Série ''A alegria do Ministério'' - Tema IV - Alegria, apesar
de ter que viver na carne, desde que a Igreja de Cristo seja beneficiada.
Ref. Fl 1.21-26
Introdução
Omita
as palavras "Cristo" e "ganho" e você é lembrado quão perto
a vida e a morte se encontram, elas estão separadas apenas por uma vírgula. A vida
é o vestíbulo da morte, e a morte segue de perto a vida. Cada homem está onde
está essa vírgula, entre a vida e a morte, todos os homens estão
equilibrando-se entre os dois. Assim que temos apenas estes dois pensamentos:
as bênçãos da vida, e as bênçãos da morte, como consideradas pelo apóstolo
Paulo. Mas, donde se origina o dilema de Paulo?
I. A explicação (v. 20,21)
"Para
mim o viver é Cristo e o morrer é lucro." A partícula γάρ apresenta a
declaração confirmatória. Cristo será engrandecido no meu corpo, seja pela vida
ou pela morte - pela vida, pois para mim o viver é Cristo, pela morte, pois a
morte para mim é ganho.
1.
Como Paulo engrandeceria a Jesus por meio do seu corpo?
a) "Para mim, na vida e
na morte Cristo é ganho". O sentimento, “para mim viver ou morrer, Cristo
é ganho”, por si só não prova a afirmação de que Cristo seria engrandecido em
seu corpo, seja pela vida ou pela morte. Ganho pessoal para si mesmo em ambos
os casos não é certamente idêntica à glorificação de Cristo, pelo menos não há
nada na língua para justificar ou explicar tal conclusão. Além disso, como as
alternativas são fortemente marcadas - "pela vida ou pela morte", e
como elas estão em antagonismo direto, esperamos que o modo de glorificação
também seja diferente, e que essa diferença esteja implícita na cláusula
adicional para explicação e prova. Mas não existe tal distinção se essa exegese
injustificada for admitida. O que o versículo quer dizer, então?
b) Ele fala da permanência
na terra, e da saída da mesma, e mostra como, em cada caso, Cristo deve ser
engrandecido em seu corpo.
1)
Cristo, diz o apóstolo, será engrandecido no meu corpo na vida, "pois para
mim o viver é Cristo".
a)
O
uso de tais termos mostra a integridade da identificação de Paulo com Cristo.
Cristo e a vida eram uma e a mesma coisa para ele. Paulo diria “a pregação de
Cristo, é o negócio da minha vida, a presença de Cristo, a alegria da minha
vida, a imagem de Cristo, a coroa da minha vida, o espírito de Cristo, a vida
da minha vida, o amor de Cristo, o poder da minha vida, a vontade de Cristo, a
lei da minha vida, e a glória de Cristo, o fim da minha vida.” Cristo era o
elemento absorvente de sua vida. Se ele viajou, foi a serviço de Cristo, se ele
sofreu, foi no serviço de Cristo. Quando falou, seu tema era Cristo, e quando
ele escreveu, Cristo encheu suas cartas. Paulo era completamente cristocêntrico
em oposição aos pregadores que ele fala no ver. 15, que são antropocêntricos e
egocêntricos.
b) O apóstolo tinha o
mandado de uma longa carreira para justificar sua afirmação.
c) Ele não suspirou sob o
fardo do sofrimento, como se o repouso fosse necessário, ou se afundou em auto
complacência, como se ele tivesse feito o suficiente, a comissão do Senhor
ainda estava sobre ele, e as necessidades do mundo eram tão numerosas e
prementes, como a reivindicar a sua última palavra.
2)
Cristo, diz o apóstolo, será engrandecido no meu corpo na morte, pois "e o
morrer é lucro." Há duas questões presentes nesta
declaração. Por que a morte é ganho? E como, ou em que sentido Cristo seria engrandecido
nele?
