Pregador: Dr. Alderi Souza de Matos
Apocalipse
2.8-11
Introdução
Esta
é a segunda carta às igrejas da Ásia, dirigida à rival de Éfeso. Esmirna (a
moderna Izmir, na Turquia) era a mais bela das cidades da região, com 250 mil
habitantes. A cidade tinha um clima agradável, bem ventilado; era cercada de
bosques, onde se podia achar a árvore que produzia uma resina aromática, a
mirra (significado da palavra grega “esmirna”).
Tinha
localização estratégica em um porto protegido num braço do mar Egeu e
apresentava grande atividade comercial. Havia sido reconstruída por Lisímaco em
200 a.C. como uma cidade planejada com ruas retas e largas, circundada por uma
colina coberta de templos e edifícios imponentes – a “coroa de Esmirna”.
Possuía intensa vida cultural: estádio, biblioteca, odeon, teatro.
A
mensagem do Cristo glorificado ao “anjo” ou pastor da igreja de Esmirna tem
dois aspectos. Ele se apresenta como “o primeiro e o último”, um título
pertencente a Deus (Is 44.6; 48.12): “Assim diz o Senhor, Rei de Israel,
seu Redentor, o Senhor dos Exércitos: Eu sou o primeiro e eu sou o último, e
além de mim não há Deus”. Em
segundo lugar, ele diz que “esteve morto e tornou a viver”, o que aponta para
sua obra redentora (ver 1.17-18).
I.
A situação presente da igreja
A
situação dos esmirnenses é descrita como sendo de tribulação, ou seja, pressão,
esmagamento, opressão. É também uma situação de pobreza extrema, por causa da
situação social dos cristãos ou em conseqüência da perseguição.
Todavia,
sua pobreza material contrastava com sua riqueza espiritual: “Pois conheceis a
graça de nosso Senhor Jesus Cristo, que, sendo rico, se fez pobre por amor de
vós, para que, pela sua pobreza, vos tornásseis ricos” (2Co 8.9).
Além
disso, havia a oposição dos judeus, que constituíam uma numerosa e influente
comunidade. Certa vez os judeus ofereceram 10 mil denários para embelezar
a cidade. Eles eram hostis à igreja, sendo os principais instigadores da
perseguição. O juízo de Cristo é que eles eram blasfemos (Mt 12.24); falsos
judeus; sinagoga de Satanás (ver 3.9). Recusaram-se a reconhecer Jesus como o seu
Messias e o amaldiçoaram junto com seus seguidores.
II.
O que ainda os aguarda
Eles
iriam sofrer ainda mais; seriam lançados em prisão pelas autoridades,
influenciadas por Satanás; sua fé seria provada, pois a prisão com frequência
terminava em execução. Teriam tribulação de dez dias, o que significa um breve
tempo ou tempo definido,
A
perseguição podia ocorrer a qualquer momento, sob as conhecidas acusações de
ateísmo, deslealdade ao império, etc. São conhecidos alguns personagens
históricos martirizados ligados a essa cidade: Inácio de Antioquia, que
escreveu uma carta aos esmirnenses, e Policarpo de Esmirna, martirizado em
23/02/155. Os judeus foram os primeiros a ajuntar lenha para o fogo, embora
fosse um sábado.
III.
Consolo e exortação
Cristo
conhece a situação da igreja: está atento e solidário com eles. Eles não devem
temer, porque o Senhor está com eles, porque sua firmeza será recompensada.
“Sê
fiel até à morte” – verso mais conhecido da passagem. Significa “sê fiel, mesmo
que a fidelidade resulte em morte”. Esmirna se orgulhava de sua lealdade a Roma
há quase três séculos: em 195 a.C. foi erigido o primeiro templo à deusa Roma,
e em 26 d.C., um templo ao imperador Tibério.
Duas
promessas são feitas ao vencedor: (a) a “coroa da vida”, ou seja, a própria
vida (“Bem-aventurado o
homem que suporta com perseverança a provação; porque depois de ter sido
aprovado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam” – Tg 1.12); (b) não experimentar a “segunda
morte”.
Aplicações
Hoje
não experimentamos opressão, pobreza, blasfêmia de judeus ou ameaça de prisão,
e sim outras ameaças à nossa fé (frieza, desânimo, atração do mundo). No
entanto, o imperativo da lealdade a Cristo continua sendo o mesmo.
Devemos
ser solidários com os irmãos nossos que estão sofrendo pelo nome de Cristo ao
redor do mundo.
Devemos reafirmar
nossa confiança em Cristo: o primeiro e o último, o que foi morto e vive para
sempre, o único em quem temos a vida eterna. Como disse o mártir Policarpo no
2º século: “Por 86 anos eu o tenho servido, e ele nunca me fez nenhum mal; como
posso blasfemar contra o meu Rei que me salvou?”
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