terça-feira, 2 de julho de 2013

Alegria, apesar de ter que viver na carne, desde que a Igreja de Cristo seja beneficiada

Série ''A alegria do Ministério'' - Tema IV - Alegria, apesar de ter que viver na carne, desde que a Igreja de Cristo seja beneficiada.
Ref. Fl 1.21-26
Introdução
Omita as palavras "Cristo" e "ganho" e você é lembrado quão perto a vida e a morte se encontram, elas estão separadas apenas por uma vírgula. A vida é o vestíbulo da morte, e a morte segue de perto a vida. Cada homem está onde está essa vírgula, entre a vida e a morte, todos os homens estão equilibrando-se entre os dois. Assim que temos apenas estes dois pensamentos: as bênçãos da vida, e as bênçãos da morte, como consideradas pelo apóstolo Paulo. Mas, donde se origina o dilema de Paulo?
I. A explicação (v. 20,21)
"Para mim o viver é Cristo e o morrer é lucro." A partícula γάρ apresenta a declaração confirmatória. Cristo será engrandecido no meu corpo, seja pela vida ou pela morte - pela vida, pois para mim o viver é Cristo, pela morte, pois a morte para mim é ganho.
1. Como Paulo engrandeceria a Jesus por meio do seu corpo?
a) "Para mim, na vida e na morte Cristo é ganho". O sentimento, “para mim viver ou morrer, Cristo é ganho”, por si só não prova a afirmação de que Cristo seria engrandecido em seu corpo, seja pela vida ou pela morte. Ganho pessoal para si mesmo em ambos os casos não é certamente idêntica à glorificação de Cristo, pelo menos não há nada na língua para justificar ou explicar tal conclusão. Além disso, como as alternativas são fortemente marcadas - "pela vida ou pela morte", e como elas estão em antagonismo direto, esperamos que o modo de glorificação também seja diferente, e que essa diferença esteja implícita na cláusula adicional para explicação e prova. Mas não existe tal distinção se essa exegese injustificada for admitida. O que o versículo quer dizer, então?
b) Ele fala da permanência na terra, e da saída da mesma, e mostra como, em cada caso, Cristo deve ser engrandecido em seu corpo.
1) Cristo, diz o apóstolo, será engrandecido no meu corpo na vida, "pois para mim o viver é Cristo".
a) O uso de tais termos mostra a integridade da identificação de Paulo com Cristo. Cristo e a vida eram uma e a mesma coisa para ele. Paulo diria “a pregação de Cristo, é o negócio da minha vida, a presença de Cristo, a alegria da minha vida, a imagem de Cristo, a coroa da minha vida, o espírito de Cristo, a vida da minha vida, o amor de Cristo, o poder da minha vida, a vontade de Cristo, a lei da minha vida, e a glória de Cristo, o fim da minha vida.” Cristo era o elemento absorvente de sua vida. Se ele viajou, foi a serviço de Cristo, se ele sofreu, foi no serviço de Cristo. Quando falou, seu tema era Cristo, e quando ele escreveu, Cristo encheu suas cartas. Paulo era completamente cristocêntrico em oposição aos pregadores que ele fala no ver. 15, que são antropocêntricos e egocêntricos.
b) O apóstolo tinha o mandado de uma longa carreira para justificar sua afirmação.
c) Ele não suspirou sob o fardo do sofrimento, como se o repouso fosse necessário, ou se afundou em auto complacência, como se ele tivesse feito o suficiente, a comissão do Senhor ainda estava sobre ele, e as necessidades do mundo eram tão numerosas e prementes, como a reivindicar a sua última palavra.
2) Cristo, diz o apóstolo, será engrandecido no meu corpo na morte, pois "e o morrer é lucro." Há duas questões presentes nesta declaração. Por que a morte é ganho? E como, ou em que sentido Cristo seria engrandecido nele?