1) A Morte, não se pode
duvidar, foi ganho ao apóstolo no sentido pessoal. A morte o afastaria do
sofrimento e inquietação, o levaria para fora de uma prisão para a presença de
Cristo. Lhe daria o céu pela terra, o gozo pelo trabalho, e a perfeição
espiritual pela santidade incompleta. O traria para a presença de seu Senhor
exaltado, para ver a Sua imagem, viver em seu esplendor, e manter comunhão pura
e ininterrupta com Deus. Era deixar a sociedade imperfeita da terra para a
comunhão mais nobre dos céus, passar do serviço que envolve a autonegação,
lágrimas e sofrimento, para a coroa que não pode desaparecer, era elevar-se
acima do processo de disciplina da constante vigilância e oração, em perfeita
assimilação ao seu Divino Mestre. O apóstolo mostra, portanto, que não era o cansaço
da vida, desgosto ou o sofrimento presente, que o levou a expressar "e o morrer
é ganho".
2) A Morte, não se pode
duvidar, foi ganho ao apóstolo num sentido mais abrangente. Enquanto a vida
seria Cristo, a morte seria Cristo também, mas em um sentido muito maior. Ainda
haveria a glorificação de Cristo, mas de outra forma. Viver é
"Cristo", mas, como ele próprio diz, a morte é "estar com
Cristo", e, portanto, em comparação com a vida, é ganho. Sua coragem e
constância para selar seu testemunho com o seu sangue, e em sendo feito
conforme a morte de seu Senhor, faria de si mesmo glorificar a Cristo na
exposição desse manso e majestoso comportamento, que a consciência da presença
de Cristo só poderia inspirar e sustentar. Entre viver e morrer Paulo prefere a
morte, que é muito melhor, é estar com Cristo. Mas por outro lado há as
igrejas. E aqui começa o dilema de Paulo, o que é melhor, viver ou morrer?
II. O dilema (v. 22, 23)
A
expressão “viver na carne” significa continuar vivendo neste mundo. Nas epístolas
de Paulo, a palavra sarx (carne) tem os seguintes significados: a. A substância
principal do corpo, quer dos homens, quer dos animais (1Co 15.39); b. O próprio
corpo, em distinção do espírito, mente, coração (Cl 2.5); c. A existência
terrena (Gl 2.20; Fp 1.22,24); d. Um ser humano, considerado como uma criatura
débil, terrena e perecível (1Co 1.29; Gl 2.16); f. A natureza humana, sem
nenhum tipo de menosprezo (Rm 9.5); g. Dignidade e realização humanas, com
ênfase nas vantagens ou privilégios hereditários, cerimoniais, legais e morais;
o ego sem a graça regeneradora; qualquer coisa à parte de Cristo na qual
se baseia a esperança de salvação (Fp 3.3); h. A natureza humana, considerada
como a sede e veículo dos desejos pecaminosos (Rm 7.25; 8.4-9; 12.13; Gl
5.16,17,19; 6.8).
1)
As Alternativas de Paulo
Paulo
está impressionado com a riqueza da vida e da morte. Ele não sabe qual
escolher, porque cada uma é tão doce. A vida é doce, porque é Cristo, a morte é
doce, porque é mais de Cristo.
a) Viver é continuar a frutificar na obra do Senhor, aqui. 1) Se Paulo é
absolvido para que sua vida se prolongue aqui na terra, significaria fruto:
almas conquistadas para a eternidade através do prolongamento de seu
ministério, a edificação dos crentes, o estabelecimento de igrejas, etc. A
perspectiva é maravilhosa. Paulo sabe que, se fosse absolvido e posto em
liberdade, aproveitaria a oportunidade para proclamar o evangelho por toda
parte. E ainda mais: ele sabe que seu trabalho não será em vão. 2) O valor de sua permanência na vida reside
principalmente em ele estar com os seus irmãos e promover o seu bem-estar
espiritual.
b) Morrer é estar na presença imediata do Senhor, lá. Paulo
depois de afirmar que morrer é lucro, agora, afirma que ele prefere a morte à
vida. No versículo 23 Paulo nos fala sobre três aspectos importantes da morte
do cristão: 1) A
natureza da morte. Paulo fala da morte como uma partida. Ralph
Martin diz que essa palavra “partir” não deve ser interpretada como um anseio
por imortalidade, a qual os gregos procuravam atingir mediante o derramamento
do corpo físico, permitindo, assim, que o espírito escapasse de sua prisão.
