segunda-feira, 20 de junho de 2016

E se foi sem deixar de si saudades


“Era Jeorão da idade de trinta e dois anos quando começou a reinar e reinou oito anos em Jerusalém” (2Cr 21.5).

Jeorão era o filho mais velho do grande rei Josafá e neto de Asa. Embora teve outros irmãos, por ser o primogênito, foi o herdeiro do trono. Começou a reinar com trinta e dois anos e reinou oito anos. De todos os reis de Judá, nenhum teve um fim tão trágico. Não houve lágrimas em seu funeral nem saudade depois de sua morte. Na lápide de seu túmulo, poderia ter sido escrito: “E se foi sem deixar de si saudades” (2Cr 21.20). Jeorão fez muitas escolhas erradas na vida. Essas escolhas transformaram-no num monstro e numa ameaça à sua família e à sua nação. Vejamos:

1. Jeorão deixou de seguir o exemplo de seu pai (2Cr 21.1-5). Josafá, seu pai, foi um rei piedoso. Conheceu a Deus e fê-lo conhecido. Experimentou o livramento de Deus e levou sua nação a pôr sua confiança em Deus. Porém, Jeorão mesmo sendo o filho mais velho, não andou nas mesmas pegadas de seu pai. Era de diferente estofo. Por causa de suas loucuras, transtornou sua vida, sua família e sua nação.

2. Jeorão deixou de buscar a direção de Deus para o seu casamento (2Cr 21.6). Jeorão era genro de Acabe. Sua sogra era Jezabel. Foi buscar uma esposa na pior família do reino do Norte. Esse casamento longe de incentivá-lo a andar com Deus, induziu-o a fazer o que era mau perante o Senhor. Um casamento errado é fonte de muitos desgostos, causa de muita dor, palco de muitas tragédias. O casamento de Jeorão matriculou-o na infame escola da idolatria. Depois de sua morte, essa mulher, chamada Atalia, continuou aconselhando Acazias, o próximo rei, a proceder iniquamente (2Cr 22.3). Mais tarde, tentou usurpar o próprio trono.

3. Jeorão deixou de confiar em Deus para sustentar seu governo (2Cr 21.4). Ao assumir o trono, tendo-se fortalecido, matou todos os seus irmãos à espada, bem como alguns príncipes de Judá. Essa truculência desumana foi o resultado de sua insegurança. O medo de perder o poder, fê-lo destruir seus possíveis concorrentes. Sua gana pelo prestígio megalomaníaco induziu-o a matar até mesmo os membros de sua família. Tornou-se um homem perverso, sem amor natural, sem temor a Deus, sem respeito à vida.

4. Jeorão deixou de servir ao Deus vivo para promover a idolatria em sua nação (2Cr 21.11-13). Em vez de imitar seu pai Josafá, homem piedoso, imitou Acabe, seu sogro, homem idólatra e perverso. Em vez de promover a religião verdadeira em seu reino, disseminou em Jerusalém a idolatria e fez errar o reino de Judá. Ele liderou sua nação para longe de Deus. Foi um líder nocivo à sua família e ao seu povo. Ele induziu sua nação a afastar-se de Deus.

5. Jeorão atraiu maldição sobre sua cabeça, sobre sua família e sobre sua nação (2Cr 21.14-17).Porque Jeorão abandonou os caminhos de seu pai e de seu avô para seguir os perversos caminhos de Acabe, Deus trouxe grandes flagelos sobre seu povo, seus filhos, suas mulheres e todas as suas possessões. O pecado atrai o juízo divino. O pecado é o filho maldito da cobiça. Seu salário é a morte.

6. Jeorão colheu o que plantou, pois foi atacado por uma doença assombrosa e incurável (2Cr 21.18,19). Jeorão zombou da graça de Deus, escarneceu de sua bondade e encheu Jerusalém de abominável idolatria. Porque ele virou as costas para Deus, foi ferido por uma enfermidade que lhe trouxe terríveis sofrimentos e morte humilhante. Saíram-lhe as entranhas e morreu com terríveis agonias.