1) A Morte, não se pode duvidar, foi ganho ao apóstolo no sentido pessoal. A morte o afastaria do sofrimento e inquietação, o levaria para fora de uma prisão para a presença de Cristo. Lhe daria o céu pela terra, o gozo pelo trabalho, e a perfeição espiritual pela santidade incompleta. O traria para a presença de seu Senhor exaltado, para ver a Sua imagem, viver em seu esplendor, e manter comunhão pura e ininterrupta com Deus. Era deixar a sociedade imperfeita da terra para a comunhão mais nobre dos céus, passar do serviço que envolve a autonegação, lágrimas e sofrimento, para a coroa que não pode desaparecer, era elevar-se acima do processo de disciplina da constante vigilância e oração, em perfeita assimilação ao seu Divino Mestre. O apóstolo mostra, portanto, que não era o cansaço da vida, desgosto ou o sofrimento presente, que o levou a expressar "e o morrer é ganho".
2) A Morte, não se pode duvidar, foi ganho ao apóstolo num sentido mais abrangente. Enquanto a vida seria Cristo, a morte seria Cristo também, mas em um sentido muito maior. Ainda haveria a glorificação de Cristo, mas de outra forma. Viver é "Cristo", mas, como ele próprio diz, a morte é "estar com Cristo", e, portanto, em comparação com a vida, é ganho. Sua coragem e constância para selar seu testemunho com o seu sangue, e em sendo feito conforme a morte de seu Senhor, faria de si mesmo glorificar a Cristo na exposição desse manso e majestoso comportamento, que a consciência da presença de Cristo só poderia inspirar e sustentar. Entre viver e morrer Paulo prefere a morte, que é muito melhor, é estar com Cristo. Mas por outro lado há as igrejas. E aqui começa o dilema de Paulo, o que é melhor, viver ou morrer?
II. O dilema (v. 22, 23)
A expressão “viver na carne” significa continuar vivendo neste mundo. Nas epístolas de Paulo, a palavra sarx (carne) tem os seguintes significados: a. A substância principal do corpo, quer dos homens, quer dos animais (1Co 15.39); b. O próprio corpo, em distinção do espírito, mente, coração (Cl 2.5); c. A existência terrena (Gl 2.20; Fp 1.22,24); d. Um ser humano, considerado como uma criatura débil, terrena e perecível (1Co 1.29; Gl 2.16); f. A natureza humana, sem nenhum tipo de menosprezo (Rm 9.5); g. Dignidade e realização humanas, com ênfase nas vantagens ou privilégios hereditários, cerimoniais, legais e morais; o ego sem a graça regeneradora; qualquer coisa à parte de Cristo na qual se baseia a esperança de salvação (Fp 3.3); h. A natureza humana, considerada como a sede e veículo dos desejos pecaminosos (Rm 7.25; 8.4-9; 12.13; Gl 5.16,17,19; 6.8).
1) As Alternativas de Paulo
Paulo está impressionado com a riqueza da vida e da morte. Ele não sabe qual escolher, porque cada uma é tão doce. A vida é doce, porque é Cristo, a morte é doce, porque é mais de Cristo.
a) Viver é continuar a frutificar na obra do Senhor, aqui. 1) Se Paulo é absolvido para que sua vida se prolongue aqui na terra, significaria fruto: almas conquistadas para a eternidade através do prolongamento de seu ministério, a edificação dos crentes, o estabelecimento de igrejas, etc. A perspectiva é maravilhosa. Paulo sabe que, se fosse absolvido e posto em liberdade, aproveitaria a oportunidade para proclamar o evangelho por toda parte. E ainda mais: ele sabe que seu trabalho não será em vão.  2) O valor de sua permanência na vida reside principalmente em ele estar com os seus irmãos e promover o seu bem-estar espiritual.