Essa palavra grega analyein é muito sugestiva. Ela tem um rico significado. a)
Primeiro, ela significa
ficar livre de um fardo. Esse era um termo usado pelos
agricultores para se referir ao ato de remover o jugo dos bois. Paulo havia levado
o jugo de Cristo, que era suave (Mt 11.28-30), mas também havia carregado
inúmeros fardos em seu ministério (1Co 11.22-12.10). Partir e estar com Cristo
significa colocar de lado todos os fardos, pois seu trabalho na terra estaria
consumado. A morte é o alívio de toda fadiga (Ap 14.13). A morte é descanso (Hb
4.9). A morte é entrar na posse do reino e no gozo do Senhor (Mt 25.34). b) Segundo, ela
significa levantar acampamento. A ideia
central aqui é de desatar as cordas da tenda, remover as estacas e prosseguir a
marcha. A morte é colocar-se em marcha. Cada dia desta marcha é uma jornada que
se aproxima mais do nosso lar. Até que enfim se levanta pela última vez o
acampamento neste mundo e se transfere para a residência permanente na glória.
A tenda em que vivemos é desarmada pela morte. A morte é uma mudança de
endereço. Deixamos uma tenda frágil e mudamos para uma casa feita não por mãos,
eterna no céu (2Co 5.1). Deixamos um corpo de humilhação e nos revestimos de um
corpo de glória (3.21). Deixamos este mundo onde passamos por aflição e
entramos na Casa do Pai, onde Deus enxugará dos nossos olhos toda lágrima. c) Terceiro, ela
significa desatar as amarras do bote, levantar as âncoras e lançar-se ao mar.
Morrer é empreender essa viagem para o porto eterno e para a Deus, diz William
Barclay. A morte é uma viagem rumo à eternidade. É uma jornada para a casa do
Pai, para o paraíso, para o seio de Abraão, para a Jerusalém celeste. 2) A bênção da morte. Paulo
diz que morrer é partir para estar não no purgatório, nem no túmulo, ou em
sucessivas reencarnações, mas estar
em
Cristo. Morrer é deixar o corpo e habitar imediatamente com o Senhor (2Co 5.8).
Morrer não é partir para o além desconhecido, mas partir para estar com Cristo
no céu. A morte não é uma viagem rumo às trevas, ao desconhecido ou ao tormento
ou à solidão. A morte é uma partida para estar com Cristo, para se ter íntima,
perfeita e eterna comunhão com ele.
3)
A
superioridade da morte. Paulo diz que morrer
é estar com Cristo, o que é incomparavelmente melhor. O advérbio triplo em
grego (literalmente: “antes muito melhor”) significa “sem comparação, o
melhor”, isto é, um superlativo super-enfático. O céu é melhor. A glorificação
é melhor. Estar com Cristo com um corpo de glória é melhor. Ver a Jesus glorificado
e desfrutar da sua companhia eternamente é melhor. Estar na casa do Pai, onde
não tem mais dor, nem lágrima nem luto é melhor.
2) O aperto de Paulo (v. 23)
A
palavra que Paulo usa, senecomai, é a que se aplicaria a um viajante que
está num desfiladeiro estreito e rochoso com um muro de rocha de um lado e do
outro, impossibilitado de se desviar do caminho e tendo como única alternativa
a de seguir adiante. No que respeita a si mesmo, teria desejado partir para
estar com Cristo; desejaria permanecer nesta vida somente por seus amigos e o
que pudesse significar para eles. Vejamos
o que são essas paredes.
Permanecer aqui
|
Partir para estar com Cristo
|
Aqui:
|
Lá
|
a. Uma residência
temporária. Um mero acampamento
|
Uma
habitação permanente
|
b. Um misto de
sofrimento e alegria
|
Alegria
sem sombra de sofrimento
|
c. Sofrimento por
pouco tempo
|
Alegria
eterna
|
d. Estar ausente do
Senhor
|
Habitar
com o Senhor
|
e. A luta constante
|
A
festa perene
|
f. O domínio do pecado
|
O domínio da plena
isenção do pecado, santidade positiva
|
|
|
3) A submissão de Paulo (v. 22)
O
ponto de Paulo parece ser que ele ainda não decidiu qual escolher, porque o
Senhor ainda não tinha dado a conhecer a ele qual escolher. Porque ele não
tinha certeza da vontade do Senhor sobre o assunto, ele não tinha certeza de
sua decisão.