7. Jeorão viveu para fazer o mal e morreu sem deixar de si saudades (2Cr 21.19b,20). Depois de dois anos de atroz sofrimento, Jeorão morreu. Sua morte, entretanto, não produziu lágrimas nos seus súditos, mas alívio. O seu povo não lhe queimou aromas nem lhe prestou homenagens. Ele se foi sem deixar de si saudades. Sua vida foi um fracasso, sua morte foi uma tragédia e seu legado foi um pesadelo. Oh, que triste história, de um homem que perdeu as melhores oportunidades da vida e morreu sem se voltar para Deus. E você, o que tem feito de suas oportunidades? Como tem sido suas escolhas?

sexta-feira, 10 de junho de 2016

O corajoso plano de Bitia

Por Daniel Santos

Embora em sua primeira aparição nas Escrituras ela tenha permanecido anônima, Bitia foi uma importante personagem na história de Israel, num momento quando poucos tinham o interesse ou a coragem de demonstrar compaixão pelo povo de Deus. Bitia é o nome da filha de faraó que encontrou o cesto com o menino Moisés na margem do rio Nilo. Seu nome aparece em uma das genealogias no primeiro livro das Crônicas (1 Cr 4.17), que também nos informa que ela se casou com o israelita Merede posteriormente. Uma comparação entre a genealogia de Moisés e essa de Crônicas nos mostra que, de fato, essa filha de faraó foi a mesma acolheu o menino Moisés. No relato que temos da principal contribuição de Bitia para o povo de Israel (Êx 2.5-10), há três atitudes marcantes que se destacam: seu envolvimento, sua corajosa compaixão e seu programa social.

1. Seu envolvimento.

Sendo a filha do faraó, Bitia poderia muito bem ter se mantido isolada de toda a convulsão social que acontecia em seu país, causada pela decisão de seu pai de mandar matar todos os bebês do sexo masculino, nascidos naqueles dias. Segundo lemos em Êxodo 1.22, a ordem era um tipo de convocação geral: “Então, ordenou Faraó a todo o seu povo, dizendo: A todos os filhos que nascerem aos hebreus lançareis no Nilo, mas a todas as filhas deixareis viver”. Há duas coisas cruciais para observarmos aqui. Primeiro, a ordem foi dada ao seu povo, ou seja, ao povo egípcio. Por quê? Por causa da “ineficiência” das duas parteiras hebreias, que receberam ordem para matar os meninos hebreus. Segundo a explicação dada por elas, as mulheres hebreias eram mais robustas e nem aguardavam as parteiras para dar à luz seus filhos; quando chegavam, já tinham nascido. Assim sendo, faraó resolveu convocar todo o seu povo para fazer o que as duas parteiras não estavam dando conta sozinhas.

O que isso tem a ver com o “envolvimento” de Bitia com os problemas sociais? Ora, a filha de faraó não precisava ir tomar banho no rio Nilo; aliás, isso era até desaconselhável num momento como aquele. Imagine as mães hebreias cujos filhos tinham sido mortos, encontrando a filha do faraó assassino num local público, tendo, como guarda-costas, somente um grupo de donzelas? Também, é muito pouco provável que o palácio estivesse passando por algum tipo de racionamento de água.

A saída de Bitia para banhar-se no rio deve ser entendida como um pretexto, pois, tendo as condições perfeitas para banho no palácio, ela resolveu se deslocar até onde os bebês dos hebreus estavam sendo jogados. À luz do que lemos em Êxodo 1.22, as margens do rio, naqueles dias, era um local de lamento e choro para as mães hebreias, e a presença de uma representante da família real ali só acirraria os ânimos. Assim sendo, eu entendo a ida de Bitia ao rio como uma decisão firme e resoluta de não se esconder atrás das atrocidades causadas pelo seu pai. Ela saiu de sua zona de conforto e quis ver de perto a gravidade daquilo que estava acontecendo. Mesmo que a Bíblia não afirme explicitamente ter sido esse o motivo para ela ir ao rio, sua reação imediata, ao ver o menino Moisés, demonstra seu distanciamento da postura do seu pai.
2. Sua corajosa compaixão.