b) Morrer é estar na presença imediata do Senhor, lá. Paulo depois de afirmar que morrer é lucro, agora, afirma que ele prefere a morte à vida. No versículo 23 Paulo nos fala sobre três aspectos importantes da morte do cristão: 1) A natureza da morte. Paulo fala da morte como uma partida. Ralph Martin diz que essa palavra “partir” não deve ser interpretada como um anseio por imortalidade, a qual os gregos procuravam atingir mediante o derramamento do corpo físico, permitindo, assim, que o espírito escapasse de sua prisão. Essa palavra grega analyein é muito sugestiva. Ela tem um rico significado. a) Primeiro, ela significa ficar livre de um fardo. Esse era um termo usado pelos agricultores para se referir ao ato de remover o jugo dos bois. Paulo havia levado o jugo de Cristo, que era suave (Mt 11.28-30), mas também havia carregado inúmeros fardos em seu ministério (1Co 11.22-12.10). Partir e estar com Cristo significa colocar de lado todos os fardos, pois seu trabalho na terra estaria consumado. A morte é o alívio de toda fadiga (Ap 14.13). A morte é descanso (Hb 4.9). A morte é entrar na posse do reino e no gozo do Senhor (Mt 25.34). b) Segundo, ela significa levantar acampamento. A ideia central aqui é de desatar as cordas da tenda, remover as estacas e prosseguir a marcha. A morte é colocar-se em marcha. Cada dia desta marcha é uma jornada que se aproxima mais do nosso lar. Até que enfim se levanta pela última vez o acampamento neste mundo e se transfere para a residência permanente na glória. A tenda em que vivemos é desarmada pela morte. A morte é uma mudança de endereço. Deixamos uma tenda frágil e mudamos para uma casa feita não por mãos, eterna no céu (2Co 5.1). Deixamos um corpo de humilhação e nos revestimos de um corpo de glória (3.21). Deixamos este mundo onde passamos por aflição e entramos na Casa do Pai, onde Deus enxugará dos nossos olhos toda lágrima. c) Terceiro, ela significa desatar as amarras do bote, levantar as âncoras e lançar-se ao mar. Morrer é empreender essa viagem para o porto eterno e para a Deus, diz William Barclay. A morte é uma viagem rumo à eternidade. É uma jornada para a casa do Pai, para o paraíso, para o seio de Abraão, para a Jerusalém celeste. 2) A bênção da morte. Paulo diz que morrer é partir para estar não no purgatório, nem no túmulo, ou em sucessivas reencarnações, mas estar em Cristo. Morrer é deixar o corpo e habitar imediatamente com o Senhor (2Co 5.8). Morrer não é partir para o além desconhecido, mas partir para estar com Cristo no céu. A morte não é uma viagem rumo às trevas, ao desconhecido ou ao tormento ou à solidão. A morte é uma partida para estar com Cristo, para se ter íntima, perfeita e eterna comunhão com ele. 3) A superioridade da morte. Paulo diz que morrer é estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor. O advérbio triplo em grego (literalmente: “antes muito melhor”) significa “sem comparação, o melhor”, isto é, um superlativo super-enfático. O céu é melhor. A glorificação é melhor. Estar com Cristo com um corpo de glória é melhor. Ver a Jesus glorificado e desfrutar da sua companhia eternamente é melhor. Estar na casa do Pai, onde não tem mais dor, nem lágrima nem luto é melhor.
2) O aperto de Paulo (v. 23)
A palavra que Paulo usa, senecomai, é a que se aplicaria a um viajante que está num desfiladeiro estreito e rochoso com um muro de rocha de um lado e do outro, impossibilitado de se desviar do caminho e tendo como única alternativa a de seguir adiante. No que respeita a si mesmo, teria desejado partir para estar com Cristo; desejaria permanecer nesta vida somente por seus amigos e o que pudesse significar para eles. Vejamos o que são essas paredes.