III. A decisão (v. 25)
Visto
que o apóstolo está convencido disso, isto é, do que acaba de escrever,
de que o prolongamento de sua breve vida seria sinônimo de frutos resultantes do
trabalho, e de que tal trabalho seria importante para a igreja filipense, ele
considera que é muitíssimo provável que permaneça na terra por mais algum
tempo. Ele diz: “Estou certo de que ... permanecerei com todos vocês.” Este todos
vocês certamente inclui outros crentes além dos filipenses. Mas, o que
mudou?
A questão é, pois, se sua perspectiva mudou, no versículo
25, de modo que ele contempla, agora, a probabilidade da sobrevivência, após o
processo, e o retorno a Filipos (v.26). Muitas suposições têm sido levantadas,
para explicar esta hipotética mudança de perspectiva. Teria sido numa
iluminação profética que Deus lhe concedeu, de que a sentença do tribunal lhe
seria favorável? Ter-lhe-iam chegado notícias de que os juízes haviam decidido
a seu favor? Ou possivelmente, a convicção de Paulo fortaleceu-se pela
meditação nos propósitos de Deus, nos eventos de sua recente exposição ao
risco? Não podemos responder a estas perguntas com algum grau de certeza.
Talvez, depois de tudo, a confiança de Paulo se relacionava estritamente ao seu
sentido de responsabilidade pastoral, e está considerando sua própria convicção
“baseado em seu senso das necessidades dos filipenses, quanto ao apóstolo”.
IV. Os resultados (v. 25,26)
1) Progresso e alegria na fé. Esse progresso
significa crescimento em amor (Fp 1.9), em conhecimento (1.9), em fertilidade
(1.11) e em obediência (2.12). Por que o progresso dos crentes é importante?
Porque não progredir significa regredir. Espiritualmente, permanecer
em estado estático é impossível. E a
regressão produz depressão (desalento).
Por outro lado, progresso é sinônimo
de felicidade, de gozo indizível e de glória sem fim. Portanto, Paulo
mantém nitidamente unidos esses dois conceitos, e escreve que espera permanecer
com seus amigos na terra para seu progresso
e gozo na fé.
2) Exultação em Cristo por Paulo. Também se gloriariam
no Senhor por suas ternas misericórdias derramadas sobre Paulo, louvando-o especialmente
por lhes haver trazido novamente seu querido amigo. Note que a palavra novamente
implica que o apóstolo estivera em Filipos anteriormente (durante a segunda
viagem missionária, At 16.11-14; durante a terceira, indo, 2Co 8.1-5; durante a
terceira, voltando, At 20.5).
Aplicação
1. A
vida é doce, porque é Cristo, a morte é doce, porque é mais de Cristo.
2. O que Cristo é para mim? Cristo,
a origem da nossa vida. A essência da nossa vida. O modelo da nossa vida. O
objetivo da nossa vida. O consolo da nossa vida. A recompensa da nossa vida.
3. Devemos ter cuidado com
as doutrinas erras sobre a morte. 1) Reencarnação. 2) Aniquilamento. 3) Sono da
alma.
4. Se cremos em Jesus Cristo
a morte é para nós união e reunião: união com Cristo e reunião
com aqueles que amamos e dos quais nos tínhamos separado.
Bibliografia Consultada
Lopes, Hernandes
Dias. Filipenses: a alegria
triunfante no meio das provas. São
Paulo: Hagnos, 2007.
Martin, Ralph P. Filipenses, introdução e comentário.
São Paulo: Edições Vida Nova, 2011.
MacArthur, John. Philippians.
CHICAGO: MOODY PRESS, 2001. (Edição
eletrônica)
Bruce, F.F. Filipenses.
São Paulo: Editora Vida, 1992.
Wiersbe,
Warren W. Comentário Bíblico
Expositivo: Novo Testamento (Vol. II). Santo André: Geográfica
editora, 2006.
CHAMPLIN,
R.N. O Novo Testamento Interpretado versículo por Versículo (vol.
V). São Paulo: Candeia, 1998.
Henry’s, Matthew. Comentário Bíblico do Novo Testamento: Atos a Apocalipse. Rio de
Janeiro: CPAD, 2008.
Hendriksen, William. Efésios e
Filipenses: Comentário do Novo
Testamento. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1992.
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