à sua Igreja:
1) Suas Vestes (v. 13) Falam de
Cristo como Sacerdote e Rei. Ele nos conduz a Deus e reina sobre nós.
2) Sua Cabeça (v. 14) Falam da
sua divindade, da sua santidade e da sua eternidade.
3) Seus Olhos (v. 14) Falam da
sua onisciência que a tudo vê e perscruta. Ele é o juiz diante de quem tudo se
desnuda.
4) Seus Pés (V.1.5) Isso fala da
sua onipotência para julgar os seus inimigos. Convém que ele reine até que
ponha todos os seus inimigos debaixo dos seus pés (1 Co 15:23).
5) Sua Voz (v. 15) Isso fala do
poder irresistível da sua Palavra, do seu julgamento. No seu juízo desfalecem
palavras humanas. A voz de Cristo detém a última palavra e é a única a ter
razão.
6) Sua Mão (v. 16) A mão direita
é a mão de ação, com a qual age e governa. Isso mostra o seu cuidado com a
igreja. Ninguém pode arrebatar você das mãos de Cristo (Jo 10:28).
7) Sua Boca (v. 16) Essa Palavra
aqui não é o Evangelho, mas a Palavra do juízo. A única arma de guerra usada
pelo Cristo conquistador no capítulo 19 é a Espada que saía da sua boca (19:5).
Essa é a cena do tribunal, onde é proferida a sentença judicial, e precisamente
sem contestação.
8) Seu Rosto (v. 16) A visão
agora não é mais de um Cristo servo, perseguido, preso, esbofeteado, com o
rosto cuspido, mas do Cristo cheio de glória. A luz do sol supera o brilho dos
candeeiros. 9) Sua Perenidade O Primeiro e o Último (v. 17) Ele é o
criador, sustentador e consumador de todas as coisas. Ele cria, controla, julga
e plenifica todas as coisas. Cristo aqui é enaltecido como vitorioso sobre o
último inimigo, a morte.
10) Sua Vitória Triunfal (v. 18)
João está diante do Cristo da cruz, que venceu a morte. Ele não apenas está
vivo, mas está vivo para sempre. Ele não só ressuscitou, ele venceu a morte e
tem as chaves da morte e do inferno. Quem tem as chaves tem autoridade. Jesus
recebeu do Pai toda autoridade no céu e na terra (Mt 28:18). Jesus tem não
apenas a chave do céu (3:7), mas também a chave da morte (túmulo). Agora a
morte não pode mais infligir terror, porque Cristo está com as chaves, podendo
abrir os túmulos e levar os mortos à vida eterna.
IV.
O QUE
JOÃO FEZ (vv. 17,18)
A
esmagadora visão que João testemunhou afetou-o dramaticamente. Notemos três efeitos
da visão sobre João.
1.
A visão trouxesse-lhe
medo – “Quando o vi, caí a
seus pés como morto” (1:17 a). Uma visão do Cristo
exaltado não produz outra coisa senão grande reverência e temor (Dn 10:7-9).
2.
A visão trouxesse-lhe
consolo e garantia – “Então ele colocou sua mão direita sobre mim e disse: "Não tenha
medo. Eu sou o primeiro e o último.
Sou aquele que vive. Estive morto mas agora estou vivo para todo o sempre! E tenho as chaves da morte e do Hades”.
Sou aquele que vive. Estive morto mas agora estou vivo para todo o sempre! E tenho as chaves da morte e do Hades”.
2.1.
Consolo - "Não tenha medo”.
2.2. Garantia – 1) “Eu sou o primeiro e o último”. 2) “Sou aquele
que vive”. 3) “Tenho as chaves da morte e do Hades”.
3.
A visão trouxesse-lhe
dever - "Escreva, pois, as coisas que você viu, tanto as
presentes como as que estão por vir. Este é o mistério das sete estrelas
que você viu em minha mão direita e dos sete candelabros: as sete estrelas são
os anjos das sete igrejas, e os sete candelabros são as sete igrejas".
3.1.
Escreve. A ordem de Cristo para escrever agora
é expandida, destacando-se três características: 1) As coisas que tens visto, a
visão que João tinha acabado de ver e está registrada nos versos 10-16. 2) As
coisas que são, uma referência às cartas às sete igrejas nos capítulos 2 e 3,
que descrevem o estado atual da igreja. 3) As coisas que hão de acontecer depois
destas coisas, as revelações proféticas dos eventos futuros desdobrados nos capítulos
4-22. Este comando triplo fornece um esboço para o livro do Apocalipse,
abrangendo (a partir da perspectiva de João) o passado, presente e futuro.
APLICAÇÃO
Cristo está no meio da sua igreja, trazendo consolo, encorajamento, mas também advertência sobre o modo como andamos na sua presença.
A visão do Cristo glorificado deve nos lembrar do temor e reverência que temos que ter diante dele.
A visão do Cristo glorificado deve nos lembrar do temor e reverência que temos que ter diante dele.
É nosso dever transmitir o
conhecimento das profecias desse livro, mostrando a vitória final de Cristo e
sua igreja sobre os seus inimigos.
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