Permanecer aqui
Partir para estar com Cristo
Aqui:
a. Uma residência temporária. Um mero acampamento
Uma habitação permanente
b. Um misto de sofrimento e alegria
Alegria sem sombra de sofrimento
c. Sofrimento por pouco tempo
Alegria eterna
d. Estar ausente do Senhor
Habitar com o Senhor
e. A luta constante
A festa perene
f. O domínio do pecado
O domínio da plena isenção do pecado, santidade positiva


3) A submissão de Paulo (v. 22)
O ponto de Paulo parece ser que ele ainda não decidiu qual escolher, porque o Senhor ainda não tinha dado a conhecer a ele qual escolher. Porque ele não tinha certeza da vontade do Senhor sobre o assunto, ele não tinha certeza de sua decisão.
III. A decisão (v. 25)
Visto que o apóstolo está convencido disso, isto é, do que acaba de escrever, de que o prolongamento de sua breve vida seria sinônimo de frutos resultantes do trabalho, e de que tal trabalho seria importante para a igreja filipense, ele considera que é muitíssimo provável que permaneça na terra por mais algum tempo. Ele diz: “Estou certo de que ... permanecerei com todos vocês.” Este todos vocês certamente inclui outros crentes além dos filipenses. Mas, o que mudou?
A questão é, pois, se sua perspectiva mudou, no versículo 25, de modo que ele contempla, agora, a probabilidade da sobrevivência, após o processo, e o retorno a Filipos (v.26). Muitas suposições têm sido levantadas, para explicar esta hipotética mudança de perspectiva. Teria sido numa iluminação profética que Deus lhe concedeu, de que a sentença do tribunal lhe seria favorável? Ter-lhe-iam chegado notícias de que os juízes haviam decidido a seu favor? Ou possivelmente, a convicção de Paulo fortaleceu-se pela meditação nos propósitos de Deus, nos eventos de sua recente exposição ao risco? Não podemos responder a estas perguntas com algum grau de certeza. Talvez, depois de tudo, a confiança de Paulo se relacionava estritamente ao seu sentido de responsabilidade pastoral, e está considerando sua própria convicção “baseado em seu senso das necessidades dos filipenses, quanto ao apóstolo”.
IV. Os resultados (v. 25,26)
1) Progresso e alegria na fé. Esse progresso significa crescimento em amor (Fp 1.9), em conhecimento (1.9), em fertilidade (1.11) e em obediência (2.12). Por que o progresso dos crentes é importante? Porque não progredir significa regredir. Espiritualmente, permanecer em estado estático é impossível. E a regressão produz depressão (desalento). Por outro lado, progresso é sinônimo de felicidade, de gozo indizível e de glória sem fim. Portanto, Paulo mantém nitidamente unidos esses dois conceitos, e escreve que espera permanecer com seus amigos na terra para seu progresso e gozo na fé.
2) Exultação em Cristo por Paulo. Também se gloriariam no Senhor por suas ternas misericórdias derramadas sobre Paulo, louvando-o especialmente por lhes haver trazido novamente seu querido amigo. Note que a palavra novamente implica que o apóstolo estivera em Filipos anteriormente (durante a segunda viagem missionária, At 16.11-14; durante a terceira, indo, 2Co 8.1-5; durante a terceira, voltando, At 20.5).

Aplicação
1. A vida é doce, porque é Cristo, a morte é doce, porque é mais de Cristo.
2. O que Cristo é para mim? Cristo, a origem da nossa vida. A essência da nossa vida. O modelo da nossa vida. O objetivo da nossa vida. O consolo da nossa vida. A recompensa da nossa vida.
3. Devemos ter cuidado com as doutrinas erras sobre a morte. 1) Reencarnação. 2) Aniquilamento. 3) Sono da alma.
4. Se cremos em Jesus Cristo a morte é para nós união e reunião: união com Cristo e reunião com aqueles que amamos e dos quais nos tínhamos separado.

 Bibliografia Consultada

Lopes, Hernandes Dias. Filipenses: a alegria triunfante no meio das provas. São Paulo: Hagnos, 2007.
Martin, Ralph P. Filipenses, introdução e comentário. São Paulo: Edições Vida Nova, 2011.
MacArthur, John. Philippians. CHICAGO: MOODY PRESS, 2001. (Edição eletrônica)
Bruce, F.F. Filipenses. São Paulo: Editora Vida, 1992.
Wiersbe, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo: Novo Testamento (Vol. II).  Santo André: Geográfica editora, 2006.
CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento Interpretado versículo por Versículo (vol. V). São Paulo: Candeia, 1998.
Henry’s, Matthew. Comentário Bíblico do Novo Testamento: Atos a Apocalipse. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.

Hendriksen, William. Efésios e Filipenses: Comentário do Novo Testamento. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1992.

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