O relato de Êxodo descreve a reação de Bitia, ao encontrar o cesto, nos seguintes termos:“Abrindo-o, viu a criança; e eis que o menino chorava. Teve compaixão dele e disse: Este é menino dos hebreus” (Êx 2.6). Alguém poderia argumentar que ela teve compaixão porque o menino chorava. Mas, se esse fosse o caso, porque a sua primeira fala ao abrir o cesto foi “este é menino dos hebreus”? Há tantas coisas que poderiam ser ditas por uma mulher que acabara de encontrar uma criança abandonada no rio, por que Bitia resolveu dizer isso? A sua frase continha todos os elementos de que um cidadão egípcio precisava para jogar o menino de volta ao rio, sem remorso, pois estaria cumprindo as ordens do rei. Felizmente, antes de Bitia dizer qualquer coisa, ela teve compaixão dele. Ter compaixão e poupar o menino foi um ato de muita coragem, pois certamente essa notícia chegaria ao conhecimento do seu pai, do mesmo modo que a notícia de que Moisés matara um egípcio e escondera na areia chegou ao conhecimento de faraó. Rompendo com todas essas amarras e prováveis consequências, Bitia demonstra compaixão e, ao fazê-lo, nos ensina que até para demonstrar compaixão é preciso de coragem. Esse sentimento não é próprio dos covardes, nem daqueles que convenientemente se isolam do mundo ao seu redor.
3. Seu programa social

Após ter encontrado o menino Moisés e ter tido a coragem de poupá-lo, Bitia poderia ter encerrado por ali o seu envolvimento com ele. Ela poderia, por exemplo, ter respondido à proposta de Miriã (de trazer uma mãe hebreia para amamentá-lo) com as seguintes palavras: “Aqui está! Leve este menino e encontre uma mãe hebreia que possa adotá-lo ou criá-lo”. Se ela tivesse feito isso, já seria um grande gesto de compaixão, pois teria poupado a vida do menino Moisés. Todavia, Bitia resolveu se envolver de corpo e alma com aquele menino em três aspectos:

Primeiro, ela aceita a proposta de Miriã que, diga-se de passagem, era muito arriscada; Bitia poderia nunca mais ver nem a sombra daquela criança. Havia certamente mães egípcias que poderiam amamentar o menino, se não por compaixão, pelo salário que ela pagaria, mas ela decidiu estabelecer um envolvimento duradouro que tivesse um impacto na sua sociedade. Ao aceitar a proposta de Miriã, Bitia estava dizendo, alto e bom som, que não se sujeitaria às leis do seu país que promoviam a matança de crianças. Além disso, ela reconheceu e apoiou o direito das mães hebreias de criar seus próprios filhos. Sua atitude dizia: “Se meu pai decretou leis que legalizam a tortura das mães hebreias, fazendo-as enjeitar seus filhos (cf. At 7.19), eis aqui o meu programa social: eu quero incentivar a compaixão e quero criar o ‘bolsa amamentação’ para mulheres que, além de leite, tenham compaixão e coragem para oferecer”.

Segundo, ela investiu no futuro daquele menino. Ao aceitar adotá-lo, Bitia criou condições para que o menino Moisés se beneficiasse de privilégios que somente um egípcio teria naqueles dias, proporcionando saúde, educação e segurança palacianas. É verdade que Moisés iria abandonar tudo isso posteriormente, mas o gesto de Bitia entrou para a história.

Terceiro, ela imputou ao menino a esperança do seu próprio povo, quando lhe colocou o nome “Moisés”. Se o menino foi levado de volta ao palácio quando já era “grande” (cf. 2.10), é provável que tivesse outro nome mais comum entre os filhos dos hebreus. O nome que Bitia escolheu era um título que foi pela primeira vez utilizado para o faraó que conseguiu libertar o Egito da ocupação estrangeira; seu nome era “Amoses”. Depois dele, vieram outros que também usaram parte desse nome em seus títulos, como o Tutmoses. Ao chamar o menino de “Mosis” (ou “Moisés”), Bitia colocou nele sua esperança simbólica de que não seria pela opressão nem ela chacina que sua sociedade prevaleceria, mas pela compaixão, envolvimento e investimento.

Para Bitia não importava se Moisés fosse ou não permanecer na sociedade egípcia. Ela estava fazendo um investimento para a humanidade em seus dias. O mundo, em seus dias, precisava de voltar a valorizar a vida humana, independentemente da nacionalidade.

Se a justificativa das parteiras foi de que as mulheres hebreias eram mais vigorosas que as egípcias para dar à luz seus filhos (cf. Êx 1.19), mulheres egípcias, como Bitia, não ficavam para trás em sua coragem para sair da zona de conforto e pagar o preço da compaixão.

terça-feira, 7 de junho de 2016

Cuide da vida do seu próximo


“Não matarás” (Ex 20.13)

O Decálogo é o código de ética que deve reger a sociedade. Sobretudo, nós, povo de Deus, temos o compromisso de observar esse preceito divino. Depois de falar de nosso compromisso com Deus, a ênfase recai, agora, em nosso relacionamento com o próximo. E dentre os compromissos que temos com o próximo, o primeiro deles é respeitar sua vida e preservá-la. A vida é um dom de Deus e somente Deus tem autoridade para dar a vida e direito de tirar a vida. Ceifar a vida do próximo é uma quebra do sexto mandamento. Portanto, em vez de destruir o próximo, precisamos cuidar dele. Somos guardiões do próximo e não homicidas.

De que maneira, uma pessoa pode matar a outra? Não apenas quando se insurge contra ela para tirar-lhe a vida, mas, também, atentando contra o seu nome e a sua honra. Destacaremos, aqui, três pontos:

1. Mata-se o próximo quando se alimenta ódio por ele. A Escritura diz: “Todo aquele que odeia a seu irmão é assassino…” (1Jo 3.15). O ódio é um sentimento avassalador e destruidor contra o próximo que se aninha no coração. Esse sentimento é hostil e se alimenta de um perverso desejo de que seu desafeto seja destruído. O ódio é o prelúdio do assassinato. É a motivação que leva o homicida a tirar a vida do próximo. Mesmo que esse sentimento fique sob o manto do anonimato, e mesmo que, aquele que o alimenta jamais consuma o seu desejo, aos olhos de Deus, que vê o coração e conhece as motivações, aquele que odeia a seu irmão é assassino. Deus julga não apenas o ato, mas, também, sua intenção. Julga não apenas a ação, mas, também, a motivação. O ódio destrói tanto aquele que o nutre como aquele a quem é endereçado. O ódio é duplamente mortal.

2. Mata-se o próximo quando se fala mal dele. A palavra de Deus afirma: “A morte e a vida estão no poder da língua; o que bem a utiliza come do seu fruto” (Pv 18.21). A língua é como uma espada afiada que fere a honra, destrói o nome e mata a reputação das pessoas. Podemos ser um bálsamo de vida para o nosso próximo ou um agente de morte, dependendo da maneira como lidamos com a nossa língua. A língua é como um veneno letal e como uma fagulha que incendeia uma floresta. A maledicência é uma arma destruidora que produz imensa devastação. Por isso, o pecado que Deus mais abomina é semear contenda entre os irmãos. Falar mal dos irmãos é transgredir a lei. Ferir os irmãos com a língua é matar sua honra e conspirar contra sua reputação. Matar o nome de uma pessoa é um assassinato moral.

3. Mata-se o próximo quando se tira a vida dele. O mandamento da lei de Deus é categórico e insofismável: “Não matarás” (Ex 20.13). Matar o próximo é tirar sua vida em vez de protegê-la. É ser algoz em vez de ser guardião. É tirar do outro o que não se pode devolver a ele. É usurpar do próximo seu bem mais precioso, a própria vida. O assassinato é a ação máxima contra o próximo. É a consumação do ódio. É a rebelião contra Deus, o autor da vida e, a usurpação do direito exclusivo de Deus de dar e tirar a vida. Os homicidas são transgressores da lei. Eles não têm a vida eterna permanente em si. Eles não herdam o reino de Deus. A menos que se arrependam, jamais poderão ser salvos. Como você tem lidado com o sexto mandamento da lei de Deus? Você tem cuidado do seu próximo ou tem atentado contra ele? Você é um protetor ou um algoz?

Rev. Hernandes Dias Lopes

COMO ERAM AS MANIFESTAÇÕES DO ESPÍRITO SANTO NO ANTIGO E NO NOVO TESTAMENTO?

O Evangelho de João relata uma passagem da vida de Jesus que leva algumas pessoas a entender que o Espírito Santo não agia entre o povo d...